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03/07/2010 - 07:59

Consumidores já sentem queda nos preços do leite

Em relação aos meses anteriores, houve redução de até 14% no valor do leite. Enquanto consumidores comemoram, pecuaristas estão preocupados.

O preço do leite para o consumidor sofreu redução nos últimos dias. Segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA, o mercado de leite spot, comercializado entre as indústrias, sofreu queda de 14% em relação aos meses de março e abril. A diminuição do consumo do produto e o aumento das importações do leite procedente do Uruguai contribuíram para a redução.

No início de 2010, as empresas investiram na produção de leite UHT e formaram estoque, porque previram a escassez do produto na entressafra. Como começou a faltar leite mais cedo no mercado, foi necessário elevar o valor nos supermercados.

“Esse fenômeno é atípico. Como o consumidor não tolera pagar preços elevados em um produto de alto consumo, ou ele substitui o leite por outros produtos ou para de comprar”, declara o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Bruno Lucchi. Para não ter prejuízo, já que as vendas sofreram redução, o preço final também recuou.

No ano passado, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) adotou licenças não automáticas para as importações de lácteos do Brasil junto ao Mercosul e outros mercados. No entanto, em abril deste ano, Brasil e Uruguai fecharam acordo no qual o leite uruguaio entraria no país, por meio de licenças automáticas, em troca da exportação de carne de frango, pescados e animais vivos.

Em abril, foram importadas do Uruguai 1,3 mil toneladas de produtos lácteos. “Nós abrimos o mercado ao Uruguai e adquirimos cerca de 300% a mais. No caso do leite UHT, o aumento foi de 128% em abril, dos quais 70% são oriundos do país uruguaio”, comenta Bruno.

Redução também para o produtor - A época é de entressafra para o leite. Habitualmente nesse período, os valores pagos aos pecuaristas pelo produto costumam ter melhora significativa diante da redução da oferta. Porém, os preços de comercialização do litro de leite no Brasil já começam a indicar queda.

Em março, na média nacional, o produtor recebeu R$ 0,719 por cada litro de leite entregue às cooperativas. Os índices brasileiros atuais ainda não podem ser apontados porque somente no dia 29 de junho será liberado o levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea. Alguns Estados já verificaram queda de 4% no preço pago ao produtor.

Região - No Espírito Santo, o valor recebido pelos pecuaristas teve uma queda menor em relação ao nível nacional. Mas, segundo o presidente da Comissão Técnica da Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo, Rodrigo Monteiro, a previsão é de que o mercado continue instável, a curto e médio prazo. “Há a perspectiva de queda dos preços, mas como estamos na entressafra, o mercado pode sim reagir”, informa.

Caso os preços sofram redução, a primeira reação do setor da pecuária de leite é a diminuição da produção. “Por receber um preço menor, os produtores passam a investir menos. Consequentemente, teremos menos leite no mercado e os preços devem retornar a um patamar aceitável”, comenta Rodrigo.

A expectativa do setor rural capixaba é de que o período de baixos preços não dure muito tempo, já que nesta fase de entressafra, os estoques de leite diminuem consideravelmente. Será então necessário que as cooperativas elevem os valores pagos pelo litro da bebida.

Setor rural busca soluções - A CNA enviou uma nota técnica ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA informando sobre a preocupação dos produtores de leite em terem sua renda reduzida. Uma das considerações apontada no documento é a necessidade de reavaliação da retirada das licenças automáticas de importação do leite do Uruguai pelo Brasil. Além disso, a CNA pede que seja colocada uma cota no leite importado, assim como já existe para o frango exportado aos uruguaios.

“O documento vai conter os estragos que a redução dos preços pagos ao produtor causa e apontar soluções que sejam realmente favoráveis ao setor primário brasileiro”, informa Bruno Lucchi.

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