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20/07/2010 - 10:41

Dutos: a expansão necessária

Com a inauguração recente do Gasoduto Rio de Janeiro-Belo Horizonte, o Gasbel II, o Brasil atingiu 22 mil quilômetros de dutos em operação, entre gasodutos, minerodutos e dutos submarinos. Ainda é pouco para um país continental e com produção de peso nos setores do petróleo e da mineração, principais demandadores desse tipo de transporte.

Ocupando a 16ª posição no ranking mundial, o Brasil tem malha dutoviária inferior até mesmo a de países com extensão territorial menor, como México (40 mil quilômetros), Argentina (38 mil) e Austrália (32 mil), e está distante dos mais de 400 mil quilômetros dos norte-americanos e dos 800 mil quilômetros de dutos existentes na União Européia.

É verdade, houve incrementos, especialmente no caso dos gasodutos, que praticamente dobraram de extensão em relação ao início da década, chegando aos atuais dez mil quilômetros. A expansão foi motivada pelo Plangás - Plano de Antecipação da Produção de Gás, que proporcionou a utilização, em várias regiões do Brasil, de recursos oriundos de novas descobertas e do gás associado na Bacia de Campos, anteriormente queimado nas plataformas.

Os avanços, porém, não mudam o fato de que malha atual é deficiente e apresenta gargalos na distribuição de gás no sul do país. Mais do que isso, que a expansão continua a ser executada de forma ciclotímica, o que gera prejuízos logísticos e instabilidade para a indústria dutoviária.

No primeiro semestre de 2010, por exemplo, o segmento passou pelo fundo do vale, com grande ociosidade na fabricação de tubos e na execução de obras. Na melhor das situações, algumas empresas conseguiram compensar parcialmente a ociosidade no Brasil com encomendas e projetos no exterior, mas a maioria amargou perdas e redução de volume.

Por isso, é grande a expectativa de que o Plano de Negócios 2010-2014 da Petrobras reative os investimentos no setor. Divulgado no final de junho, o plano prevê a aplicação de recursos da ordem de US$ 5,3 bilhões, encerrando o ciclo de investimentos na ampliação da malha de transporte de gás natural.

Outro foco de interesse são os alcoodutos. Existem até o momento três projetos de implantação desses sistemas: o da PMCC, cujo traçado vai de Uberaba (MG) a Paulínia (SP); o CentroSul, que ligará o Mato Grosso ao litoral paulista; e o da Uniduto, de Serrana (SP) a uma monoboia a ser instalada no Guarujá (SP). Além de discussões relativas à otimização dos respectivos traçados, encontra-se em curso a definição dos projetos básicos e a conclusão dos estudos necessários para o licenciamento ambiental (que recentemente foi outorgado ao projeto do PMCC).

Se para o segmento de dutos esses projetos representam oportunidades de negócios, para o país a formação de infraestrutura de escoamento do etanol produzido no interior do país para os mercados consumidores interno e externo é fundamental. Limpo e renovável, o combustível é transportado em caminhões (leia-se: queimando diesel), que trafegam na congestionada e deteriorada rede viária brasileira. Essa situação, no mínimo contraditória, necessita de correções, principalmente em um país com planos de liderar o mercado mundial de biocombustíveis.

Conteúdo loca- A indústria de fabricação dutos instalada no Brasil já responde pelo fornecimento grande parte das demandas do país – o índice de conteúdo nacional da atividade ultrapassa 90% – e tem sido capaz de superar desafios, como a construção dos dutos do sistema Urucu-Manaus e de grande diâmetro, como o do Gasduc III.

Para os projetos do pré-sal está prevista a instalação de dois mil quilômetros de dutos submarinos. Embora não tenham sido divulgados os valores de investimentos previstos pelas empresas para atendimento dessa demanda, já se observa upgrade não só na capacidade produtiva, como também na qualidade e sofisticação dos produtos e certificação para as condições de alta pressão e baixas temperaturas do pré-sal.

.Por Guilherme Pires de Melo, diretor de Petróleo e Gás da Abemi - Associação Brasileira de Engenharia Industrial.

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