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31/08/2010 - 09:27

Na horizontal, todo mundo é igual

Fundador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein e um dos pioneiros da terapia intensiva no país, o renomado cardiologista Elias Knobel conta na obra “A vida por um fio e por inteiro” sua trajetória de mais de 30 anos à frente de uma UTI

Para o especialista, na luta pela vida, as pessoas revelam – ou até mudam- os seus comportamentos e valores.

Na horizontal, todo mundo é igual. Em estado grave, no corredor da Unidade de Terapia Intensiva, as pessoas se comportam de forma semelhante, independente da classe social, religião, cor. “Com a perspectiva da morte, todos são iguais, todos perdem o controle de si. Já vi muitos truculentos amansarem. Na horizontal, todos se nivelam”, afirma o diretor emérito do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, o cardiologista Elias Knobel, que acaba de lançar o livro “A vida por um fio e por inteiro”, da Editora Atheneu, sobre sua trajetória profissional e pessoal nos mais de 32 anos à frente da UTI.

Segundo relatos do livro, pelos corredores da UTI se vêem disputas por heranças, brigas por partilha de bens, amigos se reencontrando. “Vi parentes que se conheceram na sala de espera quando, no leito da UTI, estava o doente que mantinha uma família extra-oficial e ninguém sabia. Definitivamente, ali nascem paixões, descobrem-se curiosidades, demonstra-se amor de todas as formas”, explica. “A UTI é um microcosmo da aventura humana. Onde caem as máscaras e as pessoas se revelam”, disse.

Familiares- A família também é um capítulo à parte. “Costumo dizer que se conhece uma pessoa sob efeito de bebida, durante um jogo e na sala de espera de uma UTI”, diz Knobel. “Além do familiar que reclama de tudo, há aquele que é neurótico, o tremendamente exigente, o obsessivo, o dependente. Há casos em que o paciente chega com uma parada cardíaca, você faz de tudo e ele melhora, mas escorre no cantinho da boca um pouco de saliva, e o familiar fica indignado- ‘É um absurdo tratar alguém assim’. Mas tem caso em que surge uma complicação e o familiar fica com pena do médico porque percebe que você ficou triste”.

De acordo com o médico, também tem o caso da doença chamada “hospitalite”. “Após a melhora do paciente, no primeiro dia, ouço - é Deus no céu e o senhor na terra, doutor. Aí, passam dois dias, quatro e com a recuperação do paciente, ouve-se reclamações do elevador, do estacionamento, da comida. As lágrimas que estavam quentes na hora do agradecimento e da esperança, começam a esfriar quando a batalha está vencida “Tem todo o tipo de gente na UTI”.

A vida por um fio e por inteiro: Elias Knobel, Ed. Atheneu | 320 Páginas | Preço: R$ 37,00 | À venda nas livrarias | www.atheneu.com.br.

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