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20/10/2010 - 04:06

Relatório do FMI afirma que demanda doméstica sustenta o crescimento em muitos países da América Latina

E que risco de superaquecimento deve ser monitorado.

Dois anos após o início da crise financeira global, alguns países das Américas estão crescendo a um ritmo só inferior ao dos países emergentes da Ásia, de acordo com o último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI). A análise sugere que o crescimento em muitas economias tem sido sustentável e baseado em uma demanda interna robusta. Ou seja, as perspectivas a curto prazo para esses países são positivas mesmo se a recuperação nas economias avançadas continuar a ser lento, diz o Panorama Econômico Regional do Hemisfério Ocidental do FMI, intitulado Mais quente no Sul, Frio no Norte, que foi lançado hoje em Bogotá, em um seminário organizado pelo Banco Central da Colômbia.

O PIB real da América Latina e Caribe deverá crescer 5,7% em 2010 e 4% em 2011. Dentro da região, os países avançam em ritmos distintos. A maioria dos países exportadores de commodities da América do Sul desfruta de condições externas muito favoráveis - altos preços internacionais das commodities e fácil acesso ao financiamento internacional - e o crescimento em alguns países pode exceder os 7% este ano. As economias da América Central têm mantido um ritmo positivo, mas mais moderado (em média de cerca de 3% em 2010), refletindo a influência do crescimento mais lento da economia dos EUA. Para a maioria dos países do Caribe, a recuperação está apenas começando e as perspectivas ainda são limitadas pelos elevados níveis de dívida pública e fraca demanda turística dos EUA e outras economias avançadas.

"A grande heterogeneidade na região traz variados desafios para a formulação de política econômica", afirmou Nicolas Eyzaguirre, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI. "Para a maioria da América do Sul, a questão é o excesso de notícias boas, ou como evitar eventuais excessos de demanda e crédito. Na América Central, os governos têm de continuar a ser prudentes, para reconstruir suas defesas e prosseguir com as reformas para aumentar a competitividade. Países do Caribe em geral não têm espaço para estímulos fiscais devido ao seu elevado endividamento, e ainda precisam avançar com planos de consolidação fiscal".

Demanda interna robusta - Uma das conclusões mais significativas do relatório é a forma como a demanda interna tem se consolidado nos países de mais rápido crescimento da América do Sul. Para esses países, a força e a dinâmica internas provavelmente dominarão as perspectivas de crescimento a curto prazo, desde que as economias avançadas não sofram nenhum revés significativo. Essa é uma realidade diferente da dos Estados Unidos, onde a recuperação até agora dependeu dos programas de estímulo fiscal.

Como os preços das commodities devem continuar elevados, os países exportadores de commodities se beneficiarão de fortes receitas de exportação. Ao mesmo tempo, aqueles com fundamentos fortes e um retrospecto de políticas sólidas terão amplo acesso a financiamento externo em termos vantajosos. Estes países têm tudo a ganhar com as baixas taxas de juros e maior liquidez global, mas as autoridades econômicas devem estar atentas aos excessos. "O ritmo de crescimento da demanda tem de diminuir nesses países", disse Eyzaguirre, "ou eles podem experimentar risco de superaquecimento, inflação e agravamento do déficit de conta corrente."

O relatório recomenda que a normalização da política fiscal seja a primeira linha de defesa, com ênfase na desaceleração do crescimento das despesas públicas. Isso permitirá que a política monetária desempenhe um papel secundário e as taxas de juros possam retornar a um nível neutro de forma mais gradual

Ciclos de crédito e novos instrumentos financeiros -Esta edição do Panorama Econômico Regional tem um foco especial no setor financeiro. Em particular, o relatório analisa o mais recente ciclo de expansão de crédito na América Latina -- o rápido crescimento do crédito bancário, que terminou abruptamente com a crise global, e que está recomeçando em alguns países. Ainda que os sistemas financeiros da região tenham em geral resistido bem à crise, o objetivo de evitar tormentas financeiras provocadas por excesso de liquidez permanece sendo um desafio importante.

Um capítulo especial discute a importância de se utilizar instrumentos "macroprudenciais" para complementar - mas não substituir – os mecanismos tradicionais de política macroeconômica, algo particularmente importante no atual contexto de financiamento externo fácil.

O relatório também examina o crescimento econômico nos países do Caribe e mostra como a dívida pública tem dificultado consideravelmente o crescimento. O estudo defende uma combinação de consolidação fiscal para reduzir o peso da dívida sobre o crescimento, e reformas que aumentem a produtividade e continuem promovendo o desenvolvimento da indústria do turismo.

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