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09/09/2010 - 09:09

Agosto ainda tem recuo nos preços da cesta

Brasil - A tendência de queda no preço dos produtos alimentícios essenciais manteve-se, em agosto, segundo apurou a Pesquisa Nacional da Cesta Básica, realizada pelo DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – em 17 capitais. Apenas em Porto Alegre – onde o valor do conjunto de gêneros essenciais subiu 1,36% - houve alta.

Entre as demais localidades, o recuo foi menor que no mês anterior nas capitais do Centro-Sul do país, enquanto no Norte-Nordeste a queda foi mais significativa. As menores retrações, em agosto, ocorreram para Florianópolis (-0,08%), Goiânia (-0,49%), Rio de Janeiro (-0,57%) e Curitiba (-0,71%). As variações negativas mais expressivas foram apuradas em Natal (-6,39%) e Recife (-6,28%).

Com a única elevação no custo da cesta, em agosto, Porto Alegre registrou o maior custo para os gêneros básicos – R$ 240,91-, superando o valor apurado para São Paulo (R$ 235,65). O terceiro maior custo foi verificado em Manaus (R$ 226,26). As cestas mais baratas foram encontradas em Aracaju (R$ 174,96) e Fortaleza (R$ 179,50).

Para estimar o valor do salário mínimo necessário, o DIEESE toma por base o maior custo apurado para a cesta básica, e leva em conta a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deveria suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Em agosto, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 2.023,89, ou seja, 3,97 vezes o mínimo em vigor, de R$ 510,00. Como o valor é calculado a partir do custo apurado na capital onde a cesta é mais cara, e em agosto esta localidade foi a única com elevação, o total estimado para o mês é ligeiramente superior ao registrado em julho, quando ficou em R$ 2.011,03 (3,94 vezes o menor salário pago no país). Em agosto de 2009, o valor do mínimo foi calculado em R$ 2.005,07, o que representa 4,31 vezes o mínimo então em vigor, de R$ 465,00. Variações acumuladas Quatro localidades acumulam, entre janeiro e agosto deste ano, variação negativa para o custo da cesta básica: Brasília (-3,71%), Rio de Janeiro (-0,69%), Vitória (-0,52%) e Belo Horizonte (-0,07). Goiânia (12,08%), Recife (9,87%) e João Pessoa (7,43%) registraram os maiores aumentos.

Em 12 meses - no período entre setembro de 2009 e agosto de 2010 -, três capitais, Vitória (-2,30%), Brasília (-1,51%) e Rio de Janeiro (-0,87%) registraram variação acumulada negativa. A maior elevação, no período, foi apurada em Goiânia (8,79%), vindo a seguir São Paulo (4,41%), Aracaju (4,11%) e Manaus (3,84%).

Cesta x salário mínimo - Em agosto, para adquirir uma cesta básica, o trabalhador que ganha salário mínimo precisou cumprir, na média das 17 capitais onde o DIEESE pesquisa os preços dos alimentos básicos, uma jornada de 89 horas e 38 minutos, pouco mais de duas horas a menos que em julho (91 horas e 50 minutos), em consequência do predomínio de queda no custo da cesta. Em agosto do ano passado, era exigido do trabalhador, o cumprimento de uma jornada de 96 horas e 37 minutos.

A mesma situação é observada quando se considera o percentual do salário mínimo líquido (após o desconto da parcela correspondente à Previdência) requerido para a aquisição dos produtos essenciais. Em agosto, o custo da cesta básica comprometia, na média das 17 capitais, 44,29% do mínimo líquido, enquanto em julho eram necessários 45,37%. Em agosto de 2009, 47,73% do rendimento líquido eram exigidos para a mesma aquisição.

