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24/09/2010 - 09:20

Como melhorar o trânsito em São Paulo?

Duas horas e 42 minutos. O paulistano passa, em média, 11,25% do seu dia no trânsito para trabalhar, estudar ou se divertir. Não é à toa que recente estudo da IBM Commuter Pain coloca a capital como sexta pior cidade do mundo para se transitar. Em São Paulo é grande a porcentagem – maior que em Pequim, Cidade do México ou Nova Deli – de pessoas que topariam trabalhar mais se gastassem menos tempo em deslocamento.

E a situação só tende a piorar, já que o número de carros tende a aumentar proporcionalmente ao crescimento do poder aquisitivo da população. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), 96 novos carros circulam por dia em São Paulo, um total de 3.500 veículos a mais por ano. Os números são considerados altos até por especialistas, que apontam a falta de estrutura e de planejamento para acompanhar esse crescimento como as grandes culpadas pelo caos que se aproxima.

A situação do trânsito paulistano está bem próxima a um limite intransponível: a cidade simplesmente não suporta mais tantos carros.

Uma opção para a cidade é apostar com mais força no transporte público. De acordo com a pesquisa "Nossa São Paulo/Ibope - Dia Mundial Sem Carro 2010”, 52% da população está disposta a usar o transporte público, 12% a mais que o número registrado no ano passado. O relatório mostra que esse movimento já começou, timidamente: de 2008 pra cá, a quantidade motoristas que usam o carro quase todos os dias caiu de 30% para 26%. E mais: sete em cada dez (76%) se dizem dispostos a deixar de usar o carro quando houver uma boa alternativa de transporte público.

Infelizmente, parece que essa “boa alternativa” está longe de chegar. A pesquisa do Ibope revelou que a população avalia negativamente o serviço de ônibus municipal. Ao dar notas de 0 a 10, os entrevistados reprovaram a lotação dos coletivos (nota média de 3,4), a acessibilidade para pessoas com deficiência (nota 3,8), o preço da passagem (nota 4) e o tempo de espera nos pontos de ônibus (nota 4,3).

A expansão do metrô também não representa uma potencial melhoria. Especialistas em engenharia de tráfego defendem que o projeto o Expansão SP do metrô terá impacto pouco significativo na diminuição da densidade de passageiros. Isso porque existe a previsão, realizada pelo próprio Expansão SP, de que a demanda aumente em 55% nos próximos anos. O metrô de São Paulo já é um dos mais densos do mundo, e conta hoje com 11,6 milhões de usuários transportados anualmente por quilômetro de linha. E, em breve, terá que carregar o dobre dos 3,5 milhões de passageiros que circulam diariamente só nas linhas Azul, Verde e Vermelha.

Para efetivamente reduzir o trânsito – e mesmo o número de usuários do metrô e de outros sistemas de transporte público –, São Paulo precisa repensar seu modelo urbanístico para viabilizar o desenvolvimento de novas centralidades equilibradas, com opções de residência, trabalho, saúde, educação e lazer. As regiões conhecidas como cidade-dormitório são deixadas diariamente por milhares de pessoas que vão trabalhar em outras partes da cidade. E justamente nessas áreas o valor dos terrenos costuma ser ainda bastante inferior ao praticado em outras vizinhanças mais cobiçadas pelo mercado imobiliário.

Quando os investidores perceberem essa vantagem competitiva e o quanto podem melhorar a qualidade de vida dos paulistanos ao investir na descentralização da cidade, estaremos todos um passo mais próximos de uma reconfiguração urbana que vai efetivamente desafogar o caótico trânsito paulistano. Como disse o guru da propaganda Dan Bellack, a vida é muito curta para gastar tempo em engarrafamentos...

. Por: Thomaz Assumpção, diretor da Urban Systems, empresa especializada em análise de dados demográficos em mapas digitais para dimensionamento de tendências em mercados e cidades

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