Hospital Israelita Albert Einstein realiza o 3º Simpósio Internacional de Robótica em São Paulo

Evento marca a consolidação da incorporação de robôs em cirurgias de diversas especialidades.

São Paulo – O Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) realiza nos dias 21 e 22 de agosto, em São Paulo, o 3º Simpósio Internacional de Robótica (3nd Annual World Robotic Symposium Latin America). O evento, que reúne os maiores especialistas do mundo em robótica, marca a consolidação da incorporação da tecnologia em cirurgias urológicas, do aparelho digestivo, ginecológicas, cardíacas e de cabeça e pescoço.

Serão discutidos os benefícios da robótica nas diversas áreas da medicina, os aspectos éticos do uso dessa tecnologia, assim como seu futuro no Brasil e no mundo. Palestrantes internacionais renomados reforçarão a importância da técnica e da segurança do paciente, segundo padrões internacionais de qualidade.

Consolidação dos resultados – Os índices do Einstein obtidos desde 2008, quando foi feita a primeira cirurgia com o robô daVinci, consolidam o sucesso da cirurgia robótica e sua importância para o País. Mais de 400 procedimentos foram realizados até o momento, com 100% de sucesso e 0% de conversão, ou seja, as operações começaram e terminaram com técnicas de cirurgia robótica. Este indicador torna a instituição uma referência na América Latina na tecnologia. A expectativa é que o Einstein termine o ano com mais de 500 cirurgias robóticas realizadas.

Urologia – Em março de 2008, o urologista Cassio Andreoni realizou a primeira prostatectomia (retirada da próstata) totalmente robotizada do Einstein. De lá para cá, segundo ele, as cirurgias robóticas estão cada vez mais frequentes. É a especialidade que responde por 65% do total de cirurgias robóticas da instituição.

“Em 2008, 15% das prostatectomias foram robóticas; em 2009 e 2010, respectivamente, foram 50% e 65%, demonstrando que o Einstein se aproxima das estatísticas dos Estados Unidos. Por lá, onde as cirurgias robóticas na área iniciaram em 1999, no ano passado, a tecnologia já englobava 85% das cirurgias.

Mais de 250 procedimentos foram realizados até agora no Einstein, sendo a grande maioria (90%) de câncer de próstata (prostatectomia radical). Outras cirurgias – como remoção parcial de tumor do rim, reconstrução de estreitamento no ureter e remoção de toda a bexiga para câncer de bexiga – também foram realizadas com a técnica. Até o fim ano, os números devem alcançar os 350 procedimentos.

O hospital conta com três próctors (orientadores) na especialidade – José Roberto Colombo Júnior, Limírio Fonseca e Cássio Andreoni.

Ginecologia – Para Mariano Tamura, ginecologista do Einstein, a robótica vem sendo incorporada à ginecologia do hospital ao longo do último ano. Os primeiros procedimentos na especialidade foram realizados em dezembro de 2009.

Desde então, o hospital realizou: histerectomias (retirada de úteros doentes - 54% dos casos); tratamento de endometriose (30% dos casos); miomectomias (retirada de miomas do útero - 8% dos casos); ooforoplastias (retirada de cistos ovarianos - 4% dos casos) e ooforectomias (retirada de ovários com tumores - 4% dos casos).

Foram 30 cirurgias robóticas em ginecologia, além de outras 4 cirurgias demonstrativas realizadas durante simpósios. “Os números representam a experiência do Einstein e o coloca no topo do ranking nacional nessa tecnologia”, diz o especialista. Nos Estados Unidos, a situação é bem diferente, uma vez que as cirurgias ginecológicas já são líderes de procedimentos robóticos naquele país.

“Uma vez que finalmente demos a partida no Brasil, nossa expectativa é de crescimento na realização de procedimentos ginecológicos com o robô nos próximos anos, seguindo a tendência de Estados Unidos e Europa. A robótica poderá ajudar, em maior escala, no tratamento de doenças ginecológicas complexas e do câncer ginecológico”, acrescenta Tamura.

