Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

22/06/2010 - 10:59

Mercado Financeiro: Perspectivas da Semana, por Banco Schahin

De acordo om o economista-chefe do Banco Schahin., Silvio Campos Neto , a última semana apresentou continuidade do momento positivo nos mercados, com redução adicional na aversão a risco e reflexos favoráveis nos preços dos ativos, como ações e commodities. Neste contexto, o euro recuperou parte das perdas recentes, permitindo a valorização de outras moedas (como o real) ante o dólar. Sinais de alguma normalização nos mercados de capitais, com a colocação de papéis por países que estão no foco de problemas fiscais (Espanha, Irlanda), foram cruciais para manter o ambiente mais ameno entre os investidores.

Esta semana se abre com um fato novo no contexto internacional, que reforça a percepção mais positiva. No sábado, o Banco da China anunciou que serão tomadas medidas adicionais para aumentar a flexibilidade da taxa de câmbio, criando a expectativa que, após 2 anos de congelamento em 6,82 por dólar, o yuan poderá sofrer alguma valorização. Evidentemente, como afirmou ontem o próprio BC do país, a flexibilização não será ampla nem rápida. Ainda assim, a sinalização de alguma mudança já é um grande passo.

Tal movimentação da China também pode ter um caráter político, dado que foi tomada às vésperas da realização da reunião do G-20, no próximo final de semana no Canadá. Diante das crescentes pressões internacionais (principalmente dos EUA) para a valorização da moeda chinesa, este anúncio pode evitar que o assunto concentre o foco das críticas durante o encontro. Para o Brasil, o reflexo poderia se dar através dos efeitos benignos sobre os preços de commodities, resultando em um reforço da tendência de apreciação do real.

No âmbito econômico, o cenário externo ainda traz alguns aspectos de cautela. Os índices de confiança da Europa já mostram a deterioração das perspectivas em meio ao agravamento da crise das dívidas, conforme apontado pelo índice ZEW da Alemanha na última semana. Nos EUA, enquanto o setor industrial segue em recuperação mais sólida, as construções de imóveis voltaram a perder embalo e a inflação permanece reduzida. Sob este cenário, o Federal Reserve se reúne nesta semana, devendo confirmar que a política monetária seguirá frouxa por mais um bom período.

No Brasil, a queda das vendas no varejo em abril não representa reversão de tendência de forte crescimento do consumo, sendo apenas uma acomodação após uma seqüência de altas. Diante disso, a ata do Copom não sinalizou qualquer alteração no curto prazo no aperto monetário, de modo que um novo ajuste de 0,75 pp. na reunião de julho é praticamente certo.

A agenda da semana é forte em indicadores importantes. Nos EUA, além da reunião do FOMC, serão divulgados dados sobre vendas de imóveis e pedidos de bens duráveis. Na Europa, saem os números parciais da pesquisa PMI de atividade de junho. No Brasil, destaque para dados do mercado de trabalho, contas externas e inflação (IPCA-15).

Nos mercados, predomina o embalo positivo neste início de semana, mas a agenda carregada e os ganhos recentes acumulados podem gerar oscilações e pequenos movimentos de realização. Todavia, o ambiente está mais propício para a tomada de risco.

Para Ficar Atento – Drivers da Semana, diz o executivo: ·Mercado de Trabalho – BRA: Dados de criação de vagas em maio (Caged) e da taxa de desemprego do IBGE devem manter a sinalização de forte aquecimento do mercado de trabalho no país. O desemprego pode ter alcançado nova mínima histórica.

·Contas Externas – BRA: Na terça-feira o BC anuncia a nota do setor externo de maio, com os números do balanço de pagamentos do país no período. O déficit em transações correntes segue em trajetória de expansão, enquanto os investimentos diretos estão abaixo do esperado. São situações que podem limitar a apreciação cambial.

· Inflação – BRA: O IPCA-15 de junho deverá mostrar nova desaceleração na inflação oficial, diante da reversão dos preços dos alimentos. Os núcleos, entretanto, ainda permanecerão em patamares acima dos desejáveis, indicando que o cenário inflacionário ainda requer atenção. Os semanais (IPC-S e Fipe) permanecerão com variações próximas de zero.

. Reunião do FOMC – EUA: Sem perspectivas de alterações na política monetária, ficam as expectativas para o comunicado, que sai ao término da reunião. Cabe confirmar a provável manutenção da frase “os juros permanecerão baixos por um longo período”, além da percepção sobre o estado atual da economia e a presença de alguma citação de efeitos da crise européia sobre o país.

