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31/07/2010 - 08:45

Por que muitas empresas familiares são compradas?

É impressionante o crescente movimento de compra e venda de empresas, não só no Brasil, como em todo o mundo. Em todas estas transações, um aspecto que merece destaque é o fato que muitas das empresas negociadas serem empresas familiares.

Empresas familiares são aquelas organizações na qual uma ou mais famílias concentram o poder de decisão, envolvendo o controle da sociedade. Essas empresas podem ser desde pequenos estabelecimentos como um pequeno bar administrado pela família assim como organizações multinacionais como o Wal-Mart, a maior empresa de faturamento do mundo, ou a Cargill, a maior companhia privada que comercializa produtos básicos e primários, tais como grãos e outras commodities. Não faltam exemplos de empresas nacionais como o Pão de Açúcar, o Itaú, a Gerdau e a Votorantim, cuja existência em si eleva a importância desse tema.

Não é fácil explicar os motivos que levam as famílias a venderem seus negócios, já que são inúmeros os fatores que provocam esta decisão. Normalmente, as causas mais relevantes surgem por motivos racionais ou emocionais.

Os motivos racionais, que fazem com que as empresas sejam vendidas, estão baseados em critérios puramente estratégicos, vinculados a uma análise do próprio negócio, tais como a intensificação da concorrência, a impossibilidade de realizar novos investimentos, a queda da rentabilidade, os baixos resultados, a falta de perspectivas quanto ao futuro dos negócios e muitas outras.

Essas decisões são frutos de uma análise objetiva e fazem parte de uma decisão estratégica na qual a empresa está sendo analisada como uma parcela do patrimônio familiar e, portanto, como um investimento. Sendo assim, o resultado deve ser satisfatório, como a perspectiva de ganho futuro. Caso contrário, a decisão mais correta é adotar outra estratégia.

Em muitos casos, nem sempre as decisões empresariais são tomadas com base em fatos, cálculos e análises de mercado. Existem organizações que são vendidas apenas em critérios envolvendo motivações emocionais.

Nesse sentido, encontramos alguns exemplos que podem ser elencados como o descaso com a governança familiar - como o despreparo dos membros da família empresária para dar continuidade ao negócio – a falha na profissionalização dos colaboradores e dos sócios da empresa – o que acaba sendo um grande problema na organização – o desentendimento entre aos familiares etc.

Outro fator que merece evidência quanto à decisão de vender uma empresa familiar é a sucessão. A sucessão costuma ser um dos momentos mais delicados nas empresas familiares. Este momento se torna ainda mais delicado quando não existe qualquer planejamento sucessório. Brigas pela disputa de poder, a rivalidade entre os possíveis sucessores ou a escolha de um sucessor não preparado ou mesmo não alinhado com os valores da família proprietária podem provocar o fim de uma empresa familiar.

A lista de exemplos de motivações emocionais que culminam na venda de uma empresa é muito mais longa. Mas em comum a maioria delas, pode ser percebida a ausência da implantação de mecanismos de gerenciamento de conflitos, como acordo societários, sistemas de governança corporativa e governança familiar.

Nesses casos, além de todo o desgaste emocional dos envolvidos, que fatalmente provoca reflexos negativos no relacionamento pessoal e familiar, a manutenção de uma sociedade acaba se tornando inviável e o resultado do negócio geralmente é abalado.

Nestas situações, a decisão de vender a empresa costumeiramente se traduz em “ser comprada”, ou seja, um comprador costuma adquirir a empresa com valores abaixo da real avaliação de mercado, e inferior à expectativa dos familiares, que preferem perder dinheiro a manter a sociedade.

Os compradores de empresas costumam negociar com muita racionalidade e objetividade, tendo analisados diversos aspectos dos negócios, como o mercado atendido, os resultados contábeis, o desempenho financeiro, os riscos legais, a força da marca, o know-how e as perspectivas de fazerem um bom negócio. Desta forma, costumam aproveitar a fragilidade emocional da família vendedora para fazer um bom negócio.

Conhecer alguns dos motivos que levam as empresas familiares a serem vendidas, ou melhor, a serem compradas, pode permitir que as famílias empresárias decidam, como parte do planejamento de longo prazo de seus negócios, implantar sistemas de governança corporativa e familiar que minimizem os impactos negativos dos inevitáveis conflitos que surgem nas sociedades familiares e permitam que essas empresas se mantenham em poder da família por várias gerações.

. Por: Pedro Podboi Adachi, consultor de empresas familiares e sócio-diretor da Societàs Consultoria.

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