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24/08/2010 - 08:09

Óleo de palma: maior commodity de óleo vegetal do mundo é desafio para o Brasil

Desenvolvimento sustentável pode levar o país à vanguarda do mundo.

O Brasil vive um momento crucial no que se refere à cultura da palma. Com uma produção de óleo de palma ainda modesta, hoje em torno de 200 mil toneladas/ano, 90% realizada no estado do Pará, o país é o 11º produtor do mundo e importa o mesmo volume que produz para suprir a demanda interna. Porém, dentro de algumas décadas, pode se aproximar dos maiores do globo nesse segmento – o primeiro é a Indonésia, com 20,9 milhões de toneladas/ano, seguido pela Malásia, com 17,5 milhões de toneladas/ano e a Tailândia, com 1,3 milhões de toneladas/ano. O Governo Federal aposta no setor, tanto que lançou, no mês de junho, um programa de incentivo à cultura da palma.

“Nunca houve, por parte de governo algum, um programa como existe hoje no Brasil. Ótimo no papel. O desafio agora é como ele será implantado, pois pode impulsionar o país para a vanguarda do mundo ou trazer maus resultados”, afirma Marcello Brito, vice-presidente da RSPO - Roundtable on Sustainable Palm Oil (Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável) e conselheiro do Banco Mundial para assuntos de óleo de palma.

Para Brito, esta é a oportunidade para o país desenvolver a cultura da palma com base em diretrizes sustentáveis. “Nosso país tem condições diferenciadas para isso, uma vez que está ´começando` e já conta com empresas de bom histórico na área, inclusive em processo de certificação. Precisamos evitar cometer os mesmos erros que existem mundo afora”, defende, referindo-se à degradação ambiental.

O potencial do Brasil para a cultura da palma é enorme. Há terra, condições climáticas, mão de obra e potencial de mercado. Não à toa gigantes como Petrobras e Vale adentraram o segmento. A expectativa do programa brasileiro é cultivar uma área de um milhão de hectares (exclusivamente áreas degradadas ou pastos) e alcançar uma produção de óleo de palma de 6 toneladas/hectare/ano, com programas de agricultura familiar, atingindo, portanto, uma produção de 6 milhões de toneladas/ano, o que levaria o país ao terceiro lugar na produção mundial.

A estimativa é bastante ousada considerando que a média mundial de produção com programas de agricultura familiar é de 1,35 a 1,65 toneladas/ha/ano. Mas não totalmente impossível, tendo em vista que a produção cresce muito quando há acesso às melhores tecnologias, sementes e assistência técnica. No Brasil, o Grupo Agropalma, maior produtor individual de óleo de palma da América Latina, alcança esses índices de produção em algumas áreas no interior do Pará.

A cultura da palma é exigente em termos de recursos humanos. Segundo Brito, são necessárias uma mão de obra direta e três indiretas a cada 10 hectares. Numa conta rápida, calcula-se que para atender a produção em um milhão de hectares esperada pelo governo, serão necessárias 300 mil pessoas, um contingente que não está disponível no norte do país. “Esse certamente será um dos pontos-chave para o desenvolvimento”, avalia Brito.

Outra questão decisiva é a continuidade. A cultura da palma não é sazonal, mas de longo prazo. Exige acompanhamento rigoroso e o payback estimado é de oito anos. “O plantio da palma é um casamento que não pode ser desfeito com menos de 25 anos, ou seja, até o replantio”, esclarece Brito.

Sustentabilidade - Crescer em bases sustentáveis é imprescindível para a cultura da palma, tanto para a preservação da Amazônia brasileira quanto por uma questão de mercado. No cenário internacional já não cabe mais não ser sustentável. São crescentes as exigências de certificação no setor. Segundo dados da RSPO, hoje já existem 44 empresas certificadas, que detêm 83 indústrias no mundo. São mais de 493 mil hectares de áreas de plantio certificadas e são produzidos 2,5 milhões de toneladas/ano de óleo de palma sustentável.

Se por um lado parece pouco em vista da produção mundial, que é de 45,11 milhões de toneladas/ano, representa uma enorme oportunidade de mercado, uma vez que a demanda por produtos sustentáveis cresce vertiginosamente. A Unilever, maior compradora de óleo de palma do mundo, por exemplo, já firmou compromisso de que, a partir de 2015, só comprará o produto certificado. Outras gigantes seguem o mesmo caminho.

Por que óleo de palma? - Importante matéria-prima para a indústria alimentícia, cosmética e oleoquímica, a produção do óleo de palma tem uma grande vantagem sobre os demais óleos vegetais: demanda muito menos espaço físico. Uma tonelada de óleo de soja, por exemplo, exige quase dez vezes mais terras do que uma tonelada de óleo de palma (ver tabela abaixo). Uma diferença estrondosa. Além disso, o cultivo da palma promove a recuperação de áreas degradadas, há muito tempo desmatadas ou transformadas em pasto. O plantio da palma também contribui na redução de emissão de gases do efeito estufa -- cada hectare quando as árvores estão adultas, sequestra mais de 26 toneladas de carbono. Isso sem contar o poder de geração de emprego e renda, uma vez que tem alta exigência de mão de obra.

Produção mundial de óleos vegetais X área plantada.: Palma – 45,11 milhões de toneladas/ano X 12 milhões de hectares | Soja – 35,9 milhões de toneladas/ano X 102 milhões de hectares | Canola – 23,27 milhões de toneladas/ano X 31,7 milhões de hectares | Girassol – 11,64 milhões de toneladas/ano X 30,8 milhões de hectares. Fonte: Oil World 2009 e 2010.

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