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17/11/2010 - 10:28

Apagão de mão de obra e as oportunidades de carreira

Para a economia de um país crescer a uma taxa superior a 5% de forma continuada, são necessárias duas condições: infraestrutura adequada e profissionais preparados. São os dois grandes desafios que o Brasil precisa enfrentar para dar um salto qualitativo como nação. A formação de profissionais qualificados é a mais urgente.

Com os índices de crescimento animadores que o país apresenta, cresce também a demanda por esses profissionais. Isso representa boas oportunidades para quem se capacitar de forma adequada e, principalmente, focar nos setores que apresentam maiores chances de crescimento profissional e melhores salários.

Aparentemente, as empresas estão tendo dificuldades de encontrar profissionais bem formados para seus projetos de expansão. Verifica-se isso, por exemplo, em 67% das 76 maiores empresas do Brasil que fizeram parte de uma recente pesquisa da Fundação Dom Cabral. Constatou-se que não foram preenchidas 39% das vagas ofertadas pela rede pública de agências em 2009, segundo dados do Sistema Nacional de Empregos do Ministério do Trabalho e Emprego. Esse foi o índice mais alto dos últimos anos, e significa que 1,7 milhões de vagas não encontraram pessoas qualificadas para exercer aquela função. Considerando que cerca de 8 milhões de pessoas estão sem emprego e que a taxa de desemprego está em queda no país, confirma-se a tese de que faltam profissionais habilitados para o trabalho.

Essa dificuldade só deve aumentar, já que o mercado de contratações deve continuar bastante aquecido, principalmente na América do Sul. Pesquisa da PriceWaterhouseCoopers com 194 presidentes de empresas do continente indicou que 41% delas pretendem aumentar seus quadros neste ano, sendo que 12% planejam elevar em mais de 8% a massa de profissionais, a maior taxa do planeta.

Se há necessidade de contratações e as empresas não estão encontrando gente adequada, espera-se que os salários desses poucos qualificados sejam relativamente maiores. Não se trata, porém, de relação tão clara assim, o que levanta dúvidas sobre a existência do apagão da mão de obra. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informam que, como era de se esperar, os salários dos que têm ensino superior, e que são, portanto, mais qualificados, estão 150% acima de quem apenas concluiu o ensino médio. A dúvida surge do fato de que essa taxa vem declinando, já que era de 160% seis anos atrás. Isso parece demonstrar que há mais gente qualificada sendo ofertada no mercado.

As razões para essa situação aparentemente contraditória podem ser: faltam profissionais qualificados em alguns setores e sobram em outros; pessoas qualificadas não se encontram na localidade em que há necessidade; e faltam profissionais no nível de pós-graduação, já que a diferença salarial de quem tinha mestrado e doutorado em relação aos apenas bacharéis passou de 40% em 1992 para 70% em 2008.

Essa é uma discussão ampla e complexa no Brasil e está apenas começando. O que se pode concluir é que alguns setores como construção civil, nutricionismo e farmacêutico estão claramente com mais dificuldades de preencher suas vagas.

As indústrias naval e de petróleo e gás são outras que precisarão de muitos profissionais para dar conta dos projetos ligados ao Pré-Sal. Além disso, todo serviço que tiver relação com o setor esportivo tende a crescer muito com os investimentos para a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, que ocorrerão no Brasil.

E, por fim, esse cenário confirma que quanto mais qualificado, maior o reflexo no salário, principalmente para quem alcança uma pós-graduação. A eventual carência de profissionais qualificados é uma problemática boa e impensável alguns anos atrás, mas, ainda assim, não deixa de ser uma problemática. Cabe ao profissional atento transformá-la em oportunidade de desenvolvimento de carreira.

. Por: Fernando Trevisan, diretor geral da Trevisan Escola de Negócios. | E-mail: [email protected].

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