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06/08/2010 - 09:10

História da sexualidade

Os livros que abordam a sexualidade costumam apresentar o tema de uma forma grotesca e/ou pejorativa. Não é o caso aqui. Nessa obra, que a Contexto traz ao Brasil, o leitor encontra um relato sério, mas não sisudo, de como as práticas sexuais moldaram sociedades e sociedades moldaram as práticas sexuais. Dos primórdios até hoje em dia.

O livro História da sexualidade (Editora Contexto), escrito pelo historiador americano Peter Stearns, é uma deliciosa aventura sobre a existência do sexo na vida dos humanos, relatada de forma séria, sem os chavões e as banalidades que o tema pode trazer à tona. O livro é um profundo retrato da vida sexual dos homens da caverna até hoje, baseado em pesquisas e fontes do mundo inteiro. A sociedade se transformando e se adaptando aos novos comportamentos. Escrito de uma maneira fácil, tanto de ler como de compreender, o leitor consegue identificar, nos momentos históricos do nosso planeta, a transformação comportamental do homem.

Para a edição brasileira Stearns escreveu um Introdução exclusiva, em que os alertas sobre o tema, ainda necessários em função dos elementos puritanos nas culturas norte-americanas, são substituídos por uma visão mais entusiasmada sobre o tópico. Pois, segundo o autor, o público leitor brasileiro não precisa de lembretes acerca da importância da sexualidade. A obra, dividida em três partes e um epílogo, trata das sociedades do mundo todo e mostra como costumes e condutas sexuais são afetados por forças globais mais amplas, como o advento da agricultura e, mais tarde, a urbanização. Traçando uma linha cronológica dos fatos históricos e sociais.

Masturbação – As atitudes referentes à sexualidade diferem de acordo com contextos sociais distintos. Para citar exemplos, algumas sociedades, em determinados períodos, desaprovam vigorosamente a masturbação, mas então, com o passar do tempo, se abrandam e adotam uma maior permissividade. Os índices de adultério variam, dependendo do período e de condições sociais mais amplas. A idade da puberdade muda, dependendo da nutrição e do contexto social. A média de idade para a ocorrência da menopausa também pode variar. O que significa que nem mesmo a biologia é uma constante absoluta.

A história da sexualidade se relaciona a outros temas – como diferenças de classes sociais e padrões relacionados a gênero. Os governos invariavelmente buscam controlar ou regulamentar o comportamento sexual (nem sempre com muito sucesso), e o sexo certamente figura no impacto causado pelos exércitos e autoridades coloniais – o que associa diretamente a história da sexualidade a tópicos históricos convencionais. Cada vez mais constatamos o papel desempenhado pelo estupro nos conflitos civis e militares, outra vinculação, ainda que horrível. Assim, o assunto está longe de ser um aparte frívolo no grande empreendimento da história da humanidade.

Homossexualismo – Outro exemplo forte de como a visão da prática sexual humana sofre uma grande variação, é o homossexualismo. O livro mostra que a prática homossexual mudou muito durante os tempos, em diversos momentos da história. Nas cavernas o bissexualismo era comum e aceito socialmente. Os muçulmanos não encaravam os homossexuais como “aberrações”, como hoje o fazem. A China também não condenava, fato que só mudou com a chegada do comunismo. E por que os comunistas, considerados liberais em muitos aspectos, condenaram o homossexualismo? Era uma maneira de mostrar ao mundo capitalista que eles valorizavam a família, não eram “promíscuos” como os ocidentais. Hoje, muitos países já liberam a união entre pessoas do mesmo sexo.

O autor retrata a sexualidade mostrando as diferenças entre as civilizações e suas culturas. O jugo colonial britânico na Índia, no auge do puritanismo europeu no século XIX, precisou abrir exceções especiais na lei para permitir o uso da arte hindu nos selos postais indianos, o que revela uma inesperada complexidade introduzida pelo contato entre duas sociedades bastante diferentes, com valores sexuais muito distintos. Cita a chegada da globalização, que acelerou o processo de união entre povos tão diferentes fisicamente, quanto culturalmente. Temas atuais como as baixas taxas de natalidade e assédio sexual, dividem espaços com práticas tradicionais, como a circuncisão feminina. Fato pouco discutido e desconhecido de muitos, mas que em regiões da África é defendida até entre as próprias mulheres, para elas uma forma de preservar suas tradições.

Medicamentos – Atualmente encontramos as estrondosas campanhas publicitárias de medicamentos que melhoram o desempenho sexual masculino, suscitando indagações. Os casos de disfunção erétil estão aumentando? Novas questões de saúde, como as taxas de diabetes ou hipertensão, e suas respectivas medicações, podem causar novos problemas; e/ou o recrudescimento do desejo sexual e da busca do prazer, também poderiam ajudar a explicar o novo interesse no bom desempenho? Ou tudo seria apenas um estratagema das empresas farmacêuticas para badalar os medicamentos?

Por fim, tanto a cultura como a prática refletem algumas das forças mais amplas na história mundial. Os padrões do comércio global, em nossa própria época, ajudam a explicar a nova incidência de tráfico sexual em diversas partes do mundo. A sexualidade, o que não chega a surpreender dada a sua importância, sempre foi uma parte essencial do panorama da história mundial; observá-la com atenção ajuda a traduzir os padrões da história mundial para uma compreensão da vida cotidiana e do comportamento humano comum. Estudiosos, professores, alunos e curiosos, encontram nas páginas de História da sexualidade assuntos e fatos que revelam uma nova forma de enxergar o sexo.

Peter N. Stearns é Ph.D. em História pela Harvard University, onde também concluiu seu bacharelado e mestrado. Desde cedo se destacou pela atividade docente (trabalhou na Universidade de Chicago, Rutgers, entre outras) e pelo empenho em escrever livros, tanto para especialistas, quanto para um público mais amplo. Tem sido editor de importantes publicações especializadas nos EUA, como o Journal of Social History. Sua preocupação com a História mundial e seu empenho em mostrar práticas sociais em diferentes culturas orientaram a escrita de importantes livros, como A infância e História das relações de gênero. [ Formato: 16x23 cm | 288 Páginas | Preço: R$ 47,00 ].

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