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26/06/2010 - 07:01

Indústria do cimento pronta para os novos desafios do Brasil


José Otávio Carvalho, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC)

A expectativa é que feche o ano de 2010 com alta de 12%, crescimento de 3% sobre 2009, graças a investimentos em programas habitacionais e as iniciativas, ainda que tímidas, nas obras que priorizam a infraestrutura o que impacta diretamente no consumo e que cria expectativas na indústria do cimento.

Em encontro do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) no dia 22 de junho, diretores das entidades e representante do Ministério da Ciência e Tecnologia deram um panorama do mercado brasileiro, suas potencialidades, crescimento e sustentabilidade.

Este ano a indústria do cimento prevê uma produção de 58 milhões de toneladas, saindo da nova para a quarta posição em consumo interno, mas ainda atrás da China, Índia, Tailândia, Estados Unidos, Rússia, na América do Sul fica atrás da Argentina, “o consumo per capta de cimento no Brasil está nos 270 quilos, na China o consumo chega a ser superior a uma tonelada”, lembra o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), José Otávio Carvalho.

“O mercado brasileiro possui grande potencial de crescimento, e um claro sinal disso são os dados de déficits na infraestrutura do país, além da carência habitacional -cerca de 63 milhões e moradias”, informou José Otávio, ressaltando que existe necessidade de pelo menos dobrar os números de hoje, para aproximar dos países desenvolvidos.

“O cimento é uma commodity de baixa substitubilidade, e por ser um bem perecível, não pode ser estocado [no máximo dez dias], no máximo dez dias, para que o produto não absorva umidade”, continua Carvalho.

Sobre desabastecimento, disse que quando acontece são destalhes pontuais, na verdade quando há um alto crescimento no consumo, pode haver aí um desequilíbrio, e a logística para resolver estes gargalos são fundamentais, o frete sempre vai influir no preço final, por exemplo, um carregamento para o Norte e Nordeste.

Cogitado, no caso de haver um grande aquecimento no setor para os próximos anos devido às obras previstas, principalmente para Copa 2014 e Olimpíadas 2016, o executivo não descartou a possibilidade do setor importar cimento da Ásia.

O desafio do setor em logística – Por ser uma indústria que possui consumo o ano todo, e dado a condição continental do Brasil, para se atingir a todos os mercados, dois terços do cimento é distribuído através da cadeia da revenda.

Em sacos ou a granel, ocupa muito espaço, considerando seu baixo valor, por ser perecível, requer estocagem em condições muito especiais, seja nas fábricas, nos depósitos ou lojas, e por prazos limitados a poucos dias.

É um segmento em que logística é fundamental -envolve todo processo de produção, distribuição e consumo. Se houver alta na demanda, toda cadeia relacionada é ampliada imediatamente: maior produção, mais insumos, mas caminhões.

E por ser um produto de baixa relação preço/peso, o cimento é bastante onerado pelo frete, principalmente, na distribuição, sofre o impacto direto com os aumentos de combustíveis, e outros derivados de petróleo.

“Por isso o pelo da logística do cimento costuma ser bem maior do que em diversos outros segmentos de bens de consumo”, salienta José Otávio.

94 por cento do cimento transportado segue pela malha rodoviária -em média, circulam diariamente em todo o Brasil mai de oito mil caminhões carregados de cimento. E o radio de distribuição do produto atinge em média 300 a 500 quilômetros nas regiões Sudeste e Sul, podendo chegar a mais de mil quilômetros no Norte e Nordeste do país, que necessariamente usam o modal hidroviário.

“A ferrovia neste caso perde para a rodovia -são cinco dias para levar uma carga que seria transportada em um dia pela rodovia, além da disputa pelos meios de transporte com outros produtos -o concorrente mais direto do cimento é o aço, os minérios, e os produtos agrícolas [sazonais], mas a concorrência é direta ao longo do ano”, conclui. [www.snic.org.br].

Grupos produtores de cimento – A indústria do cimento é um oligopólio natural e tem poucos players. O Brasil tem hoje 12 grupos, e é um dos países que tem a maior concorrência, entre os países americanos apenas o Estados Unidos [39 grupos] supera o Brasil em números de empresas cimenteiras, e na Ásia a superação fica por conta da Índia [42 grupos].

Exportação e importação no mundo – Em 2008, a China liderou os países exportadores e os EUA os importadores. No ano de 2007, as exportações brasileiras cresceram 19 por cento, atingindo 1.243 mil toneladas, cerca de 2,7 pro cento da venda total do cimento. Em 2008, por conta do aquecimento no mercado brasileiro, a produção foi totalmente direcionadas para o consumo, explicação para descer a 512 mil toneladas. Em 2009, o número foi de 47 mil toneladas.