· Setor imobiliário – EUA: Com o fim dos incentivos tributários, as vendas de imóveis novos devem ter caído em maio, após ganhos recentes. Entre as casas existentes, a perspectiva é de continuidade da expansão das vendas.

·Atividade – EUA: Também com potenciais efeitos sobre os mercados, a semana traz dados de pedidos de bens duráveis, Fed Richmond e revisão do PIB do 1º trimestre.

·Atividade – Europa: As prévias de junho dos índices de atividade PMI da Zona do Euro saem na quarta-feira, e já podem refletir um aumento do pessimismo diante da piora recente das perspectivas para a região.

Varejo mostra recuo em abril, ata do Copom indica que aperto prossegue: Após um longo período de expansão, as vendas no varejo voltaram a apresentar queda na margem em abril, embora o ritmo anual siga vigoroso. Com emprego e renda ainda em expansão, é de se esperar que o consumo mantenha uma trajetória firme. Neste contexto, a ata do Copom sinalizou que os juros devem voltar a subir 0,75 pp. em julho.

A pesquisa mensal do comércio do IBGE mostrou recuo de 3,0% das vendas no varejo em abril (ante março), apenas a segunda queda na margem observada nos últimos 18 meses. Diante do forte crescimento ocorrido nos meses anteriores, a média móvel trimestral ainda apresentou expansão em abril (0,17%), mas esta foi a mais baixa desde janeiro de 2009.

Por outro lado, na comparação com o mesmo mês de 2009, o crescimento do volume de vendas ainda se manteve expressivo (9,1%), embora também tenha desacelerado em relação ao ritmo médio registrado ao longo do primeiro trimestre (12,7%).

Dentre as categorias pesquisadas, a maior queda na margem foi observada em veículos e motos, partes e peças (-11,7%), que faz parte do comércio ampliado, e cujo recuo foi condicionado pelo fim do IPI reduzido em abril.

O resultado de abril não representa uma mudança de tendência do consumo no país, significando mais uma acomodação após alguns meses de crescimento muito acelerado. Além disso, é sempre importante considerar que resultados na margem são naturalmente voláteis. Para os próximos meses, a perspectiva é de retorno de variações positivas, embora o ritmo tenda a se moderar gradativamente.

O impulso ao consumo seguirá advindo da combinação benigna de crédito, emprego e renda. O mercado de trabalho continua aquecido, levando à expansão da massa salarial real, o que tem sido o principal fator de sustentação do consumo. Isto será potencialmente ampliado no segundo semestre, com os dissídios em várias categorias profissionais representativas, como comerciários, bancários e metalúrgicos. Os trabalhadores da construção civil já obtiveram recentemente 8% de reajuste (ganho real de 2,4%), em vigor desde 01/maio.

Este cenário de otimismo dos consumidores é confirmado pelas pesquisas de confiança. Segundo a Fecomércio-SP, o ICC subiu para 158,9 pontos em junho, segundo maior nível histórico do indicador, 18% acima do observado no mesmo mês de 2009. Ou seja, é possível vislumbrar a manutenção do ciclo emprego/renda => confiança dos consumidores => vendas no varejo.

Neste contexto, a ata do Copom reiterou que “permaneceram elevados os riscos à concretização de um cenário inflacionário benigno”, e que tais riscos “se circunscrevem essencialmente ao âmbito interno”, com o descompasso entre demanda e oferta e esgotamento da ociosidade dos fatores de produção.

Para o BC, as perspectivas para a evolução da atividade econômica doméstica continuam favoráveis, com robustez da demanda e vigor do mercado de trabalho. Como contrapontos, o BC citou a reversão dos estímulos concedidos durante a crise, a mudança de postura da política monetária e o agravamento da crise na Europa, fatores que poderão contribuir para alguma desaceleração do ritmo de crescimento da demanda.

De todo modo, considerando a força da atividade e a ausência de sinais na ata de alteração nos rumos atuais da política monetária, esperamos uma nova elevação de 0,75 pp. da Selic na reunião de julho (dia 21). Até o final do ano, projetamos 75 pontos-base adicionais, o que levaria a taxa básica ao patamar de 11,75%.

