Brasil vai apoiar a implantação do SIPAM Peruano

Brasília – O Brasil fornecerá apoio ao Peru para que o país vizinho crie o seu próprio Sistema de Proteção da Amazônia. Para transformar esse projeto em realidade, uma missão brasileira liderada pelo Diretor-Geral do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Marcelo de Carvalho Lopes, esteve esta semana em Lima, em reuniões com diversas instituições peruanas, de forma a estruturar o início dos trabalhos conjuntos. A comitiva foi recebida pelo Ministro da Defesa do Peru, embaixador Allan Wagner Tizón, que reafirmou a disposição de implantar em seu país um projeto semelhante ao SIVAM/SIPAM brasileiro. Nesta primeira rodada de reuniões ficou estabelecida uma série de ações na área de hidrologia e de sensoriamento remoto.

“Temos toda disposição de compartilhar a experiência brasileira na construção do Sipam e auxiliar nosso país na implantação de um sistema semelhante. É fundamental, neste sentido, que os projetos piloto sejam executados com celeridade e qualidade.”, disse Allan Wagner. O ministro da Defesa do Peru esteve no Brasil no ano passado. Visitou o Centro de Coordenação Geral (CCG) do Censipam, em Brasília, em 30 de outubro e, no dia seguinte, esteve no Centro Técnico e Operacional do Sipam em Manaus (CTO/MN). Desde então ficou acertado que Brasil e Peru iriam trabalhar em conjunto. Agora, com os trabalhos da comitiva brasileira em Lima essa proposta passa a ser efetivamente implantada. “Esta visita demonstra o interesse do Brasil para implantar um projeto conjunto de proteção para a Amazônia”, destaca o General Raúl Larrea Castellano, Diretor de Vigilância e Proteção Amazônica e Nacional do Peru. O General disse que a implantação do sistema de vigilância já está em fase bastante avançada. A meta, agora, é integrar vários órgãos do país, permitindo a integração de informações e a geração de dados consolidados para a proteção da Amazônia. “Assim como faz o Censipam”, disse Raúl Larrea.

Na área de sensoriamento remoto, ficou acertado a realização de missão para geração de imagens de alta resolução do território peruano com a utilização das aeronaves R99B do Sipam. Tais imagens serão utilizadas na realização de estudos sobre impacto ambiental, desmatamento e biomassa. O Censipam garantiu a realização de cursos de capacitação de técnicos peruanos para a análise dos dados obtidos por meio do sensoriamento remoto. Na área de hidrologia serão realizadas medições conjuntas dos parâmetros hidrológicos da região do rio Acre, ou seja, no Estado brasileiro do Acre e Departamento de Madre de Dios, que são vizinhos. Haverá também o planejamento conjunto da rede de monitoramento hidrológico. Na área de hidrologia, a parceria e a capacitação de técnicos peruanos serão realizados pela Agência Nacional de Águas (ANA).

A missão brasileira em Lima desenvolveu três dias de trabalhos. Dia 2 de julho, Lopes apresentou as características do Sipam brasileiro a dirigentes peruanos de instituições das áreas de meio ambiente, inteligência, planejamento, tecnologia da informação, tecnologia aeroespacial e de sensoriamento remoto, em seminário realizado no Ministério de Relações Exteriores do Peru. A comitiva brasileira manteve reuniões com mais de 20 instituições peruanas, como o Instituto Geográfico Nacional (IGN), Instituto Nacional de Defesa Civil (INDECI) o Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Peru (SENAMHI), assim como os ministérios da Defesa; do Interior; de Transportes e Telecomunicações; Energia e Minas; Educação; além do Conselho de Ministros.

Brasil e Peru têm 2.995 quilômetros de fronteira. Do lado brasileiro, os estados do Acre e do Amazonas têm limites com o Peru. Os dois países têm intensa integração hidrológica. Destaca-se o fato de o rio Amazonas ter a sua nascente nos Andes do sul do Peru. Ao todo, a Amazônia Peruana tem 778,5 mil quilômetros quadrados, área que corresponde a 61% do total do país.