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05/07/2007 - 09:38

A superpopulação e os recursos naturais

No final do século 18, o economista Thomas Malthus fez previsões sombrias para o futuro da humanidade. O britânico dizia que a capacidade para a produção de alimentos se esgotaria se os governos não fizessem nada para conter o crescimento populacional. Leia-se aí a necessidade de imprimir um controle de natalidade, algo impensável perante os religiosos da época, apesar dos números que indicavam que a população da Terra chegava a 1 bilhão de habitantes. O tempo passou e a previsão de Malthus não se transformou em realidade, sobretudo por causa dos avanços tecnológicos alcançados a partir da Revolução Industrial.

Três séculos depois, muita gente começa a resgatar a teoria malthusiana que, entre outras coisas, aconselhava um severo controle de natalidade. Isso porque a população mundial nos próximos 40 anos pode atingir a incrível marca de 9 bilhões de pessoas. A diferença com o passado é que agora a preocupação não se restringe à produção de alimentos. Envolve também questionamentos sobre matrizes energéticas limpas, a destinação do lixo produzido pela superpopulação, a poluição do meio ambiente, a geração de empregos, a eficácia do sistema previdenciário, entre outros.

A verdade é que Malthus entraria em pânico se vivesse nos dias atuais. Ficaria surpreso de ver que no mundo atual o que importa é produzir combustível limpo que possa substituir o petróleo nas próximas décadas. O controle de natalidade sugerido pela teoria malthusiana também está em desuso. Pior: alguns países, principalmente na Europa, terão de agir exatamente na direção contrária se quiserem garantir sua sobrevivência no futuro e deixar de importar mão-de-obra.

O intelectual britânico também ficaria de cabelos em pé quando lhe contassem que os reservatórios de água diminuem consideravelmente a cada ano e que os oceanos vão engolir uma série de cidades e ilhas importantes por causa do aquecimento global. E que o sistema de previdência pública que ele conheceu, o “Poor Relief Act”, inaugurado em 1601 na Inglaterra, sofreu modificações consideráveis com o decorrer dos séculos. Principalmente porque todos os países do mundo se esforçam para encontrar uma fórmula que possa sustentar o pagamento das aposentadorias para seus contribuintes.

Aos olhos de um viajante do tempo, nossa realidade seria catastrófica. É uma pena que já estejamos acostumados com toda essa situação, o que às vezes nos impede de agir com mais firmeza para mudar hábitos e comportamentos que terão impacto significativo na vida de gerações futuras. Quem já passou dos 50 anos tem esse dever. Não é o melhor dos mundos deixar como herança para filhos e netos um planeta cheio de gente e cada vez mais carente de recursos naturais.

. Por: Milton Dallari, consultor empresarial, engenheiro, advogado e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp. O e-mail para contato é o [email protected].

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