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23/06/2007 - 11:41

Na fila de espera

O Ministério da Previdência Social vai anunciar medidas que prometem reduzir o tempo que uma pessoa leva para obter uma resposta sobre o pedido de aposentadoria. Atualmente, um cidadão brasileiro espera em média dois meses e meio por essa definição e em algumas agências essa indefinição pode perdurar por até nove meses. A expectativa é que esse prazo não ultrapasse os 30 dias.

O governo também quer se comprometer a diminuir o tempo de atendimento para as perícias médicas. Aparentemente, a impressão é a de que essas ações são tímidas diante dos problemas do setor. Mas tenho certeza que os impactos serão imediatos, permitindo que milhões de pessoas tenham acesso aos benefícios em um espaço menor de tempo.

Desde o início do ano, a Previdência Social está no centro do debate. Mas o Fórum criado para discutir os problemas do setor tem se limitado a tratar de questões de impacto em longo prazo, sobretudo no que se refere ao gigantesco déficit que pode levar o sistema a um colapso nas próximas décadas. O problema é realmente sério, mas não terá impacto imediato na vida de quem hoje se acotovela nas filas das agências do INSS.

Para quem realmente depende da Previdência Social, pouca coisa mudou nos últimos anos. Os avanços promovidos pela internet e pelas centrais de atendimento telefônico agilizam o atendimento apenas de quem possui recursos para pagar por tecnologia. O restante, a maioria dos beneficiários, sequer tem dinheiro para pegar um ônibus? São as pessoas que mais necessitam dos benefícios, ainda que muitas vezes nem mesmo saibam que têm direito ao salário mensal pago pelo governo.

É o trabalhador que acorda cedo, que enfrenta longas distâncias na volta para casa, que não tem acesso a jornais e que tem na televisão um referencial de entretenimento antes de utilizá-la como fonte de informação. É aquele sujeito que só se interessa pelo assunto aposentadoria quando descobre que o vizinho, aposentado, conseguiu crédito a juros mais baixos no banco e aquele empréstimo de nome engraçado, o tal de consignado, que faz com que os parcelas sejam descontadas mês a mês da folha de pagamento do benefício.

Nos últimos três anos, o valor desses empréstimos chegou perto de R$ 25 bilhões. Um em cada três aposentados utilizou-se do “benefício”. A grande maioria teve dificuldades para quitar sua dívida com os bancos. Prova disso é que um montante de R$ 19 bilhões desse bolo ainda não foi totalmente pago. É dinheiro que não acaba mais.

Ao mesmo tempo em que estimulou esse tipo de iniciativa, o governo pouco fez pela modernização de suas agências e da melhoria dos serviços para os aposentados. Não existe fórmula mágica para resolver algumas pendências. Às vezes, basta força de vontade e gente especializada para colocar idéias simples em prática. Reduzir o tempo de espera na fila por um benefício é a primeira delas. Torço para que isso saia do papel com a mesma velocidade e eficiência que os empréstimos consignados.

. Por: Milton Dallari é consultor empresarial, engenheiro, advogado e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp. O e-mail para contato é o [email protected] .

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