Comportamento dos preços - O predomínio de itens com variação negativa na maior parte das capitais determinou, em agosto, a redução do custo da cesta básica em quase todas as capitais pesquisadas. O tomate, a exemplo do que ocorreu nos meses anteriores, teve retração na maioria das cidades pesquisadas, desta vez com este comportamento registrado em 14 localidades. As maiores reduções foram apuradas em capitais do Norte e Nordeste, em especial Natal (-45,74%), Fortaleza (-38,78%), Salvador (-37,10%) e Recife (-31,60%). Aumentos foram observados em Florianópolis (5,08%), Goiânia (5,97%) e principalmente em Porto Alegre (12,97%), onde a alta do tomate foi a responsável pelo comportamento positivo do preço da cesta (Tabela 2). Em 12 meses, o preço do tomate caiu em todas as capitais pesquisadas. A maioria das cidades teve taxas expressivas, como no Rio de Janeiro (-37,61%), Salvador (-35,94%), Brasília (-35,29%), Natal (-31,37%) e Vitória (-31,25%). As menores taxas foram encontradas em Aracaju (-0,65%) e João Pessoa (-6,33%). A prolongada estiagem pode prejudicar a colheita, principalmente onde houver dificuldade para irrigação, o que pode resultar em elevação do preço do produto.

Treze capitais registraram queda no preço do feijão. As variações mais expressivas foram anotadas em localidades onde é acompanhado o preço da variedade cores: Belo Horizonte (-12,44%), Recife (-11,67%), São Paulo (-10,34%) e Natal (-9,11%). A elevação, porém ocorreu tanto para o feijão de cores – Fortaleza (18,52%) e Manaus (7,02%) e Salvador (1,07%) – quanto para o preto – Porto Alegre (1,15%). Na comparação com agosto de 2009, 16 capitais registraram aumento, com a única retração verificada em Vitória (-4,57%). Em onze localidades as taxas superaram 20%, com destaque para Goiânia (75,70%), Aracaju (54,02%), Manaus (45,75%) e Natal (40,53%). Na comparação de agosto de 2009 com o mesmo mês de 2008, todas as capitais haviam indicado retração nos preços. O quadro atual tem origem no atraso do plantio da safra do final de 2009, devido à intensidade das chuvas. Caso a seca não se prolongue por muito tempo, a colheita deste ano pode ser grande e garantir a redução dos preços. O preço do arroz caiu, em agosto, em 12 cidades, com as taxas mais significativas apuradas em Brasília (-8,37%), Aracaju (-5,10%) e Vitória (-3,93%). Das cinco regiões onde houve aumento, o maior verificou-se em Salvador (2,17%). Apesar do período de seca, o preço do leite reduziu-se em 10 capitais, em especial em Belém (-4,42%), João Pessoa (-3,37%) e Recife (-3,24%). Em Natal e Aracaju houve estabilidade e cinco localidades tiveram alta, como ocorreu em Fortaleza (2,79%) e Rio de Janeiro (2,63%).

Em relação a agosto de 2009, o preço do leite caiu em 14 cidades, movimento liderado por Vitória (-18,18%), Belo Horizonte (-15,85%) e Salvador (-15,74%) e. O início do período de maior produção – de setembro a abril – costuma resultar em redução do preço. No entanto, a incerteza quanto à duração da forte estiagem pode contrariar esta expectativa. Também o açúcar teve seu preço reduzido em dez cidades, em agosto, com as taxas mais expressivas anotadas em Natal (-7,50%) e Manaus (-6,59%). Houve estabilidade em Goiânia e das seis regiões com alta, o destaque foi Fortaleza (10,29%). No período anual, o açúcar registrou queda apenas em Salvador (5,64%) e encareceu em 16 cidades, apresentando aumentos expressivos em localidades como Brasília (36,46%), Belém (29,84%), Rio de Janeiro (26,11%) e São Paulo (24,49%). Houve prejuízo à produção devido às fortes chuvas ocorridas no auge da colheita do Centro-Sul, mas a redução das exportações causadas pela crise financeira favoreceu a maior oferta interna do produto, a preços mais baixos. Para os próximos meses, a tendência de queda deve continuar.

Todas as nove capitais do Centro-Sul do país onde a batata é pesquisada apresentaram redução expressiva, em agosto. As taxas mais significativas foram apuradas Brasília (-34,89%), Rio de Janeiro (-31,75%) e Vitória (-30,26%). Carne, óleo de soja, pão e farinha de trigo são os produtos cujo preço teve predomínio de elevação, em agosto.

