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22/09/2010 - 11:16

Finitúdenes um hino à vida


Exposição de Yolanda Freyre, com curadoria de Ana Durães.

Comemorando seus 70 anos de nascimento e os 40 anos de vida artística Yolanda Freyre apresentará de de 16 de outubro a 30 de novembro, no Parque das Ruínas em Santa Teresa, Rio de Janeiro, um resumo de sua obra que incluirá o trabalho apresentado na Bienal Internacional de São Paulo, nos anos 70 - “ Os Passarinhos da Figueira” e, na galeria anexa aquarelas, óleos e objetos, sob o tema da finitude.

Yolanda Freyre usa diversas plataformas para falar da finitude em processo. O local escolhido, Parque das Ruínas, se integra perfeitamente ao discurso da artista que será todo ocupado e apresentado em quatro módulos: 1º Módulo - Fotografias das performances e instalação apresentada na XIII Bienal Internacional de São Paulo, Os Passarinhos da Figueira | 2º Módulo - Óleo sobre tela e aquarela sobre papel, com colagens de folhas recobertas com ouro 18 quilates \ 3º Módulo - Óleo sobre tela e aquarela sobre papel, com colagens de jornal e aplicação de folha de ouro18 quilates | 4º Módulo - Óleo sobre cascas de árvore, com colagens de cascas de cigarra recobertas de ouro 18 quilates.

*Finitúdenes, é a finitude em processo, explica Yolanda, retrata o sentido que não se fecha como algo definitivo, mas, ao contrário, traz a idéia de um acontecimento em tempo gerúndio, reafirmando a obra da artista que se propõe a não abordar a morte como fim. A escolha do local para a exposição também condiz com o sentido do trabalho, já que ruínas sugerem algo que guarda uma memória e carrega uma história.

Yolanda Freyre por Yolanda Freyre - Em 1974 iniciei a minha vida profissional como artista plástica realizando uma instalação e performance no Centro de Pesquisa de Arte Ivan Serpa sob o título "Pele de Bicho ou Alma de Flor", onde expressei aspectos antagônicos da existência humana.

A partir de então, desenvolvi vários trabalhos em performance e instalações apresentados em Salões Nacionais, Bienais Internacionais e Museus. O elemento cor era observado nas diferentes fases da vida da hortênsia e relacionado ao amadurecimento do homem.

Passei a observar a cor nas paisagens naturais e a fazer uma articulação com a proporção matemática de cada cor – tom, num determinado espaço: fosse céu, fosse planta ou montanha. Com essa pesquisa plástica fui convidada a expor na Université de Sciences et Techniques du Languedoc, França, tendo sido apresentada por Artibano Micalli, matemático ilustre e colecionador de arte cujo nome consta da enciclopédia francesa.

Guardando o interesse pela cor, de volta ao Brasil, associei à cor o movimento geométrico da água se deslocando. Realizei, então, a série intitulada Maioba, apresentada no Brasil e em algumas cidades da Itália, através da Galeria 9 Collonne Spe.

A densidade da matéria pictórica cresce em importância na minha pesquisa. Passo a abstrair a cor para melhor evidenciar as diferentes matérias criadas. Crio painéis modulados onde os avanços e recuos dos vários módulos aludem às modulações desenvolvidas por Cézanne (brancos). É quando realizo uma grande individual no Museu Nacional de Belas Artes (vermelhos). Essa densidade da tinta já não era suficiente. Adotei, então, o cimento, o concreto armado que evidenciava mais pronunciadamente a materialidade criada, a virtualidade da matéria (lajotão preto).

Descobrimos aqui marcas que já haviam sido evidenciadas em civilizações passadas ou por sociedades consideradas primitivas. Essa pesquisa me levou a expor em Londres, na The Pump House Gallery (Per Omnia Saecula Saeculorum).

Paralelamente desenvolvia trabalhos em concreto armado, que foram apresentados em exposição individual, sob o título de "O Banquete", no Museu Nacional de Belas Artes, onde uma mesa de 7 metros, iluminada por uma trilha de velas, serviu de suporte e aglutinador para 36 objetos-devaneios, remetendo à idéia de livros, de mitos, de arquétipos, de sacralidade e de sexualidade, em confronto ao banquete de Platão, à antropofagia de povos primitivos e à eucaristia da religião católica. Ainda hoje me dedico a esses objetos, pois vão-se uns e chegam outros para se "sentarem" conosco neste Banquete.

Em outra versão de "O Banquete" trabalhamos "O Lençol", onde os signos de culturas foram bordados ou aplicados sobre o tecido de 20 metros, aludindo à rêde dos indios brasileiros (muito usada na região norte do país, particularmente no Maranhão, onde nascí), às pipas (brinquedo que sobe ao céu, impulsionado pelo vento) e às festas folclóricas do Bumba-Meu-Boi, ocorridas sempre nos meses de junho e julho no Maranhão, Pernambuco e outros estados do norte do Brasil.

Atualmente, além de dar continuidade ao tema de "O Banquete", realizo também grandes estandartes imprimindo ali, com pintura à óleo marcas de culturas antigas e (ou) primitivas.

O objetivo do meu trabalho, tem sido sempre, a compreensão da alma humana, de seus valores muitas vezes desviados, esquecidos ou perdidos em tempos ou espaços distantes. Busco a estética dos arquétipos, a filosofia escondida das marcas que se repetem, os signos que amarram e organizam o pensamento humano.

Yolanda Freyre nasceu em 1940 em São Luis do Maranhão. Desde 1968 dedica-se às Artes Plásticas, tendo estudado no Centro de Pesquisa de Arte Ivan Serpa no Rio de Janeiro, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro, no Núcleo Experimental de Artes em Petrópolis, na École Nationale Supérieur des Beaux-Arts e no Centro Saint Charles da Universidade Sorbonne em Paris.

Museóloga pela Universidade do Rio de Janeiro (UNI-Rio), vive e trabalha no Rio de Janeiro.

.[Finitúdenes, um hino à vida, com exposição do dia 16 de outubro a 30 de novembro, de terça a domingo de 8 da manhã às 18h, Parque das Ruínas - Rua Murtinho Nobre, 169 - Santa Teresa, Rio de Janeiro (RJ). Telefones (+ 55 21) 2252-1039 | 2252-0112].

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