Cirurgia geral e do aparelho digestivo – Nos últimos 18 meses, já foram feitas mais de 100 cirurgias. Segundo o gastro cirurgião Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo – responsável pela equipe que realizou a maior parte das cirurgias robóticas das áreas de aparelho digestivo, oncologia e cirurgia geral – os principais procedimentos foram de hérnia de hiato, tumores de fígado, de pâncreas, de estômago e esôfago, de reto, endometriose intestinal, assim como casos que necessitam de retirada de gânglios em retroperitôneo.

De acordo com Vladimir Schraibman, cirurgião geral e do aparelho digestivo e orientador da especialidade, muitos pacientes já foram operados e procuram o Einstein para serem reoperados. Ele conta também que, em relação aos Estados Unidos, no Einstein, realizam-se os mesmos tipos de procedimento com resultados similares em termos de recuperação, sangramento e morbidade.

“A diferença é que, nos Estados Unidos, as cirurgias de gastroenterologia são realizadas há mais de cinco anos”, considera o especialista, que aposta – para os próximos anos – em incisões únicas (single port), equipamentos mais baratos, custos menores, imagem full hd, exames tridimensionais na tela ao mesmo tempo da operação, entre outras novidades.

Cardiologia – As primeiras cirurgias robóticas em cardiologia da América Latina começaram a ser realizadas em março deste ano no Einstein. Segundo Robinson Poffo, cirurgião cardíaco e próctor da especialidade, as mais frequentes são as das válvulas cardíacas, em torno de 60% das aplicações, principalmente da válvula mitral. “Até o momento, sete pessoas foram operadas, sendo duas com cardiopatia congênita, quatro cirurgias de válvula mitral e um caso raro de tumor intracardíaco, com ressecção e reconstrução do coração”, conta.

O especialista ressalta que a palavra de ordem para iniciar o projeto de robótica na instituição foi planejamento. “Iniciei meus estudos em cirurgia cardíaca robótica em 2002, na Alemanha, e, de lá para cá, foram vários cursos e treinamentos nos Estados Unidos, com o objetivo de obter a certificação necessária para a realização de procedimentos cardíacos utilizando o sistema robótico daVinci”, diz.

Sobre o robô cirurgião – O daVinci Surgical System combina imagens 3D em alta resolução e movimentos, controlados intuitivamente durante a cirurgia. Criado como alternativa para operações à distância, o sistema é formado por três unidades:

A primeira é a mesa de operação com o robô, composto por quatro braços poliarticulados, com flexibilidade de 360º e movimentos precisos. Na ponta de um desses braços, há uma câmera que emite imagens em 3D. Os outros três braços manipulam pinças cirúrgicas, movimentadas pela máquina, reproduzindo as sutilezas do mais exímio cirurgião.

A segunda unidade é um console inspirado nos simuladores de voo, no qual os médicos recebem as imagens 3D de alta definição e realizam os movimentos operatórios com as próprias mãos, que são transmitidos para o robô. Completando o sistema, há um conjunto de hardware externo.

Iguais a ele, existem outros 1200 no mundo. No Brasil, são apenas três. Entre os principais benefícios estão cortes menores, recuperação rápida, diminuição das dores e complicações pós-cirúrgicas. Para o cirurgião, as vantagens são sentidas na prática: o sistema robótico tem mecanismos que corrigem o tremor natural das mãos, articulações que proporcionam maior amplitude de movimentos e melhor ergonomia durante o procedimento.

Com isso, o médico visualiza em detalhes locais que não alcançaria durante um procedimento tradicional ou mesmo laparoscópico. O robô ainda tem extrema habilidade para movimentos delicados como as suturas ou anastomose – que consiste na união de vasos sanguíneos ou partes de órgãos – além de não haver problemas de fadiga ou movimentos involuntários.

Futuro – Para os especialistas, o futuro promete grandes avanços na cirurgia robótica. Ela está evoluindo para uma segunda geração de um conjunto de equipamentos que vai proporcionar cirurgias feitas totalmente pelo umbigo, sobrepondo imagens de tomografia e ressonância magnética durante o procedimento, guiando o cirurgião de forma mais precisa.

.[3nd Annual World Robotic Symposium Latin America, dias 21 e 22 de agosto de 2010 (sábado e domingo), no Hotel Hilton Morumbi, Av. das Nações Unidas, 12.901 - Morumbi - São Paulo | www.einstein.br/robotics].