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05/07/2007 - 09:39

Coleta seletiva – é preciso entender

Apesar de todos os apelos e de toda a vontade manifestada pelos diversos segmentos da sociedade em defesa do meio ambiente, as ações com esse objetivo ainda pecam pelo próprio desconhecimento do tema. Um programa de coleta seletiva é um exemplo comum. Trata-se de uma atividade profissional que requer tempo e habilidade, como qualquer outra. Caso contrário, poderá ter vida curta.

Alguns lugares como condomínios residenciais e comerciais ainda pensam que implantar um programa de coleta seletiva é fácil e sem custo financeiro. Isso é ilusório. Além de mobilizar funcionários e condôminos, existem outras áreas que devem ser acionadas e detalhes que devem ser verificados.

Sabemos que cada cidadão gera por dia uma quantia grande de materiais que podem ser reciclados ou reaproveitados e que o consumidor pode ajudar com pequenos atos, como recusar sacolas plásticas na hora da compra.

Diante disso, surge a idéia de fazer coleta seletiva e as perguntas pertinentes: como organizar, como planejar, quem está envolvido, quem será o responsável? Há recursos para a manutenção do programa? Existe espaço físico? Há contêineres para armazenar os resíduos recicláveis? O responsável pela área aprovou e apóia o projeto? Já foi discutido com os moradores ou definida a equipe de trabalho? Os resíduos serão vendidos ou doados? Pra quem? Como será a divulgação?

Antes de se iniciar um projeto sobre coleta seletiva é necessário consultar e expor os objetivos a todos. A partir daí, a chance de ter vida longa é grande. E não adianta ter pressa. O programa precisa ser estudado e planejado com calma e critério.

Conhecer a característica do lixo normalmente gerado é um fator importante para identificar os resíduos que podem ser separados para reciclagem. Para verificar o tipo de resíduo que mais aparece no lixo, uma dica é juntar em torno de 10% do total gerado em um dia comum e fazer as contas.

Reuniões periódicas também ajudam a definir detalhes do programa como a divisão de tarefas e remanejamento, se for o caso. Nesses encontros, deverá ser estabelecido um objetivo, ou seja: o material separado será vendido ou doado e, neste caso, para quem?

O convencimento dos envolvidos e o estímulo constante dão bons resultados, como em qualquer projeto. Quando pessoas de posição privilegiada participam já é um bom começo. Se o presidente da empresa quer a coleta seletiva implantada e apóia o projeto, acompanhando o processo, a tendência é que as idéias saiam do papel mais facilmente.

A equipe encarregada de implantar a coleta seletiva deve decidir como divulgar para o público geral e ministrar treinamentos e palestras acessíveis a todos.

Após essa etapa, as primeiras fases de implantação devem ser acompanhadas. É arriscado deixar que a equipe trabalhe sem supervisão no início. Pelo menos um técnico em meio ambiente deverá acompanhar durante 02 meses o andamento do programa de coleta seletiva, juntamente com a equipe. Este técnico poderá ser terceirizado ou da própria empresa ou condomínio e será responsável pela emissão de relatórios para mostrar os passos do programa.

O tipo de contêiner para armazenar os resíduos deve ser definido com antecedência. Não há a necessidade de espalhar pela empresa recipientes coloridos. Na verdade, os modelos com 04 contêineres, sendo: 01 vermelho, 01 azul, 01 amarelo e 01 verde são opcionais. Os programas de coleta seletiva atuais optam por um único recipiente para todos os resíduos. Com exceção de locais com uma geração de mais de resíduo muito acima da média. Estes casos são mais comuns em locais considerados grandes geradores de resíduos.

Na cidade de São Paulo, existe um programa de coleta seletiva realizado em parceria com 15 cooperativas de ex-catadores. A Prefeitura de São Paulo subsidia as cooperativas nas principais despesas e fornece estrutura. Toda a renda obtida com o material coletado e comercializado é dos cooperados.

Alguns empreendimentos têm optado em doar os resíduos para as cooperativas. O decreto municipal 45.228/07, parágrafo 4º., inciso II, inclui, entre os documentos necessários ao cadastramento no Limpurb (departamento de limpeza pública), a “declaração de que o condomínio integra programa social de triagem de material reciclável e coleta seletiva de resíduos sólidos promovido por órgãos públicos ou cooperativas de inclusão social e de coleta de recicláveis, devidamente cadastrados na AMLURB (atual Limpurb), cujo volume de material reciclável a ele destinado seja igual ou superior a 10% (dez por cento) do total de resíduos sólidos gerados pelo condomínio.” Trata-se de um decreto assinado em abril deste ano e ainda está em fase de aplicabilidade pelo poder público.

Há outros casos em que o empreendimento decide vender os resíduos recicláveis. Nesta opção, é importante saber se o coletor/comprador tem boas referências para entrar no programa. É sempre desejável verificar se próximo ao empreendimento existe algum programa em andamento e que possa ser parceiro.

Como se pode ver, são muitos detalhes e ainda tem mais. Falta definir os funcionários da limpeza, contabilidade, local para armazenar os resíduos, estoque, prensa para papéis e papelão, big bags, planilhas e controles.

Se esses cuidados não existirem, por maior que seja a boa vontade, em algum ponto o processo acabará emperrando. É por isso que muitos programas de coleta seletiva param nos primeiros meses. É improvável que se possa organizar um programa com esta finalidade se todos os pontos acima não estiverem bem amarrados. Caso contrário, será um tiro no pé e investimento jogado fora. Daí a importância de treinar e conscientizar o grupo envolvido. E definir bem qual o objetivo do programa que será iniciado.

. Por: Jetro Menezes, 38 anos, casado, técnico em meio ambiente, auditor ambiental ISO 14000, coordenador do Programa de Coleta Seletiva da Prefeitura de São Paulo e Consultor ambiental da ONG Eco-Cultural. Proprietário da Oficina de Papel Reciclado onde ministra cursos. | www.tvtupinikim.com.br

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