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16/10/2010 - 08:45

As lições aprendidas no Chile

Acompanhamos, emocionados, esta semana o resgate dos 33 mineiros soterrados no Chile. Foram 69 dias embaixo da terra, racionando comida, vivendo sem luz e sem mínimas condições de vida. E o grande espanto foi justamente constatar que todos saírem ilesos, contentes e agradecidos pelo sucesso do difícil e demorado resgate. Este episódio nos ensina sobre a incrível capacidade de superação e adaptação do ser humano. Quantas vezes não nos encontramos nós, soterrados num buraco fundo e escuro de sentimentos negativos, tristezas e ressentimentos, e sentimos que o resgate jamais irá chegar? Quantos de nós desconfiamos da própria capacidade de lidar com situações de privação, de ausência e perdas, pensando muitas vezes em acabar com a própria vida por estarmos vivendo sob condições aquém daquilo que consideramos ideal?

Os mineiros nos dão a lição de que é possível sobreviver a momentos de crise, de privação e dor e sair, superar e recomeçar a vida em um ponto melhor do que antes. Esta é a lição da esperança, que foi o que esteve presente em todo momento no cativeiro acidental onde estiveram confinados os 33 homens. A lição da resistência e adaptação também fez parte desta historia, pois eles precisaram viver um dia de cada vez, e não perder de vista que a luz no final do túnel que estava sendo aberto na superfície, um dia chegaria até eles. Manter o foco na luz, e não nas condições desumanas sob as quais viviam permitiu que a força não os abandonasse. E esta força foi o que permitiu que todos saíssem praticamente ilesos.

Mas sempre que passamos por uma situação extrema como esta, vem à mente a possibilidade de trauma. Para que este trauma não obscureça, precisamos continuar mantendo o foco na luz, na força que possuímos para superar e viver tudo o que a vida apresenta. A excessiva crença na fragilidade humana tem nos levado a fortalecer a nossa fraqueza, e é isto que não pode acontecer numa situação como esta que assistimos. A valorização da força, a crença em que somos muito mais do que imaginamos, de que possuímos condições sim, de muito mais do que supomos, faz com que a noção de trauma perca a espaço em nossa memória afetiva, reforçando a consciência de quem realmente somos como espécie humana.

Nestes mais de dois meses de confinamento insalubre, estes homens contaram com lideranças poderosas, que puxaram a energia dos demais para este aspecto de esperança e força, e esta é uma grande lição para todos nós, da importância da condução positiva na hora da adversidade, pois numa hora como esta, o grupo corre o risco de se desestruturar. Mas pode se tornar melhor caso assuma a situação e acredite no resgate. Mas pode também se tornar critica a situação, caso as lideranças fomentem o descrédito e a revolta, oriundas do assumir a posição de vitima da situação. A vitimização enfraquece o ser humano em qualquer instancia e nível e leva a falência total da sua força interior. E sem força interior, tudo sucumbe, sem esta força interior estes homens jamais teriam saído desta situação da maneira que presenciamos esta semana Por isso esta força é o maior patrimônio que um ser humano pode adquirir nesta vida, pois sem ela, de nada adianta a tecnologia que realizou o resgate, pois não haveria nada para ser resgatado.

. Por: Mariliz Vargas, psicóloga e autora dos livros 'A Sabedoria do Não' e 'Você É Mais Forte Que a Dor'. | www.marilizvargas.com.br | www.twitter.com/marilizvargas | www.roseanigra.com.br

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