O síndico xerife

Enfim, o tão sonhado lar. Boa localização, imóvel arejado e amplo. A felicidade de poder reunir a família num local seguro e tranquilo. É o que pensa quem busca os condomínios para morar; no entanto, a realidade nem sempre é assim.

Muitos condomínios e donos de imóveis sofrem com influências destrutivas de síndicos arbitrários e desonestos. E justamente quem deveria promover soluções, persegue, agride e confronta, transformando a vida de moradores num verdadeiro inferno.

Em casos de arbitrariedade é importante buscar, sempre, o diálogo. Conversar com os outros condôminos, saber a opinião deles e tentar meios argumentativos para convencer o síndico a exercer o seu verdadeiro papel. Por fim, se nada der certo, é preciso unir forças para destituí-lo.

Afinal, um condomínio só existe pelo condômino. Essa é a principal premissa para um bom relacionamento entre síndicos e moradores. Compete ao síndico representar o condomínio judicial e extrajudicialmente. Entretanto, não é isso que ocorre. Em muitos casos ele entra em discussões que não fazem parte do seu trabalho e atua como um xerife, julgando e determinando o certo e o errado, sem se lembrar de que, na maioria das vezes, ele também é um condômino, e que após seu mandato voltará a essa condição e terá de responder por seus atos arbitrários.

Uma boa dica para que não haja desavenças com o síndico é na hora da escolha. O morador, que é quem realmente paga as contas do prédio, deve conhecer e avaliar se a pessoa indicada para essa função é realmente capacitada para o cargo e idônea. Honestidade, transparência e organização são pontos fundamentais a serem avaliados.

Voltamos também a apontar o diálogo como peça chave nessa convivência. Muitas vezes, boas e francas conversas evitam problemas, inclusive os judiciais, já que os síndicos, a partir do momento que assumem essa posição, respondem criminalmente pelos seus atos.

Regras de ouro - Há quatro premissas básicas para que um síndico tenha um bom desempenho: organização, visão ampla do condomínio cordialidade e flexibilidade.

Ser organizado no gerenciamento das contas do condomínio é imprescindível. Afinal, a qualquer momento um condômino poderá solicitar uma prestação de contas, e quanto mais transparente for o posicionamento do síndico mais confiança e credibilidade ele terá perante os moradores.

Além disso, para o desenvolvimento do trabalho é preciso que o síndico esteja sempre atento às mudanças da legislação e pense sempre no bem-estar coletivo e na segurança do patrimônio.

Ainda assim, mesmo desempenhando uma função que exige uma postura austera, é importante que ele interaja com os moradores e trate a todos de maneira igualitária, respeitando e ouvindo suas necessidades antes de tomar decisões importantes.

Cordialidade é outro ponto essencial, pois, na maioria dos condomínios, conflitos que exigem a presença do síndico são comuns; nesses casos ele funciona como um mediador eliminando mal-entendidos entre moradores; reprimindo com ponderação aquele que infringe as regras convencionais; estimulando o convívio harmônico, reprimindo os atritos. O síndico também deve buscar, sempre que possível, uma solução amigável das pendências entre o condomínio e o condômino.

. Por: Lincoln Cesar do Amaral Filho, diretor da Superlógica e do portal LicitaMais (www.licitamais.com.br) e especialista em condomínios.