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12/11/2010 - 09:55

Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ comemora 30 anos

A solenidade que marcou as comemorações dos 30 anos do Programa de Planejamento Energético (PPE) da Coppe/UFRJ foi marcada pelo bom humor e saudosismo. Invertendo a ordem de protocolar, o professor Alexandre Szklo deu a palavra à ex-aluna Izabella Teixeira, que, como atual Ministra do Meio Ambiente, deveria ser a última a falar. Uma revista comemorativa foi distribuída com o histórico do Programa e depoimentos de professores, alunos e colaboradores.

Em campos opostos, mas com objetivos formalmente complementares, a ministra brincou dizendo: “Sobrevivi ao Tolmasquim no PPE e continuo sobrevivendo a ele no governo”, em referência aos interesses divergentes entre a sua pasta e a Empresa de Pesquisa Energética, presidida pelo ex-professor. Izabela Teixeira, que se formou em biologia, lembrou de seu primeiro curso de gestão ambiental no início da década de 90 e depois do mestrado em indicadores ambientais, tempo em que era chamada de ‘bicho exótico’ entre a maioria de engenheiros do PPE. E reconheceu o papel de vanguarda da Coppe no ensino e projetos multidisciplinares, na contribuição acadêmica para o dia a dia da sociedade e no intercâmbio entre universidades. A ministra afirmou que energia e meio ambiente são fronteiras não dissociáveis e que é preciso rever o que foi feito há vinte anos para se discutir os próximos vinte.

Maurício Tolmasquim afirmou que sua carreira está inteiramente ligada ao PPE e fez coro com a ex-aluna sobre a importância da interdisciplinaridade para formar profissionais flexíveis: “Quem sai da Coppe sabe que sua questão, seu objetivo não é o único”. O presidente da EPE também destacou o papel da instituição na solução de questões reais da comunidade e do posicionamento crítico do seu corpo docente. O Presidente do CBE, Luiz Pinguelli Rosa, pioneiro na defesa da interdisciplinaridade na Coppe, também foi bem humorado ao afirmar que o que mais fez no PPE foi “arrumar brigas”, referindo-se às batalhas e constantes críticas aos modelos e sistema estabelecidos. Já a professora Alessandra Magrini, parte do corpo docente há mais de 10 anos, prefere lembrar as muitas festas decorrentes do trabalho em projetos comuns, enquanto Sérgio Valdir Bajay, professor da Unicamp lembrou que a UFRJ deu o primeiro passo e foi referência para a Unicamp criar o segundo curso do Brasil de planejamento energético.

Da academia para a inciativa privada - Levantamento recente mostrou que dos mestres titulados no PPE, 63% encontravam-se em empresas, consultorias especializadas ou órgãos de governo nas áreas de energia e meio ambiente e 18% permaneceram no meio acadêmico (no caso, doutorado). Entre os doutores formados, 53% atuam em empresas, consultorias especializadas ou órgãos de governo das áreas de energia e meio ambiente, e 17% em universidades. Passaram pelas cadeiras de estudantes a atual Secretária Estadual do Ambiente Marilene Ramos, Silvia Helena Menezes Pires, pesquisadora do Cepel, e nomes de destaque na iniciativa privada como Jorge Soto, Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem e Howard Geller, Diretor Executivo da Southwest Energy Efficiency Project (SWEEP) entre tantos outros.

A produção acadêmica é outro ponto forte. Os dez professores que compõem hoje o corpo docente do programa já publicaram 388 artigos científicos e 357 livros, e apresentaram 488 trabalhos em congressos. Além disso, concluíram 328 supervisões e orientações de mestrado (iniciado em 1979) e 104 de doutorado (desde 1995).

A premiação dos dez melhores trabalhos - O último ato formal da solenidade comemorativa foi a premiação dos dez melhores trabalhos apresentados no CBE (relação completa anexa). Um dos destaques foi o projeto de ‘Construção de um Gerador Termoelétrico de Baixo Custo Acoplado em Fogões a Lenha Para Atendimento de Comunidades Isoladas’, autoria de Paulo Thiago Arantes de Mendonça; Lucas de Oliveira Souza; Silvio Carlos Aníbal de Almeida (Eng.Mecânica/UFRJ).

XIII CBE – Trabalhos Técnicos:

No estudo, eles utilizam 12 módulos termelétricos (cada um mede 56mmX56mm), colocados sobre a chapa do fogão a lenha (já adaptado para consumir menos lenha e emitir menos gases). É a variação da temperatura que gera energia, transferida por fios para uma bateria comum. Este modelo é capaz de armazenar 144 w, o suficiente para suprir quatro lâmpadas, uma TV e um rádio por um período de quatro horas. O custo total estimado, considerando a produção em larga escala e o baixo custo dos módulos importados (R$ 70 cada), é de R$ 2.000,00, incluindo a adaptação do fogão a lenha.

Outro projeto interessante é o da ‘Viabilidade Técnica, Econômica da Geração de Biogás a Partir de Vinhaça em Uma Usina de Etanol’, desenvolvido na Usina de Mandu, no município de Guaíra (SP) por Luiz Felipe Peres Vianna; Silvio Carlos Aníbal de Almeida; Marcio Schittini Pinto; Luiz Felipe Herrmann Telles Pereira (UFRJ). Para cada litro de etanol produzido gera-se 13 litros de vinhaça, subproduto das usinas de etanol altamente poluente (devido ao seu alto teor orgânico, que consome muito oxigênio). Geralmente a vinhaça é utilizada para adubação das plantações de cana de açúcar. Mas, segundo Luiz Felipe Viana, muitas vezes em quantidades acima da recomendada, saturando o solo e sendo carregada para os rios pela ação das chuvas. “Isto quando não é erradamente despejada diretamente nos rios, ressalva Viana.

O processo de geração de energia com vinhaça é semelhante a outros dejetos usados em biodigestores de reservatórios cobertos. O biogás produzido é filtrado para a redução do ácido sulfídrico (H²S) e usado em motor movido a gás, turbina ou em automóveis. Cada litro de vinhaça produz 14 m³ de biogás. No caso da Usina Mandu, a produção de 175 mil litros de vinhaça/ano seriam suficientes para gerar 31.850.000 m³ de biogás no período, ou 42 mil MWh/ano. O suficiente para abastecer dois grandes shoppings centers ao longo de 12 meses. | Paula Guatimosim.

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