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02/10/2010 - 06:41

Chineses pagam US$7,1 bi à Repsol Brasil de olho no pré-sal

Madri/Pequim - O grupo chinês Sinopec vai comprar 40 por cento das operações brasileiras da espanhola Repsol por 7,1 bilhões de dólares, fortalecendo a presença chinesa na área de recursos naturais na América Latina.

O acordo, que prevê um aumento de capital da Repsol no Brasil, vai financiar o desenvolvimento das reservas de petróleo e gás da companhia no país, que se tornou um dos mais importantes mercados petrolíferos do mundo desde as descobertas de enormes depósitos de hidrocarbonetos na camada pré-sal.

Entre os 16 ativos da empresa espanhola no Brasil está a participação de 25 por cento no BM-S-9, operado pela Petrobras, onde já foram descobertos os prospectos de Guará e Carioca. Guará tem de 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo recuperável, e Carioca é considerado um campo promissor, mas ainda não possui estimativas de produção.

"A demanda por petróleo, com a economia mundial se recuperando, deve aumentar. O Brasil é um dos países que mais oferece potencial de crescimento com as reservas do pré-sal. Por isso estão vindo pra cá", afirmou Erick Scott, analista da SLW Corretora, de São Paulo.

"Esse é um setor que tende a ter investimentos pesados nos próximos anos e que deve ter muita procura dos investidores, pelo potencial", acrescentou.

O negócio entre os chineses e os espanhóis ocorre em meio à eventual mudança nas regras de exploração de petróleo no Brasil. O governo pretende inserir no marco regulatório o sistema de partilha de produção, com o objetivo de ficar com uma parcela maior dos ganhos no setor.

Mas o acordo Sinopec-Repsol Brasil envolve blocos que foram concedidos no passado, no sistema de concessões, ou seja, estariam livres das alterações legais que vierem a ser adotadas.

Aumento de capital - A Sinopec vai subscrever completamente um aumento de capital de 7,1 bilhões de dólares da Repsol no Brasil para criar uma das maiores companhias privadas de energia da América Latina. Com isso, a empresa cancelou seus planos de fazer uma oferta inicial de ações (IPO) no Brasil.

"Estamos muito satisfeitos em participar do desenvolvimento dos projetos brasileiros com um parceiro de reconhecido prestígio como a Sinopec", disse o presidente da Repsol, Antonio Brufau, em comunicado nesta sexta-feira.

As ações da Repsol na Espanha subiram 4,95 por cento após a divulgação do negócio. Os papéis do grupo espanhol de construção Sacyr-Vallehermoso, que detém cerca de 20 por cento da Repsol, subiram 13 por cento.

O mercado acionário chinês está fechado por conta de um feriado nacional.

"A avaliação dos ativos da Repsol no Brasil implica que o acordo está claramente acima do nosso atual cálculo de valor (5,75 bilhões de dólares) e do consenso do mercado, que varia entre 6 bilhões e 8 bilhões de dólares", disse Filipe Rosa, analista da corretora Espírito Santo.

A Sinopec informou que a companhia está projetando uma produção de 200 mil barris por dia de óleo equivalente da maioria dos blocos marítimos da parceria.

"É um ativo de ampla escala de qualidade e potencialmente com mais descobertas a serem feitas no futuro", disse uma autoridade da Sinopec.

Fontes haviam informado à Reuters no mês passado que a Sinopec também estaria fazendo oferta por participações em ativos de petróleo e gás detidos pela OGX, em uma operação potencial de 7 bilhões de dólares.

Uma fonte próxima ao assunto informou à Reuters que a operação da Repsol não interfere nas negociações da OGX com possíveis compradores de parte de seus ativos na bacia de Campos.

"Uma coisa não tem nada a ver com outra, não muito longe deve ter alguma notícia", disse a fonte.

Nos últimos anos, a China, que está em ritmo acelerado de expansão, tem investido fortemente em ativos de mineração e petróleo na América Latina e na África.

Na América Latina, petroleiras no Brasil, enriquecedoras de minério no Peru e processadoras de soja na Argentina têm sido os principais focos para o investimento estrangeiro da China.| Por: Sonya Dowsett e Chen Aizhu, com reportagem adicional de Denise Luna, no Rio de Janeiro, e Élzio Barreto, em São Paulo/Reuters.

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