Imposto de importação de cimento na América Latina- Desde janeiro de 2004, o imposto de importação [Tarifa Externa Comum-TEC] de cimento e clinquer adotado pelo Brasil e demais países do Mercosul às importações oriundas de países do Bloco Econômico é de quatro por cento [alíquota menor dentre todos os países da América Latina].

Em 22 de fevereiro de 2006, a Resolução Nº 4, da Câmara Brasileira de Comércio Exterior, o governo brasileiro reduziu a zero por cento a alíquota do imposto para os ciamentos importados, oriundos de qualquer parte do mundo.

Em termos de preços internacionais do cimento, o Brasil possui um dos menores preços de todo o continente americano.

Yushiro Kihara, da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)

A indústria do cimento e o meio ambiente – De acordo com Yushiro Kihara, da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), hoje a indústria do cimento atende aos mais rigorosos padrões e normas ambientais já fixados em qualquer parte do mundo. Para isso utiliza-se dos mais avançados métodos de redução de gases e contenção de partículas.

“As altas temperaturas [em torno de 1450'C] em que chegam os fornos de cimento são adequadamente difundidos como alternatura de destruição de resíduos, essa alternativa nomeia-se de co-processamento, que além de destruir os resíduos de forma ambientalmente correta e segura, permite a substituição de combustíveis, ou outra matéria-prima na produção do clinquer. Os resíduos alimentam a chama do forno ou se incorporam na massa do produto, sem alterar suas características, atendendo plenamente às normas internacionais de qualidade, contribuindo assim para a preservação de recursos não renováveis”, informou Yushiro.

“Dentro as 47 fábricas de cimento integradas [fornos], em operação no país, 35 estão devidamente licenciadas pelos órgãos ambientais competentes para co-processar resíduos, e outras encontram em processo de licenciamento, mais de 80% da produção nacional de clinquer”, continua.

Em 2005 foram co-processadas cerca de 800 toneladas de resíduos dos mais variados segmentos industriais, o Brasil gera cerca de 2,7 milhões de toneladas de resíduos de diversos segmentos da indústria. Os principais resíduos co-processados pela indústria do cimento são: .Pneumáticos | . Borrachas | . Lodo de ETE | . Tintas e Solventes | . Papel e Papelão | . Terra contaminada | . Resíduos de alumínio | . Borras oleosas e graxas | . Refratários.

“O co-processamento realizado pela indústria do cimento elimina em definitivo e de forma ambientalmente correta e segura os resíduos perigosos e passivos ambientais; preserva os recursos energéticos não-renováveis pela substituição do combustível convencional e pela incorporação na massa do produto, em substituição a parte de matérias-primas que compõem a fabricação do cimento,s em alteração nas características e atendendo às normas internacionais de qualidade, e ainda tem a contribuição à saúde pública, pro exemplo, no combate aos focos de dengue [com a destruição dos pneus velhos, que iriam parar na natureza]”, frisa o executivo. [www.abcp.org.br].

Dr. Newton Paciornick, da Coordenação Geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT)

A queima de resíduos em fornos de cimento é muito explorada nos Estados Unidos, Europa e Japão, e em expansão na América Latina. A Noruega por exemplo usa o co-processamento como método oficial de destruição de resíduos perigosos do país.

O Brasil tem capacidade crescente de queima que pode chegar até 2,5 milhões de toneladas de resíduos eliminados anualmente.

Consumo de energia no setor – Energia térmica e elétrica na indústria do cimento brasileira aproxima os 825kcal por quilo de clínquer e 107KWh por tonelada de cimento, conforme último levantamento oficial, realizado em 2003. Comparando o consumo com outros países o Brasil tem o menor índice em energia térmica e na elétrica está no nível dos menores ao lado do Japão, Espanha, por exemplo.

Quanto a emissão de Gás Carbônico, o Brasil atingiu atualmente um dos menores níveis por tonelada de cimento, quando comparado aos principais países produtores de cimento. O 1º Inventário Nacional de Gases de Efeito Estufa, que levantou dados de 1990 a 1994, classificou a participação do setor como de menos de 2% do total das emissões nacionais.

Dr. Newton Paciornick, da Coordenação Geral de Mudanças Globais de Clima do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) explica que são feitas medições diferenciadas, passos que seguem a mesma metodologia de monitoramento constante, por exemplo, dos níveis de Nox e Sox [óxidos de nitrogênio e enxofre, respectivamente de material particulado (pó) garantindo sempre que todos os limites exigidos pela legislação brasileira sejam respeitadas [ operação industrial com padrões mínimos de emissão]. Todo monitoramento serve para elaboração do Inventário Nacional das Emissões de Gases de Efeito Estufa”. [ www.mct.gov.br/clima]

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