A carne, item de maior peso na cesta básica, subiu em 14 capitais, com destaque para Fortaleza (5,19%), Vitória (3,57%), Rio de Janeiro (3,46%) e Belo Horizonte (3,01%). Houve retração em João Pessoa (-0,24%), Aracaju (-1,21%) e Recife (-1,60%). Na comparação com agosto de 2009, a carne teve alta em todas as 17 capitais, com taxas expressivas em Goiânia (12,48%), Natal (10,17%) e São Paulo (10,02%). O fim da entressafra coincidiu com a seca em extensa área do país, impedindo a melhora das pastagens para engorda dos bois. Em 2009, com a redução das exportações, houve o abate de matrizes, e com isso, atualmente, há falta de gado de corte, o que tem elevado os preços em relação ao ano passado.

O óleo de soja teve aumento, em agosto, em 13 capitais, principalmente em Belo Horizonte (5,02%) e Salvador (4,93%). Houve estabilidade em Recife e recuo em três cidades, o maior em Fortaleza (-8,68%).

O pão subiu em dez cidades, com as maiores taxas apuradas em Fortaleza (2,87%) e Curitiba (2,50%). Houve estabilidade em São Paulo e redução em seis capitais, em especial em Salvador (-1,57%) e Belo Horizonte (-1,28%).

No período de 12 meses, cabe destaque ainda para o café, cujo preço caiu em 14 capitais, com as maiores taxas verificadas em Manaus (-6,93%), Belém (-6,48%), São Paulo (-5,56%), Curitiba (-5,35%) e Rio de Janeiro (-5,12%). Aumentos foram constatados em Goiânia (4,55%), João Pessoa (3,40%) e Belo Horizonte (1,50%). Houve boa safra o que garantiu a redução do preço, mesmo com volume elevado de exportações.

São Paulo - Em agosto, o custo da cesta de alimentos essenciais, em São Paulo, ficou em R$ 235,65, registrando o segundo maior valor entre as 17 capitais pesquisadas pelo DIEESE. Em comparação com julho, foi apurada redução de 1,56%. Entre janeiro e agosto deste ano, a cesta teve alta de 3,27% e em relação a agosto de 2009 subiu 4,41%.

Os preços de seis, dos treze produtos que compõem a cesta básica paulistana, tiveram queda, em agosto, e dois deles foram determinantes para a redução no custo total do conjunto de gêneros alimentícios básicos: batata (-25,51%) e feijão carioquinha (-10,34%). Pequenas variações ocorreram para leite in natura integral (-0,91%), manteiga (-0,70%), arroz agulhinha (-0,49%) e tomate (-0,43%). Houve estabilidade no pão francês e no café em pó. Dentre os cinco produtos que tiveram alta, o maior aumento foi registrado para a carne bovina de primeira (2,74%), seguido por óleo de soja (2,27%), farinha de trigo (1,14%), açúcar refinado (0,55%) e banana nanica (0,49%).

Nos últimos 12 meses – de setembro de 2009 a agosto de 2010 – três produtos apresentaram aumentos significativos: feijão (35,51%), açúcar (24,49%) e carne (10,02%). Também subiram a banana (9,04%), pão (5,17%), arroz (4,08%) e óleo de soja (0,90%). Recuo nos preços foi apurado para tomate (-13,06%), leite (-10,66%), farinha de trigo (-6,97%), café (-5,56%), batata (-3,66%) e manteiga (-2,31%). Os produtos, que registraram forte alta anual, tenderão a ter redução de preço nos próximos meses, como é o caso do feijão, batata, açúcar, banana e manteiga.

O trabalhador paulistano remunerado pelo salário mínimo comprometeu, em agosto, 101 horas e 39 minutos de sua jornada mensal para a compra dos alimentos básicos, um pouco menos que o necessário em julho, quando correspondia a 103 horas e 16 minutos e um jornada mais de cinco horas menor que o exigido no mesmo mês, em 2009.Raciocínio semelhante pode ser efetuado quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social. Esta relação correspondia a 50,22%, em agosto, contra 51,02%, em julho e 52,76%, em agosto do ano passado. [www.dieese.org.br]

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