Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

21/10/2010 - 06:56

Será o strip mall o futuro do mercado de shopping center no Brasil?

Antecipar tendências e movimentos do mercado tem sido uma conduta-padrão para executivos bem-sucedidos. O segmento de shopping centers não poderia fugir à regra, especialmente em tempos de crescente expansão do setor – estima-se que em 2011 serão abertos mais 28 shoppings; em 2010 a receita deve crescer 15% e chegar a R$ 82 bilhões –, e de demandas dos novos consumidores, especialmente as classes C e D. Não vejo nenhum problema em olhar para o futuro, mas insisto que é necessário unir as tendências do futuro com a experiência do passado, sobretudo um passado construído por norte-americanos, empreendedores que são referência constante para o setor.

Um dos fatores relevantes é notar que há um descompasso entre os planos de expansão de lojistas e dos empreendedores de shopping centers. Enquanto os primeiros estão “antevendo” os lucros com a inclusão da classe C no consumo, os desenvolvedores de empreendimentos estão focados nas classes A e B, ou seja, em empreendimentos cujos custos são por demais elevados para os comerciantes de médio porte. Com a visão obtida em três décadas de trabalho e estudo apurado do setor, acredito que uma alternativa para o impasse seja projetar o futuro, analisando o passado. Explico melhor: ao pensarmos em shopping centers a imagem associativa inicial é a de um conceito essencialmente do século XX. Embora não seja de todo errônea – já que a primeira área comercial com esse perfil data de 1920 – essa livre-associação não é fidedigna. Nos primórdios, os shoppings eram uma combinação de lojas enfileiradas com um estacionamento frontal; um espaço amplo para “estacionar” animais usados como transporte, pois o número de automóveis aumentou somente na década de 1950, após a Segunda Guerra Mundial.

E qual a relação dos antigos shoppings com o futuro do negócio? Previno que a minha resposta não está ligada a uma mera licença-poética ou apego ao passado! Os antigos shoppings lembram muito o conceito de strip mall, um modelo de negócio muito difundido nos Estados Unidos. Como o nome sugere, trata-se de uma faixa (strip) de lojas com um amplo estacionamento em frente. Esses empreendimentos estão em todos os bairros e reúnem um mix de lojas completo e alinhado à demanda cotidiana da comunidade, composto por um pequeno supermercado, salão de beleza, loja de ferramentas, loja de calçados, doçaria, papelaria, livraria, lanchonete, floricultura, pet shop, ótica, cafeteria etc. Nesse conceito não há espaço para a compra comparada, ou seja, não há dois ou mais estabelecimentos com a mesma oferta de produto. Nos Estados Unidos, 40% dos shoppings de bairro têm esse perfil e contam com a fidelidade diária do público-alvo, o que mostra o potencial do negócio.

Praticidade é a principal característica desse tipo de empreendimento; um centro comercial que é um aliado de mulheres que acumulam os papéis de gestora da casa e profissional; dos homens que por uma questão de DNA não têm paciência para ficar rodando os shoppings convencionais em busca de uma loja; de adolescentes e jovens a caminho das escolas e universidades; dos aposentados em busca de um bom café regado a um bate-papo com os vizinhos. Embora consolidados, os strip malls – que podemos chamar de pequenos centros comerciais – continuam a ser vistos como o futuro do setor nos Estados Unidos, também impulsionados pela moderna busca de qualidade de vida. O cliente pode, por exemplo, dar-se ao luxo de dispensar o carro e caminhar para fazer pequenas compras. No Reino Unido também é crescente essa tendência; cidades como Cumbernauld, Glenrothes, East Kibrite e Milton Keynes incorporaram ao strip mall estruturas de apoio social como bibliotecas e centros comunitários.

Do ponto de vista do empreendedor e do lojista, há vantagens significativas em investir no negócio. Uma delas é que enquanto determinado número de bairros comporta apenas um shopping center, há inúmeros bairros no Brasil que podem absorver dois a três strip malls. O custo de toda a operação também é inferior ao de um shopping center e pode atrair profissionais liberais como médicos, psicólogos e dentistas – o que agrega mais serviços aos clientes.

Mais do que tendência, acredito que o conceito de strip mall se encaixa perfeitamente na forma descontraída de consumir de brasileiros de todas as classes sociais.

. Por: Rubens Kochen, com expertise de 30 anos no desenvolvimento, administração e renovação de shopping centers no Brasil, Rubens Kochen é um dos pioneiros no Brasil em consultoria e planejamento de centros comerciais. O executivo é atualmente sócio-diretor da Kochen Associados.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira