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23/06/2007 - 11:45

Um cenário brasileiro

A valorização da moeda brasileira não é só assunto interno, como também tem chamado a atenção de analistas e da mídia econômica internacional. Para o diário londrino The Financial Times, o Real teve a maior valorização entre os países emergentes. Segundo a sua visão há um aumento no interesse dos investidores por mercados emergentes. A avaliação do risco-país que antes era mal posicionada entre os demais países emergentes, tem agora recebido boas notas pelas agências especializadas. Tanto que a alta do Real acabou se refletindo na valorização dos títulos da dívida argentina, e que lá foi chamado de "Efeito Brasil".

Enquanto o Brasil não alcança a classificação do grau de investimento para um país, considerado importante pelos gestores de dinheiro, outras instituições financeiras de atuação global como Citigroup, Merril Lynch e o suíço UBS estão recomendando que se invistam mais dinheiro em ações de empresas brasileiras, do que o recomendado pelos índices para mercados emergentes, conforme informou The Wall Street Journal.

Esta assertiva é corroborada pelo economista da Universidade de Yale, Robert Schiller, autor do livro "Exuberância Irracional". Neste livro classificava as cotações nas bolsas de valores como uma bolha especulativa e previa a quebra das cotações. Desta vez em artigo, informa sobre o Brasil, que "as coisas parecem bem... a inflação está estável,... a moeda é forte, as pessoas encaram este como um lugar estável para investir".

No artigo, também diz que "qualquer sinal de que investidores americanos ou europeus podem perder seu apetite por investimentos mais arriscados no exterior prejudicaria as ações brasileiras. Ainda assim, muitos investidores continuam otimistas de que a economia do Brasil está no caminho certo".

Afinal existe uma boa base para estas afirmações, os preços dos commodities agrícolas tem se valorizado, compensando em muito a desvalorização do dólar. As empresas brasileiras estão optando em buscar financiamento no mercado internacional que trabalha com taxas inferiores as praticadas no país. Com a desvalorização continuada do dólar, poderão efetuar a quitação do principal em Real, em montante inferior ao recebido. A indústria de bens duráveis, como a automobilística, mudou o seu foco de negócios optando pela crescente demanda do mercado interno e reduzindo as suas exportações.

Já na outra face da moeda, os que têm o seu alicerce de negócios no conquistado espaço do mercado externo estão sofrendo a cada dia maiores revezes. Como é o caso do setor coureiro-calçadista e da indústria moveleira, que estão optando por fechar fábricas e, por conseqüência, aumenta o desemprego nesses setores. A ajuda a ser recebida será um empréstimo do BNDES, com parte subsidiada pelo Tesouro Nacional. Mesmo assim trata-se de empréstimo que terá que ser pago.

Entretanto, há aumentos substanciais nos volumes exportados e nos recursos obtidos. A exposição da dívida externa foi reduzida substancialmente e o país hoje conta com reservas superiores a US$ 140 bilhões. O que afasta qualquer possibilidade de um ataque especulativo.

Mesmo assim, em cenário ampliado, teremos em anos a ser seguidos crescimento da economia, capitaneados pelo efeito do etanol brasileiro. Mesmo que os primeiros resultados da reunião do G-8 apontem uma lenta aplicação nas regras de diminuição dos efeitos no aquecimento global.

Não pode ser esquecido que ainda perduram alguns pontos negativos que são muito bem observados pelas agências de risco: Renda e Estrutura Econômica, Flexibilidade Fiscal e a Dívida do Governo Federal. Sendo que esta última análise é sobre um montante de R$ 1, 285 trilhão.

Por outro lado o Risco Político, que também é analisado, não está afetando a economia como um todo. Mas isto não quer dizer que os braços devam ser cruzados. As apurações sobre desvios do dinheiro público devem ir adiante, se comprovadas os envolvidos devem ser indiciados e levados os processos ao Judiciário, que aplicará as penas devidas. A torrente de denuncias de corrupção que tem vindo a público poderá, com o afastamento dos envolvidos e principalmente melhores controles nos gastos, fazer com que finalmente o desenvolvimento econômico e os recursos cheguem ao seu destino, que é o benefício de direito da população brasileira.

. Por: Décio Pizzato, Economista, articulista do Jornal do Comércio (Porto Alegre) desde 1995. Faz palestras sobre economia contemporânea para cursos de graduação e pós-graduação (RS). Atua como consultor de cenários de econômia contemporânea brasileira. | Cofecon

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