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19/06/2007 - 10:30

O Stress como resultado

As mortes recentes de funcionários da Renault na França demonstram que o tema "alta performance" continua a ser mal entendido nas empresas. O motivo das mortes: suicídio.

As investigações concluíram que os 3 estavam estressados em função da sobrecarga de trabalho provocada pela demanda da empresa por maior performance. Afinal, o que significa isto?

Conversando com executivos de grandes organizações percebo uma idéia em comum sobre o assunto: para a maioria, alta performance significa fazer cada vez mais com cada vez menos. Isto é, fazer cada vez mais produtos ou serviços e gerar mais receitas utilizando-se para isto cada vez menos pessoas, estruturas e processos. O resultado é que a quantidade de trabalho para todos aumentou brutalmente. Em alguns setores, como o formado pelos fabricantes de computadores e suas revendas a situação é paradoxal: nunca venderam tanto e ao mesmo tempo ganharam tão pouco. Principalmente dentro das grandes empresas as pessoas estão trabalhando muitas horas além das contratadas. Gerentes e diretores possuem jornadas diárias de até 13 horas, com picos ao redor de 16 horas. O que significa que o executivo possui tempo somente para deslocar-se para casa, recompor-se e retornar para o trabalho no dia seguinte. Como esperar alto desempenho nestas condições? Esta cultura nas empresas tem perpetuado e valorizado o profissional workaholic - isto é, aquele viciado em manter-se ocupado - em detrimento ao profissional de alto desempenho, aquele "viciado" em resultados. É o workaholic que possui tendência ao burn out que nada mais é do que o esgotamento que pode ser de caráter físico, mental ou psicológico. Já oprofissional de alta performance é focado nos resultados.

Para isto, valoriza os períodos de reenergização que são momentos de paradas onde recupera-se e prepara-se para atingir resultados cada vez maiores.

Se você observar um fusca verá que é um veículo comparável aos workaholics: dificilmente pára, continua se deslocando mesmo com folga no volante, com gasolina de baixa qualidade e em estradas esburacadas. Já uma Ferrari desloca-se rapidamente, a gasolina tem de ser de primeira e exige um asfalto excelente. De tempos em tempos tem de ser ajustada com precisão e seus componentes gastos substituídos. Estas paradas, entretanto, são a garantia de que continuará a andar em alta performance.

É evidente que o valor de um carro de alto desempenho é muito maior. O mesmo ocorre com o profissional focado em resultados.

O que aconteceu com as empresas que passaram a ter sua atenção voltada somente para o mercado de produtos e serviços de baixo custo? Ocorre que muitas divisões de marketing abriram mão de liderar a estratégia das corporações. Quem manda dentro das empresas é a diretoria financeira. O resultado disso é que ao invés de fazerem produtos para os consumidores, os fazem voltados para si mesmas. Ou seja, as empresas estão preocupadas somente com padronizações, melhores meios de produção, redução na quantidade de insumos para um produto ou serviço e assim por diante. Os resultados são os seguintes: Hoje em dia não é possível saber a diferença entre um banco e outro. Tanto assim que somente não mudamos de marca por dois motivos: primeiro, dá muito trabalho fechar uma conta. Segundo, porque sabemos que a rigor não há diferença entre o atendimento de um banco em relação a outro.

Qual a diferença relevante entre uma companhia de telefonia celular e outra? E entre as companhias aéreas ? E as de TV a cabo?

Nos carros então, há padronizações desastrosas. Carros de luxo com a mesma "plataforma", ou seja, peças, de carros médios. Fáceis de montar, difíceis de vender. É claro, tente explicar para um cliente que terá de pagar centenas de milhares de reais por um carro cujas peças do painel, chassis e até mesmo motor são encontradas em um carro com um décimo do valor.

O resultado é que estas vendas de baixo custo agregado têm levado as empresas a resultados pífios em relação ao esforço de seu pessoal. As invés de demandar mais inteligência de sua divisão de marketing as empresas têm preferido demandar mais trabalho de todos seus profissionais. É isto que está na raiz do stress da maior parte dos executivos. Evidentemente não ficam só com eles, suas equipes também enfrentam forte pressão - para aqueles que têm equipes, é claro. Em situações extremas resultam em fatos como os ocorridos na Renault.

Tenho escrito há algum tempo sobre a estratégia de administração da experiência do consumidor - customer experience management. Nela, os princípios e os valores dos clientes mais lucrativos são traduzidos em um "comportamento da marca" (refletido em seus funcionários) e materializados em seus produtos.

Se quisermos desenvolver uma nova cultura dentro das empresas devemos considerar a possibilidade de focalizar e entender nossos clientes mais lucrativos. São para eles que as empresas devem se voltar e assim ter condições de oferecer um ambiente de trabalho pautado pelo lucro. É a partir dele que terão estruturas apropriadas para seus executivos e times desenvolverem-se em alta performance e com menor possibilidade de sucumbirem ao stress. Pense nisto antes de reduzir o preço e a qualidade de seu produto ou serviço. Vamos em frente!

. Por: Silvio Celestino é coach, diretor da Enlevo Marketing Studio, membro da International Coach Federation (Estados Unidos) e vice-presidente da Federação Internacional de Coaches (Chapter - São Paulo).

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