Barco do projeto Nego D’Água é lançado em Palmas, TO

Projeto visa a gestão participativa do meio ambiente e planejamento do uso do solo no entorno do reservatório da Usina de Lajeado.

O barco do Projeto Nego D’Água, uma iniciativa da The Nature Conservancy (TNC), da Associação de Conservação do Meio Ambiente e Produção Integrada de Alimentos da Amazônia (GAIA) e da Faculdade Católica do Tocantins (FACTO), em parceria com o Ministério Público do Estado do Tocantins (MPE-TO) será inaugurado na próxima segunda-feira, dia 25 de junho, às 19 horas, na Capitania dos Portos Araguaia-Tocantins, em Palmas (TO),. Com apoio financeiro da Investco e Celtins, o projeto tem como objetivo consolidar e promover a gestão integrada dos recursos naturais do reservatório da Usina de Lajeado, visando aumentar sua vida útil e garantir a qualidade de vida dos habitantes da região.

O barco Nego D’água navegará por todo o reservatório da Usina de Lajeado, de 170km de extensão, fazendo capacitações e dando apoio para a implantação de atividades produtivas sustentáveis, controle ambiental e coleta de material para pesquisas. O Projeto Nego D’Água trabalha para estabelecer bases científicas, técnicas e políticas para a conservação e o manejo ambiental e socialmente sustentável dos recursos naturais do reservatório, além de criar um sistema de capacitação da população usuária dos recursos hídricos desse reservatório. A área beneficiada é de aproximadamente quatro milhões de hectares, em seis municípios de influência.

O trabalho começou a partir das primeiras discussões sobre os impactos do reservatório na vida dos moradores da região e da necessidade de se desenvolver um plano de gestão ambiental para a região, explica Lúcia Leiko, da GAIA, uma das instituições idealizadoras do projeto. A comunidade dos seis principais municípios do entorno do reservatório ainda não está habituada ao ambiente de lago e pode, com ações incorretas, provocar a contaminação da água, erosão do solo, assoreamento do reservatório e uma série de impactos negativos que compromete diretamente a qualidade de vida de mais de 300 mil pessoas.

João Campari, diretor da TNC, diz que o que se espera é que ao fim do projeto ocorram mudanças nas políticas públicas locais na área ambiental e gestão socioeconômica do reservatório e seu entorno, além de favorecer o desenvolvimento de meios de vida sustentáveis dos moradores da região. O trabalho também pode contribuir com a redução dos impactos ambientais do uso múltiplo do reservatório, com o melhoramento dos sistemas relacionados ao monitoramento.

Luiz Damas, diretor da FACTO, explica que o projeto tem três partes, mas apenas uma parte – o barco-escola, que visa sensibilizar para o uso sustentável do lago e seu entorno, além de desenvolver sistemas inovadores de manejo dos recursos naturais e fortalecer as organizações de base para a sua gestão - está recebendo recursos para sua execução, o que demandará um esforço dos parceiros para a viabilização do projeto como um todo.

As demais fases visam: a pesquisa e difusão de informações sobre o lago que propiciarão o surgimento de políticas públicas locais voltadas para a conservação do lago; e o planejamento da paisagem do entorno do reservatório, cuidando das nascentes dos principais rios, estimulando a regularização das reservas legais que contribuam na formação de corredores ecológicos e mosaicos de áreas protegidas.

Evandro Coura, presidente da Investco, acredita tratar-se de um projeto ousado que propõe uma nova concepção de desenvolvimento: “São novos conceitos, idéias e ações que permitem crescimento econômico com sustentabilidade, união imprescindível para se escrever as páginas de um futuro moderno e responsável para o Tocantins.”

A participação da Celtins é conseqüência de sua política de responsabilidade social que, há anos, apóia iniciativas de educação e preservação ambiental que beneficiam a comunidade para a qual presta serviços.

Já para o Ministério Público Estadual, o foco da participação no Projeto será a defesa da integridade das áreas protegidas por lei, como reservas legais, áreas de preservação permanente e unidades de conservação do entorno, além da prevenção e o controle da poluição e da pesca predatória no lago.

O Nego D´água é uma figura lendária do folclore brasileiro que vive nas profundezas do rio. Dizem os moradores ribeirinhos que ele costuma virar as canoas dos pescadores que teimam em pescar durante a Piracema, que utilizam técnicas de pescaria que prejudicam o ambiente das águas ou que poluem o meio ambiente dos rios e seu entorno.

The Nature Conservancy (TNC) é uma das mais antigas ONGs ambientais do mundo, criada em 1951. Presente no Brasil desde 1988, a TNC desenvolve projetos nos principais biomas brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Caatinga). Com atuação em 28 países, a TNC trabalha para proteger mais de 107 milhões de hectares. Os projetos estão no site: www.tnc.org.br

. GAIA - Associação de Conservação do Meio Ambiente e Produção Integrada de Alimentos da Amazônia | FACTO - Faculdade Católica do Tocantins | MPE-TO - Ministério Público do Estado do Tocantins | CELTINS – Companhia de Energia elétrica do Estado do Tocantins | INVESTCO – empresa responsável pela Usina Luis Eduardo Magalhães – Lajeado que, há 5 anos, formou o reservatório da Usina em torno do qual será desenvolvido o Projeto Nego D´Água..