Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito

Todos os anos, desde 1948, a terceira quinta-feira do mês de outubro é dedicada ao Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito. Este foi um ano importante para o ramo, que deve mesmo comemorar. Em setembro, realizamos o I Encontro de Dirigentes de Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo. Foi um momento significativo, de união, quando pudemos trocar experiências e ouvir especialistas do setor. Ali, visualizamos o quanto temos a crescer e quão grandes são os desafios a enfrentar. Mas, sobretudo, identificamos que especialmente em 2010 passos importantes foram dados para que esse crescimento se viabilize.

Um deles foi a publicação da Resolução do CMN nº 3859, de 28 de maio de 2010, que eliminou a limitação que existia desde 2003, impedindo o funcionamento de Cooperativas de Crédito de Livre Admissão de Associados em áreas de ação com elevada população. Com isso, o cooperativismo de crédito ficou livre para atuar em mercados mais competitivos. Essa mesma resolução reforça a preocupação com a Governança, determinando às Cooperativas de Crédito a definição, em Assembléia, das respectivas políticas de governança corporativa, abordando os aspectos de representatividade e participação, direção estratégica, gestão executiva e fiscalização e controle. As novas regras contemplam ainda a aplicação dos princípios de segregação de funções na administração, transparência, equidade, ética, educação cooperativista, responsabilidade corporativa e prestação de contas.

Também neste ano de 2010, as cooperativas de crédito foram autorizadas a compartilhar o serviço de ouvidoria para atendimento de seus usuários. Dessa forma, esse canal de comunicação com o cooperado pode passar a ser feito por associações de classe, federações, centrais, confederações ou nos bancos do sistema cooperativo, reduzindo custos operacionais.

A parceria firmada entre os bancos Cooperativos dos Sistemas SICREDI (Brasil) e Rabobank (Holanda), envolvendo a participação do Rabobank em 30% do capital do Banco Cooperativo SICREDI, é também um movimento que merece destaque. Afinal, hoje o cooperativismo de crédito ocupa apenas 2% do mercado financeiro do País e não tenho dúvida de que uma união de esforços dessa magnitude pode ampliar significativamente o poder de atuação das duas instituições.

Exemplos como esse reforçam minha certeza de que as cooperativas devem sim seguir a tendência que se apresenta. Devem se unir para se tornar mais fortes e mais eficientes. O cooperativismo de crédito conta com 4.308 postos de atendimento, a terceira maior rede de agências do Brasil. O número impressiona, mas não satisfaz, já que não raro há sobreposição de atendimento em contraste com municípios não contemplados. Ou seja, municípios com duas, três agências e outros sem nenhuma. Portanto, a fusão das cooperativas se faz fundamental para aumentar a capilaridade do setor, potencializar o ganho de escala, reduzir custos e viabilizar um atendimento de maior qualidade.

Por isso, neste mês de outubro de 2010, quando mais uma vez comemoramos o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito, dou meus parabéns aos líderes cooperativistas e aos cooperados que acreditam e investem nessa ferramenta com incrível potencial de fomentar o desenvolvimento econômico. É uma pena que prefeitos e a iniciativa privada ainda não tenham percebido as vantagens de investir nesses empreendimentos. Diferentemente de um banco, a renda da cooperativa é revertida para a própria região, incrementando a economia local. Mas tenho convicção de que estamos no caminho certo para fazer das cooperativas de crédito o que queremos e sonhamos.

. Por: Edivaldo Del Grande, presidente da Organização das Cooperativas do estado de São Paulo (Ocesp)