Jornada Técnica do IBGC discute novidades na área da Governança Corporativa

Realizado em Paris e Londres, evento analisou as principais diferenças em governança corporativa no Brasil e na Europa.

Os investidores brasileiros estão mais ativos nas empresas do que os europeus. Essa foi uma das conclusões obtidas durante a segunda Jornada Técnica organizada pela Comissão Internacional do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). O evento aconteceu em Londres e Paris e abordou diversas novidades sobre o cenário mundial da governança corporativa.

Durante o evento, os palestrantes mostraram grande preocupação em incentivar o ativismo dos investidores europeus nas empresas que capitalizam. No Brasil, onde os fundos de pensão - particularmente os maiores - são mais ativos, essa situação não preocupa tanto.

Segundo o coordenador-geral do IBGC Capítulo Sul, o advogado Robert Juenemann, o ativismo no Brasil também decorre do perfil de acionistas que os fundos de pensão assumiram como cotistas em private equity.

Juenemann afirma que, como na Europa a taxa de juros é menor, os fundos de pensão têm uma representativa alocação em renda variável. “No Brasil, devido a um recente decréscimo na taxa de juros, a tendência é que esses fundos passem a aumentar seus investimentos em renda variável, particularmente em ações na carteira de longo prazo”, afirma. Isto fará com que os investidores passem a monitorar suas participações societárias de forma ativa, ou seja, realmente como acionistas.

Outra grande discussão envolvendo governança corporativa é a crescente tendência da autorregulação. O modelo, conhecido no Reino Unido como “pratique ou explique” (comply or explain), deixa para o mercado a tarefa de avaliar se as explicações das empresas foram ou não convincentes, caso as regras de governança não tenham sido cumpridas como esperado.

Para Juenemann, é importante ressaltar que a polêmica existente no Brasil sobre a divulgação da remuneração dos administradores é matéria vencida no exterior. “Os acionistas de lá querem a divulgação da remuneração dos administradores e dos bônus, para que possam avaliar se estão de acordo com a performance de cada um”, conclui.

Intercâmbio de informações - Após os eventos, os participantes brasileiros que participaram da Jornada Técnica de Londres e Paris se reuniram com outros associados do IBGC, com o objetivo de trocar as experiências obtidas nas ocasiões.

Entre os principais assuntos discutidos, estão avaliação e remuneração de conselheiros, gerenciamento do risco, comitê de auditoria e transparência - todos presentes no Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC.

Semelhante à Primeira Jornada, realizada em 2008, quando a crise financeira global serviu de pano de fundo para as discussões, nesta o tema foi recorrente, principalmente após o anúncio de déficit fiscal da Grécia. Por outro lado, os palestrantes da IoD Annual Convention citaram o Brasil por sete vezes, mesmo sem saber da existência de uma delegação brasileira entre os dois mil participantes da Convenção, deixando evidente que o país hoje é foco de atenção na Europa devido às oportunidades de negócio advindas da Copa e da Olimpíada.

IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - Fundado em 27 de novembro de 1995, o IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa é a principal referência do Brasil para o desenvolvimento das melhores práticas em Governança Corporativa.

Com mais de 1.500 associados, o IBGC é uma entidade sem fins lucrativos de atuação nacional. Promove palestras, fórum de debates e acadêmicos, conferências, treinamentos e networking entre profissionais, além de produzir publicações e materiais. As atividades têm por objetivo disseminar o conceito de Governança e incentivar o melhor desempenho das organizações.

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