Jingle retorna como tendência depois de um longo período de declínio

Os jingles estão presentes na história da publicidade desde 1926, quando foi criado o primeiro anúncio musical para divulgação do cereal matinal americano Wheaties. Cerca de 30 anos depois, viveram sua era de ouro, propiciada pelo boom econômico. Com tanto sucesso, somente a necessidade da licença comercial para parodiar canções famosas foi capaz de fazer com que entrassem em declínio. Entretanto, atualmente, os jingles ressurgem como tendência entre publicitários pela leveza com que passam suas mensagens em contraponto às propagandas de massa, típicas das redes varejistas. As eleições também contribuem para esse renascimento.

O diretor da A&M Comunicação Ellânio Ramalho explica que o público está cansado de campanhas insistentes e, por isso, está mais perceptivo e crítico. Os os jingles reaparecem para auxiliarem na conceituação das empresas e venda da marca de maneira mais descontraída durante a programação do rádio. “Um jingle bem desenvolvido pode se fixar na memória do público por anos. É o caso do jingle feito pela agência para o Varejão das Tintas. Mesmo depois de dez anos de existência, as pessoas ainda lembram do bom samba de raiz criado para a empresa que repete várias vezes o nome da marca, sem com isso se tornar chato e cansativo e que agrada dos jovens aos mais velhos. Prova disso é o sucesso que perdura até hoje”, afirma.

O diretor da Carvalho Martins Comunicação Sérgio Martins concorda que o jingle tem de ter frases de repetição. Afinal, diferentemente de uma canção ou música de um artista, deve ter uma melodia e letra simples. “Costumamos apelidar os bons jingles de ‘chicletinhos’, aqueles cuja parte da mensagem mais repetitivamente cantada - normalmente a mais importante - literalmente gruda em nossa mente”.

Nas últimas semanas, quando as campanhas políticas revigoram com especial atenção o apelo do jingle, Martins reconhece que a estratégia é tão eficaz quanto antiga. Uma uma análise superficial do jingle dos candidatos já possibilita ao ouvinte perceber claramente as principais estratégias das campanhas. “É só prestar atenção na mensagem que mais se repete nas melodias por representarem, fielmente, a principal mensagem ou mote da campanha eleitoral”, observa Martins.

Para o diretor comercial da TOP 10 Marketing&Promoção Fabiano Carreira, os jingles podem ainda servir de instrumento para contar a história, a evolução e as características mais peculiares das campanhas publicitárias. “Desde a era do rádio até os nossos dias, muitos jingles do passado são usados com sucessos em eventos e promoções. As pessoas se surpreendem descobrindo que ainda sabem cantar corretamente a letra”, comenta.

Carreira destaca que outra característica de um jingle é ressuscitar e rejuvenescer marcas que estavam ofuscadas. “Desde que sejam bons, é claro, cumprirão muito bem esse papel”, considera.