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09/09/2010 - 10:09

Rede social: empresa deve regrar uso

Não dá mais para negar. As chamadas redes sociais (Orkut, Facebook, Twitter, Linked In etc.) provaram ser mais de que um modismo e vieram para ficar. Seu uso cresce a cada dia. No mundo, mais de 350 milhões de pessoas acessam as redes sociais. Apenas o Twitter, em maio, teve 32 milhões de usuários. O crescimento da utilização vem acompanhado de histórias representativas, como furos de reportagem obtidos na rede, discussões públicas acaloradas, prestação de serviços e novidades quase diárias. Tal processo, no entanto, vem acompanhado de casos menos animadores. Pipocam também histórias de difamação, discriminação, vazamento de informações sigilosas e fraudes. E claro, muito disso ocorreu, ou teve origem, no ambiente corporativo, gerando prejuízos, conflitos e até demissões e processos judiciais, expondo a marca das empresas.

A mudança foi muito rápida e, mais uma vez, empresas e departamentos de RH foram pegos de sobressalto. Como evitar problemas envolvendo as redes sociais? Devo simplesmente proibir que meus colaboradores façam uso dessas ferramentas? Essas são perguntas cada vez mais comuns na mente dos gestores, mas a urgência do assunto não deve suprimir o devido estudo.

Antes de tudo, temos que dar um passo atrás. As redes sociais são apenas um dos muitos recursos da internet, e outras funcionalidades como o e-mail, navegação, Skype, listas de discussão também tem potencial de dano. Por isso, antes de avançarmos na questão das redes sociais, é fundamental que as empresas tenham uma política formal de uso da internet. A norma de uso da internet deve ser escrita e difundida em toda a organização. Treinamentos e atualizações devem ser realizados, bem como a reprimenda dos faltosos. Isso tudo sob pena de a empresa ser co-responsabilizada judicialmente em um possível mau uso.

Dentro desse leque de possibilidades, as redes sociais merecem especial destaque, uma vez que o potencial de difusão da informação é enorme. Qualquer comentário comum no Twitter pode se espalhar de usuário a usuário até atingir alguém com milhares de seguidores. Por exemplo, o jornalista Marcelo Tas tem mais de meio milhão de seguidores. Embora essa perspectiva possa parecer assustadora, talvez o melhor caminho não seja a proibição total. Além de esbarrar em limites legais (a empresa não poderia limitar tanto as atividades privadas de seus colaboradores), a vedação integral poderia simplesmente incentivar o anonimato, o que até poderia ser mais danoso. Acredito que, nestes casos, deva prevalecer o bom senso e regras claras. Seria como proibir o uso do telefone para ligações particulares.

Em primeiro lugar, devemos separar o que é da esfera particular e o que é da esfera do trabalho. O uso de e-mail corporativo nas redes sociais, por exemplo, deve ser repensado. Na esfera particular, ainda mais quando a colaboração for realizada fora do horário e do ambiente de trabalho, a empresa não pode ter o controle total. O que se pode orientar é que, em sendo particular, não pode haver referência a empresa e informações corporativas. Na esfera do trabalho, a empresa pode disciplinar o uso das redes sociais, estabelecendo parâmetros e procedimentos. Aqui cabe ressaltar que várias empresas já estão presentes nas redes sociais, muitas vezes oferecendo até serviços. A presença de seus colaboradores, desde que organizada, pode trazer benefícios internamente e externamente ao promover o intercâmbio de informações.

No ambiente interno, as organizações podem proibir a difusão de comentários preconceituosos, de informações sigilosas, bem como ofensas e postura inapropriada. Mais do que isso, pode prever sanções que, em situações críticas, podem até chegar à demissão por justa causa. Mais do que ameaças (que podem gerar descontentamento), o fundamental é estabelecer regras claras e, se possível, das quais os colaboradores tomem parte na elaboração.

Todos esses cuidados auxiliam a empresa a se preservar em caso de demanda judicial, e a manter um clima organizacional saudável. O avanço tecnológico está revolucionando as relações com os consumidores e com a força de trabalho. Simplesmente fazer parar esta roda, não é viável e nem indicado, mas cuidados devem ser tomados. Governança e transparência devem abranger as políticas de recursos humanos de forma a efetivamente conquistar a adesão dos colaboradores, ainda mais em um mundo com redes sociais.

. Por: Sólon Cunha, advogado, mestre e doutor em direito trabalhista e sócio do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice.

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