Índices de Inflação e Expectativas Futuras - A tendência de recuo da inflação se intensificou nos IPCs semanais, refletindo mais fortemente a baixa dos preços dos alimentos. Os IGPs, por sua vez, também apontam para uma trajetória de desaceleração, conforme o impacto do minério de ferro perde força, embora as variações permaneçam elevadas.

Os índices semanais já se encontram em torno de zero, diante do recuo dos alimentos. No atacado, o aumento do minério de ferro vai reduzindo o impacto, permitindo a desaceleração dos IGPs.

No 2º levantamento de junho, o IPC-S registrou deflação de 0,04%, fato que não ocorria desde a 4º semana de setembro/08. O recuo de 1,05% observado no grupo alimentação permitiu a variação negativa do índice, ajudado também pela baixa de 0,13% no grupo transportes. Por outro lado, os itens de vestuário seguem com elevação mais forte (1,12%), reflexo do consumo forte e de alterações climáticas em parte das capitais, embora em desaceleração.

No caso da Fipe, a trajetória é muito semelhante, com a pequena variação quadrissemanal de 0,03% - mais baixa desde novembro/07.

O comportamento destes índices no curto prazo seguirá condicionado aos preços dos alimentos, de modo que enquanto durar a deflação intensa destes, as variações dos índices tendem a se manter em torno de zero.

A segunda prévia do IGP-M de junho surpreendeu, ao registrar alta abaixo das expectativas. Apesar de elevada, a variação de 1,06% foi bem inferior à apontada pela primeira prévia do mês (2,25%). O principal causador destes dois aspectos (patamar ainda elevado e desaceleração forte) continua sendo o minério de ferro, cuja elevação dos preços se reduziu de 75% na 1º prévia para 35% nesta 2º prévia.

Outro fator de pressão aos IGPs tem sido o INCC, que subiu 2,09% neste levantamento, puxado pela elevação de 3,21% na mão-de-obra do setor da construção.

Para esta semana, a agenda traz a terceira leitura dos semanais e o IPCA-15, que deve ter desacelerado para 0,21%.

Expectativas Futuras: Não houve alterações nas medianas das projeções para o IPCA em 2010 e 2011 na última semana, que permaneceram em 5,61% e 4,80% respectivamente. As informações são Boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira.

Economia Internacional - Os números confirmam o bom desempenho da indústria do país, sendo o setor que apresenta a evolução mais positiva nos meses recentes. No segmento imobiliário, o fim da redução de impostos arrefeceu a recuperação do setor. A inflação segue tranqüila, sugerindo que o Federal Reserve deverá manter a política monetária frouxa por mais um bom período.

Estados Unidos: Os indicadores recentes continuaram mostrando alguns sinais controversos em termos de atividade econômica nos EUA, com inflação bem contida por sua vez.

O setor de construções imobiliárias fraquejou em maio, com recuo na margem das obras iniciadas (10%) e das permissões para novas obras (%). Parte do desempenho negativo recente pode estar associado ao fim dos incentivos tributários para a aquisição do primeiro imóvel, expirados em abril. Considerando a base frágil de maio de 2009, houve crescimento de 7,8% e 4,4% respectivamente.

Apesar de algumas oscilações na margem, estes dois indicadores não têm mostrado uma trajetória definida nos últimos meses. Em suma, após a queda ocorrida entre 2007 e o início de 2009, e a recuperação a partir do 2º semestre do ano passado, há uma aparente acomodação do setor no período mais recente.

No setor industrial, houve crescimento de 1,2% da produção em maio (ante abril), representando um aumento de 7,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado – maior taxa de crescimento anual em cerca de 12 anos. O índice da produção industrial atingiu, em maio, patamar semelhante ao observado em novembro de 2008, embora ainda esteja bem abaixo dos picos atingidos no pré-crise.

Neste ambiente de atividade ainda em recuperação instável, a inflação segue sob controle. O CPI teve deflação de 0,16% em maio, enquanto o núcleo do indicador subiu apenas 0,12%. No acumulado de 12 meses, o índice cheio registra 2% e o núcleo, 0,94%.

Nesta semana o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve se reúne, sem perspectiva de alteração da política monetária, em meio ao cenário apontado acima – atividade modesta e inflação bem comportada. De todo modo, o conteúdo do statement pós-reunião será avaliado com atenção pelos analistas.

Além do FOMC, a agenda da semana traz números do setor imobiliário (vendas de imóveis), pedidos de bens duráveis, revisão do PIB do 1º trimestre e índice do Fed Richmond.

.Principais Variáveis Econômicas:

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira