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16/06/2007 - 18:18

O terror da profissionalização corporativa

Muitos temores invadem a alma dos empresários brasileiros diariamente, mas um dos que mais angustiam, sem dúvida é o que se refere ao crescimento da sua própria empresa e a questão da profissionalização. Isso acontece porque a maioria desses empreendedores criou sua companhia e se acostumou a tratá-la como se fosse um filho. É natural que todo pai amoroso zele pelo bem estar do seu rebento e se preocupe quando este começa a se despedir da adolescência para entrar na fase adulta. Esse pai sabe que fez tudo o que podia para prepará-lo para a vida. Mas na hora em que precisa deixar seu filho seguir o próprio caminho, a soma de todos os medos começa a se manifestar. Será que ele saberá se sair bem sozinho, sem a minha proteção? – é a dúvida que mais o aflige. Esse mesmo sentimento aflora quando a companhia que esse empresário criou e que estabeleceu no mercado começa a dar sinais que, para crescer, precisará andar com as próprias pernas.

A questão não é tão problemática quando uma empresa pequena se torna de médio porte, pois nesse caso o empresário consegue manter a administração familiar, valendo-se das ferramentas que dispõe e do seu próprio feeling. As dificuldades surgem quando a companhia está pronta para avançar do patamar de médio para o de grande porte. Aí não tem saída: é preciso profissionalizar a gestão. E o temor existente se justifica pois muita coisa pode dar errado se essa passagem não for feita de forma adequada. O que alguns empresários costumam fazer - e que na prática se torna desastroso- , é a criação de um conselho interno e a contratação de um CEO profissional para comandar a companhia. Isso não funciona porque esses empreendedores se esquecem de um pequeno detalhe: de se prepararem para, de fato, passar o controle para outras mãos.

O ideal é que ele mude sua forma de ver a empresa, antes de partir para a profissionalização. E precisa entender que o primeiro passo é se reeducar. Existem vários cursos ministrados por instituições conceituadas, como a Fundação Getúlio Vargas, a Faculdade de Economia e Administração da USP e a Fundação Dom Cabral, só para citar alguns exemplos no Brasil, sem contar as estrangeiras, que podem ajudar esse executivo a se familiarizar com a idéia de passar o bastão e a ampliar seus conhecimentos sobre governança corporativa e outras questões. Esse pode ser o começo, mas apenas isso não basta. Também seria de extrema valia para esse empresário se integrar a algum Fórum de Executivos. São grupos fechados, formados exclusivamente por donos e presidentes de empresas que se reúnem mensalmente para discutir justamente o que mais os afligem e, nesse exercício, conseguem achar soluções plausíveis. Também vale contratar um coach - um profissional capaz de atuar como um verdadeiro treinador e que o prepare de fato para a mudança de cultura que pretende imprimir à sua corporação.

Profissionalizar a empresa é, sem dúvida, uma decisão difícil. E uma vez iniciado o processo, não há como voltar atrás. Mas no mundo globalizado e ágil, como o atual, é praticamente obrigatório caminhar nessa direção. Para que a transição seja a menos traumática possível, além das providências descritas acima, mais dois fatores devem ser considerados. O primeiro refere-se à comunicação. É fundamental que todos os públicos internos e externos sejam devidamente informados sobre as mudanças que ocorrerão na empresa e de que forma serão implantadas. O segundo fator diz respeito ao alinhamento dos futuros gestores (o conselho e o CEO eleitos) com as novas práticas e ferramentas de gestão que serão implantadas e as quais deverão estar em conformidade com os valores da empresa.

Descentralizar o poder não é fácil, mas se o processo for bem planejado e executado, a empresa somará aos seus quadros profissionais mais gabaritados e hábeis para enfrentar desafios. Com isso, ganhará mais fôlego e vitalidade para finalmente se tornar “grande”. Não era esse o objetivo?

. Por: André Kaufmann é empresário, criador e coordenador do Renaissance Executive Forums no Brasil [email protected]

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