350 catarinenses recebem bolsas de 75% da ANAC para cursos mecânica de aviação

Curso do SENAI na Grande Florianópolis obteve R$ 1,2 mi, o correspondente a 68% do edital da ANAC. Astronauta Marcos Pontes prestigiou evento.

O astronauta Marcos Pontes, em Palestra. Foto: Ivonei FazzioniFlorianópolis, 22.10.2010 - O SENAI de Santa Catarina e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) assinaram, na manhã desta sexta-feira, dia 22, um convênio que vai beneficiar mais de 350 estudantes catarinenses com bolsas de estudos nos cursos de mecânica de aviação. Os cursos técnicos oferecidos pela instituição na Grande Florianópolis foram contemplados com R$ 1,2 milhão em bolsas de estudos da ANAC, o que vai permitir que os estudantes reduzam em 75% o desembolso mensal até 2012. O valor destinado a Santa Catarina corresponde a 68% do edital. O evento contou com a presença do astronauta brasileiro Marcos Pontes, que depois ministrou palestra.

"A segurança da aviação nasce de uma cultura, de um processo de gestão, que começa na capacitação", afirmou o Diretor de Aeronavegabilidade da ANAC, Cláudio Passos Simão, referindo-se à iniciativa da agência em oferecer apoio aos programas de qualificação. "Não se admite índices de insegurança, as pessoas querem voar com segurança, o que começa numa formação sólida e nos cuidados nos pequenos detalhes", acrescentou. Para Simão, os aviões são sistemas complexos de tecnologia e os acidentes começam a ser evitados quando as falhas são detectadas com antecedência, registradas e sanadas. Daí a importância de uma formação profissional consistente. Segundo Simão, esta é a primeira iniciativa entre muitas outras que a ANAC pretende introduzir e inovar no segmento aeroviário.

A Agência liberou R$ 1,7 milhão por meio do edital, ao qual concorreram mais de 30 instituições de ensino de todo o país, mas apenas três foram aprovadas. "Temos os cursos de mecânica de aviação com a melhor estrutura no país", afirma o empresário César Olsen, diretor da FIESC, idealizador e um dos principais articuladores da formação de mecânica de aviação no SENAI da Grande Florianópolis. "Os cursos do SENAI se tornaram referência para a ANAC", afirma o empresário. Segundo Olsen, iniciativas como o comitê técnico setorial para a definição do perfil de saída dos profissionais são determinantes para que os cursos obtenham esses reconhecimentos. Realizado em agosto, o comitê técnico de mecânica de aviação contou com a participação de representantes das companhias aéreas, da ANAC.

O presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa, salientou que o SENAI tem uma preocupação constante de oferecer cursos que atendam as necessidades do mercado de trabalho. "Queremos que os mecânicos de aviação, assim como os demais profissionais formados, apresentem soluções efetivas em suas áreas de atuação", afirmou.

O astronauta Marcos Pontes, que, a exemplo de Olsen, foi aluno do SENAI, participou da assinatura do convênio, convidado como paraninfo da primeira turma, que será formada em 2011. No período da tarde, Pontes ministrou uma palestra a cerca de 300 estudantes de vários cursos do SENAI na Grande Florianópolis. Primeiro e até o momento único astronauta brasileiro, Pontes contou sua trajetória de vida e os detalhes de sua formação profissional. Ele fez o curso ginasial (atual 5ª a 9ª série do ensino fundamental) no SESI e depois se tornou estudante do SENAI, condição que lhe permitia ter carteira assinada como aprendiz. Ganhava meio salário mínimo, que lhe permitiu pagar o curso de segundo grau (hoje ensino médio), à noite. Depois se tornou piloto de caça da aeronáutica. Partiu para um curso de engenharia e depois mestrado, sempre na área aeronáutica. Candidatou-se e foi o selecionado a integrar o programa espacial brasileiro.

Ele também falou sobre a experiência de viver no espaço e em ambiente sem gravidade. "Quando você toma um café percebe claramente o que representa a falta de gravidade", falou, divertindo a platéia.

Lembrou aos estudantes da Grande Florianópolis de sua origem humilde, de filho de um servente do Instituto Brasileiro do Café e de uma escrituraria da rede Ferroviária Federal em Bauru e da possibilidade que todos têm de alcançar seus sonhos. "É preciso ter determinação, e determinação é a soma de propósito e persistência", salientou. Para ele, os jovens devem estabelecer suas metas de vida e lutar por elas.

O programa de capacitação de mecânicos de aviação do SENAI foi criado em meados de 2009, em São José, na Grande Florianópolis, e forma profissionais em três cursos técnicos - aviônicos (que cuida da parte eletrônica), célula (que cuida da fuselagem) e motopropulsão (especializado em motores aeronáuticos). Em breve, as aulas serão transferidas para a unidade do SENAI no município de Palhoça.

Os cursos têm duração de dois anos. O primeiro ano é comum às três formações e, no segundo, os alunos se especializam em uma das áreas. Os alunos podem, se quiserem, obter as três formações num total de quatro anos de estudos. Com ampla estrutura laboratorial, a escola é dotada de componentes aeronáuticos para as aulas práticas. Entre os equipamentos, está um avião Bandeirante EMB-110. Fabricado pela Embraer, é um modelo de produção inicial para transporte militar com doze lugares e que teve o primeiro vôo em agosto de 1972.