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22/09/2010 - 11:34

Relatórios de responsabilidade social com credibilidade


Os relatórios de responsabilidade social ou de sustentabilidade são uma realidade irreversível, refletindo a crescente preocupação das organizações em divulgar aos públicos interno e externo suas ações nesse campo e tornar mais evidente seu caráter cívico. Obviamente, o documento ganha mais credibilidade quando agrega o valor de uma auditoria externa, que reforça os seus princípios éticos e a sua transparência.

No Brasil, onde não são obrigatórios, os relatórios seguem alguns modelos de elaboração e apresentação, como os sugeridos pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social, Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e os da Global Report Initiative (GRI), internacionalmente acatados. Em breve, contaremos com uma padronização definida, a da ISO 26.000, que deve ser aplicada a partir de 2012 e está sendo desenvolvida em conjunto pela ISO, Instituto Ethos e o mundo empresarial.

Porém, uma novidade ainda no Brasil - recorrente na Europa - é a certificação/auditoria para validação das informações contidas nos relatórios. Não há uma padronização, mas metodologias já têm sido desenvolvidas por empresas especializadas. Certificar vai muito além de avalizar os números ou os informativos financeiros e contábeis do relatório social/sustentabilidade. Trata-se de verificar se todos os projetos estão sendo realmente colocados em prática, se tudo que a empresa se compromete a realizar em termos de ações sociais está sendo efetivado e se as propostas de relacionamento entre os universos externo e interno, dirigentes e colaboradores e a relação com a comunidade estão acontecendo.

Além disso, deve-se aferir se as metas planejadas e divulgadas estão sendo atingidas com o passar dos anos. Com isso, não só o mercado e todos esses públicos conferem mais crédito às informações, como os funcionários ampliam a confiança e seu engajamento nas questões sociais.

Tanto os stakeholders quanto o consumidor final demonstram grande interesse por esse tipo de auditoria. Muitos leitores ou interessados nos relatórios anuais publicados pelas empresas não entendem a maioria das informações contidas nas notas explicativas ou demonstrativos contábeis, mas identificam e reconhecem o valor das questões ligadas a projetos sociais e de relacionamento com a comunidade. Tal percepção, como ocorre em todo o mundo, tem crescente peso na decisão de consumo na ponta do varejo e também de aporte de capital por parte dos investidores.

Recentemente, por exemplo, fomos procurados por um fundo internacional interessado em investir no Brasil, mas apenas em empresas com patente preocupação e ações sociais e ambientais. Isto incluía a elaboração de relatórios sócio-ambiental/sustentabilidade auditados, cuja elaboração viabiliza captar recursos financeiros com menor custo, no mercado nacional e internacional.

Quanto mais cedo o auditor dedicar-se à coleta das informações, mais fácil se torna a certificação e maiores as chances de corrigir falhas, bem como de revisar o sistema de controle interno envolvido na captação das informações reportadas. Um dos benefícios que a auditoria proporciona, além de garantir que as informações sejam devidamente apresentadas, é a emissão de um relatório de recomendações, de modo que a empresa possa redefinir sua estratégia de gestão voltada à responsabilidade corporativa e melhorar sua estrutura de controles internos.

Responsabilidade social, em sua visão mais ampla, é uma questão de estratégia, de gestão e de sustentabilidade dos negócios, e deve estar prevista no orçamento da empresa, em seu planejamento estratégico e enraizada em sua cultura. É comum ocorrer incompatibilidade entre as metas da companhia nessa área e a previsão de verbas. Se o auditor puder identificar isto a tempo, é possível fazer a devida adequação. Dada a importância da chamada cidadania empresarial, a organização deve apontar nos relatórios as ações realizadas, as previstas e as não efetivadas, bem como o calendário de implementação. Portanto, é fundamental que o documento seja comparativo com exercícios anteriores, e é responsabilidade do auditor verificar se as metas para os próximos exercícios estão sendo cumpridas.

A missão do auditor, nestes casos, não se confunde com a do auditor independente da empresa. Não se trata de uma "re-auditoria", mas sim da aferição de todas as informações ligadas às questões de projetos, internos ou externos, passíveis de identificação como de responsabilidade social. Há ainda os aspectos qualitativos. É preciso comparar os modelos utilizados com as referências nacionais e internacionais, constatar se os projetos estão sendo cumpridos, acompanhar as relações trabalhistas, pesquisas e projetos de desenvolvimento científico e socioculturais, além de analisar e validar os indicadores sócio-econômicos, ambientais, de impacto, entre outros.

Estudo recente com 100 companhias no exterior demonstrou que 68% das que elaboram relatórios de responsabilidade social preocupam-se com a certificação das informações, geralmente feita por auditorias especializadas. O que se espera é a maior credibilidade das informações. Busca-se também garantir as melhores práticas corporativas de gestão, sistemas e controles internos, que também podem ser recomendadas pelo auditor. A pesquisa aponta expressivo avanço, pois dados de 1994 indicavam que apenas 4% das empresas que elaboravam e publicavam relatório de responsabilidade social se dispunham a auditá-lo.

. Por: Mauro Ambrósio, sócio-diretor da Crowe Horwath RCS para a área de sustentabilidade. Tem experiência em certificação/auditoria de relatórios de responsabilidade social de entidades e empresas como Fiesp, Sistema Coca-Cola, Laboratórios Medley, Bombril, Colégio Dante Alighieri, Ciee, Laboratório Wyeth Whitehall, Itaipu e Banco Real.

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