Mercado aponta os olhos para Classe C

Concessionárias realizam estratégias para atrair consumidores que tem renda a partir de R$ 1.115,00.

Brasília - A melhoria da renda da classe C - cujos lares recebem de R$ 1.115,00 a R$ 4.807,00 - as ofertas de crédito e os planos de governo, como o Bolsa Família, impulsionaram a entrada deste público no mercado de consumo. As empresas de bens e serviços e as concessionárias de carros, não por acaso, tem criado diversas estratégias de vendas direcionadas para esta parcela da população.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal (Sincodiv/DF), Ricardo Lima, a classe C é ávida por consumo. Ela passou muito tempo limitada às opções do mercado, sem opção de comprar um carro, seja usado seja zero. "Com a estabilidade econômica, isto possibilitou a entrada da classe C no mercado consumidor. Hoje em dia, é bem mais fácil comprar e planejar o pagamento de um carro", diz.

Estudo da Nielsen, líder global em pesquisa de mercado, informações e ferramentas de análise, mostra que 39% dos consumidores da classe C são exigentes na hora de adquirir um bem. Eles se baseiam mais na qualidade do que no preço final. O motivo desse comportamento é o cuidado com as finanças. O consumidor não pode ter o luxo de errar na compra. Um ponto positivo, para estes clientes, é que existe em uma mesma categoria, várias opções de escolha de compra.

A mudança de comportamento do consumidor brasileiro reflete o bom desempenho nas vendas de veículos em setembro no DF. Segundo pesquisa do Sincodiv-DF, 10.693 veículos foram vendidos, contra 10.564 no mesmo período em 2009. Isto é consequência do aumento do poder aquisitivo. Para Hélio Aveiro, diretor de Vendas do Sindicato, as concessionárias têm estratégias que atraem esse tipo de cliente, o financiamento de 60 meses é um deles. "O crédito amplo e as facilidades na hora da compra chamam a atenção da classe menos favorecida, que costumava andar de ônibus e, hoje, tem a chance de adquirir um veículo zero quilômetro", afirma.

A doméstica Idalina Pereira de Melo Silva conseguiu ajudar o marido, que é auxiliar de limpeza, a comprar o primeiro carro zero. "Realizamos o sonho de ter um Gol do ano, depois de muita pesquisa de preço e da possibilidade de financiamento. Como o valor não ultrapassava o nosso orçamento mensal, não pensamos duas vezes e fizemos a compra", afirma.

Este aumento de compras da classe C não é apenas no setor de automóveis, 23% das pessoas desta categoria possuem computador e 6% têm Internet paga e TV a cabo.

Perfil do Sincodiv-DF é filiado à Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e conta com 47 associados. A entidade é responsável pela pesquisa mensal sobre os emplacamentos de veículos no DF. Entre as suas principais atribuições está a realização do Festival das Autorizadas do Distrito Federal (AutoFest), que ocorre duas vezes ao ano.. O evento se configura hoje como o maior feirão de carros zero quilômetro do DF.