Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

07/07/2010 - 07:28

Estudo com 2.757 pacientes mostra a eficácia do cilostazol no tratamento pós-AVC

Uso combinado de cilostazol em comparação com ácido acetilsalicílico reduz a possibilidade dos pacientes sofrerem um segundo AVC e a ocorrência de hemorragias.

O estudo CSPS-2 foi apresentado no congresso de 2010 da associação Americana de AVC (fevereiro/2010) e demonstrou que o uso do inibidor de fosfodiesterase três cilostazol, que é um antiagregante plaquetário (usado para afinar o sangue e evitar coágulos nas artérias), em comparação direta com o ácido acetilsalicílico (ASA), foi muito eficaz na prevenção de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), em pacientes que já haviam sofrido derrame cerebral.

Os resultados do estudo mostraram que os pacientes que foram tratados com cilostazol tiveram 25,7% menos probabilidade de ter um segundo AVC do que aqueles que utilizaram o ácido acetilsalicílico. Estes pacientes também apresentaram menor incidência de ataques isquêmicos transitórios (ameaça de derrame), e de hemorragia cerebral de qualquer outro tipo, que exigisse internação hospitalar.

O estudo teve como base uma amostra de 2.757 pacientes, que já tinham sofrido um primeiro AVC e foram tratados em 278 centros, que foram acompanhados por um período de até cinco anos.

“A prescrição de 81-100 mg de ácido acetilsalicílico está indicada na prevenção de um segundo AVC, assim como a de antiplaquetários alternativos, como o clopidogrel, mas, existe um aumento potencial do risco de hemorragias diversas, atribuível a esses agentes”, explica doutor Jairo Lins Borges, cardiologista do Instituto Dante Pazzanese (SP). Segundo o especialista, com este novo estudo, os médicos podem contar agora com uma opção a mais, eficiente e segura, a ser utilizada no tratamento pós-AVC, pois as estatísticas mostraram que o risco de sangramento com o cilostazol é muito baixo, mesmo quando ele é utilizado junto com outros antiplaquetários tradicionais.

O doutor Octávio Marques Pontes Neto, neurologista do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, concorda que o cilostazol agora realmente se consolidou como opção medicamentosa no pós-AVC, podendo ser utilizado isoladamente nos casos de pacientes com restrições ao ácido acetilsalicílico ou em associação aos demais antiplaquetários. “Nos casos de risco mais iminente de um segundo AVC, é uma das alternativas mais eficientes, por seus efeitos sobre os vasos arteriais e de melhora no perfil de colesterol”, afirma Pontes Neto.

O neurologista esclarece, porém, que ainda são necessárias mais pesquisas para ter mais referências sobre suas indicações mais precisas e também sobre possíveis efeitos adversos ou cuidados como: intolerância gástrica, uso em presença de dengue e dispepsia (que inclui dor, arrotos, empachamento, peso, queimação, náusea ou alterações da saciedade).

Há mais de dez anos, nos Estados Unidos, Japão, Europa e Brasil, a eficácia do cilostazol está comprovada no tratamento da doença arterial periférica, manifesta geralmente como claudicação intermitente – ou seja, dor nas pernas ao caminhar, que pode se agravar e levar à trombose ou à gangrena com o passar do tempo, e isso é bem conhecido pela classe médica. “Agora, com base nos últimos estudos, ficamos mais seguros para prescrever o cilostazol nos casos de pacientes que já sofreram AVC, em especial quando eles demonstram boa tolerância ao uso deste medicamento e quando tiveram AVC ou iminência de AVC mesmo já estando em uso de outros antiplaquetários” informa doutor Borges, ao citar a necessidade de novos estudos e de validação pelas diretrizes médicas ocidentais, como já aconteceu no Japão.

Estudo CSPS-2 - No estudo CSPS-2 os participantes foram divididos em dois grupos. Em um deles, receberam 100 mg de cilostazol duas vezes ao dia. No outro, tiveram a prescrição de 81mg de ácido acetilsalicílico, uma vez ao dia. A duração do tratamento foi de um ano no mínimo e de cinco no máximo.

Os resultados mostraram que entre os 1337 pacientes pós-AVC tratados com cilostazol, 82 tiveram um segundo AVC, enquanto entre os 1.335 pacientes que tomaram ácido acetilsalicílico o número de casos de AVC foi 119. As internações por hemorragia também foram menos freqüentes no grupo cilostazol: 23, contra 57 entre que utilizaram ácido acetilsalicílico.

Há 10 anos, o mesmo grupo de pesquisadores japoneses havia apresentado o estudo CSPS 1, com cerca de 1100 pacientes, que foi um comparativo entre cilostazol e placebo; este estudo demonstrou a eficácia do cilostazol na redução do risco AVC e de sangramentos.

Outro estudo, de 2007, denominado CASTLE, com 1500 pacientes que sofriam de doença arterial periférica e, em sua maioria, nunca tinham tido AVC ou Ataque Isquêmico Cerebral Transitório também testou o cilostazol por 18 meses e constatou que o tratamento com cilostazol reduziu em até 50% a ocorrência de derrame cerebral no período, quando foi associado ao clopidogrel ou ao ácido acetilsalicílico, além de ter identificado também que o risco de efeitos adversos pelo medicamento foi considerado baixo.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira