Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

29/07/2010 - 08:51

A vida feita em marcos

Desde os primórdios da humanidade civilizada, ditamos nossas vidas a partir de marcos históricos: “antes de eu casar”, “depois que meu irmão saiu de casa”, “quando fulano era vivo”, “quando morávamos na cidade tal”. Cada grande fato em nossas vidas faz com que nossa história passe a ser outra, como se o mundo desse uma volta a mais naquele momento, cravando um ponto em nossa linha cronológica.

A divisão da vida em pequenos e grandes marcos é objeto de estudo de diversas áreas comportamentais e, inclusive, é cerne de algumas ferramentas administrativas de planejamento, como o logical framework, que propicia a organização de tarefas a partir de marcos originados por diagnósticos.

Os mártires também são marcos da história de uma organização e de um país, e ações são tomadas após pessoas perderem a cabeça. Sem qualquer alusão a Tiradentes, mas o fato é que os líderes (seja de um país ou de uma pequena ONG) só percebem que algo está errado quando pessoas perdem seu posto (no exercício da profissão... ou da vida!). Observar holisticamente o funcionamento orgânico de uma instituição não requer simplesmente “olhos de águia”, mas uma percepção intuitiva, prevendo (e prevenindo) consequências mais drásticas.

Metas cumpridas também são marcos que regulam o desenvolvimento de uma pessoa ou de uma organização e são excelente termômetro para verificar o quanto estamos ou não na trajetória que imaginávamos. E até mesmo esses marcos fazem “o mundo dar umas voltinhas a mais”.

No entanto, vale refletir se esse tipo de marco não nos propicia uma acomodação de estado que neutraliza ou até extingue ações para que a transformação ocorra. Por exemplo: “Se eu tivesse carro, passearia com meus filhos”; ou “quando minha ONG receber aquela verba X, passarei a incentivar meus voluntários de maneira enérgica”. Percebam que é bem diferente do que dizer: “puxa... depois que comprei meu carro, passei a passear sempre com meus filhos”.

Quase de modo imperativo, condicionamos ações que podem ser feitas hoje como “desculpa” para não sair do lugar, e o que deveria ser consequência passa a ser condição sine qua non.

“Metas estabelecem mudanças desejadas.

Marcos estabelecem mudanças não necessariamente previstas.”

Portanto, antes de frasearmos “se fosse assim” ou “quando for assim”, procure antes perguntar “por que ainda não é assim?”

Percebam se em suas metas pessoais ou organizacionais não há algum “se” que limita o alcance de tal objetivo. E elimine-o! Crie rotas alternativas para chegar ao mesmo lugar, lembrando-se sempre que o ótimo, muitas vezes, torna-se inimigo número um do bom.

. Por: Marcio Zeppelini, produtor editorial, jornalista, empreendedor, editor da Revista Filantropia, diretor executivo da Zeppelini Editorial, diretor da Diálogo Social Treinamentos e apresentador e diretor de Jornalismo da rádio Tom Social. É também palestrante e consultor em comunicação e marketing para o Terceiro Setor e conselheiro da Associação Brasileira de Editores Científicos (Abec).

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira