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30/09/2010 - 09:42

Dificuldade da mulher em dizer não

Não queremos dizer não, pois na verdade não queremos recebê-lo de volta.

Sempre que nos deparamos com esta questão da dificuldade em dizer não, a primeira coisa que salta a consciência é que esta pessoa quer tudo. Negar o não é negar a perda, a ausência, a carência, o vazio e a escolha. Queremos tudo, o tempo todo. E por conta disso passamos por cima de nós mesmas, na ilusão de que podemos ter tudo.

Devido a este quadro, próprio a este tempo atual, a medicina feminina criou alguns artifícios, a tal TPM, por exemplo, pra poder justificar um pouco esta mulher louca que anda hoje pelas ruas. A TPM nos fornece uma desculpa para um enlouquecimento periódico que pode durar alguns minutos, ou algumas horas, e por que não dizer, dias ou mesmo semanas. Para não enlouquecer esta mulher teria que utilizar uma palavrinha nenhum pouco simpática para esta super mulher: o não. Não vou pegar o seu pacote na loja, mãe. Não vou comprar o presente pro seu amigo. Não vou ligar pra amiga agora. Não vou levar meu filho pra mais uma atividade. Esta mulher precisa escolher qual destes nãos irá praticar, para não correr o risco de, de uma hora pra outra, ser obrigada a parar com tudo.

Praticar o não é um movimento em prol do equilíbrio que decorre da consciência do próprio limite. Mas a super mulher, que anda hoje pelas ruas das grandes cidades, não admite limites. Ela pode tudo, ela tem que poder tudo, pois considera que o mundo está sendo sustentado pelos seus ombros doloridos. É uma ilusão que paira sobre o universo feminino, e escraviza esta mulher que se acha moderna e liberada. O que eu digo para esta mulher agora é: "Você não é liberada, moderna até pode ser, na medida em que moderno hoje é ser um pouco louco varrido. Mas liberada não, pois você está presa a um perfeccionismo impossível de contentar. Mas você tem a seu lado a indústria farmacêutica que está sempre pronta a dar o seu apoio caso um dos embrulhos que você teima em querer equilibrar nos dois braços e duas pernas, caia e se esparrame no chão."

Temos nomes já preparados para esta ocasião, diagnósticos super elaborados e medicamentos correspondentes que não permitirão que você deixe a peteca cair. E assim a natureza feminina vai perdendo, e esta mulher vai ganhando doenças masculinas, cardiovasculares, cancerígenas, e tudo que significa esvaziamento de sua energia sagrada, feminina, vital e luminosa.

Para resgatar esta vitalidade única e preciosa, o frescor original que nasceu com a menina de olhos brilhantes que todas nós fomos um dia, precisaremos aprender a dizer não. Mas, sobretudo precisaremos aprender a suportar o não. Não somos perfeitas, não conseguimos tudo, não contentamos todo mundo, não agradamos a sogra, a cunhada e a vizinha. Somos humanas, mulheres, imperfeitas, deixamos cair os pacotes a cada esquina, mas somos livres, felizes, e capazes de rir de cada tropeço que a vida teima em nos apresentar a cada passo do nosso caminho nesta vida.

. Por: Mariliz Vargas, psicóloga e autora dos livros 'A Sabedoria do Não' e 'Você É Mais Forte Que a Dor'.

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