Dilma reafirma compromissos econômicos e sociais

Brasília- A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) reafirmou em seu primeiro pronunciamento, o compromisso de campanha de erradicar a miséria. Ela também disse que melhorará a qualidade dos gastos públicos, mas que recusa visões de ajuste que recaiam sobre programas sociais e investimentos.

Na área econômica, Dilma mencionou o compromisso com a estabilidade e o respeito aos contratos e ao controle da inflação, e disse que trilhará o caminho de uma ampla abertura comercial, além de lutar contra o protecionismo.

"Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios", disse no domingo, em um hotel em Brasília, após o anúncio de sua vitória.

"No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas", afirmou ela a militantes e aliados.

Sobre os gastos da União, disse que o povo brasileiro não aceita que os governos gastem mais do que podem. "Melhoraremos a qualidade do gasto público", afirmou. "Mas recusamos visões de ajuste que recaiam sobre programas sociais e de investimento."

Ela não se esqueceu do petróleo do pré-sal, tema que serviu de embate na campanha eleitoral. "Trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais."

E destacou a meta de erradicar a miséria.

"Reforço aqui meu compromisso, fundamental, que eu mantive e reiterei ao longo dessa campanha, a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e para todas as brasileiras," declarou.

Emoção com lula ausente - Ao lembrar que foi eleita com o apoio de uma coligação de dez partidos, Dilma também fez um aceno à oposição. "Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles, de minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio."

O único momento em que se emocionou foi ao fazer um agradecimento ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ausente da festa para não ofuscá-la, segundo um auxiliar da Presidência.

"Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta", disse Dilma, sobre Lula, deixando clara a futura proximidade entre os dois.

Antes, chegou a dizer que "a alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida".

Ela também assumiu compromissos amplos com a sociedade.

"Registro aqui outro compromisso com o meu país: valorizar a democracia em toda a sua dimensão desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais, básicos, da alimentação, do emprego, da renda, da moradia digna e da paz social."

Sobre a liberdade de imprensa, disse que prefere "o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras"

Honrar as mulheres - Dilma também destacou o papel da mulher. "Registro, portanto, o meu primeiro compromisso após a eleição, honrar as mulheres brasileiras para que esse fato até hoje inédito se transforme num evento natural e que ele possa se repetir e se ampliar," disse Dilma, emendando com um "sim, a mulher pode."

Dilma foi eleita neste domingo em segundo turno com de 56,05 por cento dos votos válidos, contra 43,95 por cento de seu adversário, José Serra (PSDB), segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ao seu lado no palco estavam os coordenadores de campanha, o ex-ministro Antonio Palocci, José Eduardo Dutra, presidente do PT, o vice Michel Temer (PMDB), além do senador José Sarney (PMDB-AP) e do ator José de Abreu, entre outros.

O deputado cassado José Dirceu (PT) entrou no auditório no mesmo grupo que Dilma, mas se postou na plateia. Mais cedo, ao votar em São Paulo, ele se referiu assim à impossibilidade de participar do novo governo: "não posso, não quero e não devo."

Dilma votou em Porto Alegre pela manhã, viajou de tarde a Brasília onde se recolheu a sua residência com assessores e pelas 22h iniciou seu primeiro pronunciamento.

Depois, foi ao Palácio da Alvorada festejar com o presidente Lula, ministros e governadores. O pronunciamento de Serra ocorreu depois do dela, em São Paulo.| Reuters.