Brasil deve investir R$ 2 trilhões em infraestrutura até 2022

Construbusiness aponta mudanças de 30% no modal brasileiro e o que fazer para garantir que o Brasil esteja até 2022 entre as 5 maiores economias do Mundo. Evento acontece dia 29 na Fiesp.

São Paulo – De acordo com levantamentos setoriais da FGV Projetos e da LCA Consultoria, que serão apresentados na 9ª edição do Construbusiness, um dos maiores gargalos da infraestrutura brasileira está diretamente relacionado à sua malha viária. Até 2022, o Brasil passará por significativas transformações e ampliações no seu modal necessitando de estradas seguras, duráveis e fretes que tornem os produtos brasileiros mais competitivos.

O setor da construção civil – que esteve estagnado por quase 20 anos – agora mostra uma retomada vigorosa. A participação da cadeia produtiva da indústria da construção no PIB nacional saltará de 8,3%, em 2009, para 9,5%, em 2022, ano do bicentenário da Independência do País. O PIB da construção deverá crescer a taxas médias de 6,1% ao ano, enquanto outros setores deverão se desenvolver, nesse mesmo período, a taxas de 6,7% para produtos de minerais não metálicos; 5,2% para serviços (principalmente turismo); e de 3,5% para o comércio.

Mas, ao mesmo tempo em que cresce o País ainda apresenta deficiências principalmente na área de infraestrutura de transporte, evidenciando a necessidade de um planejamento e de um programa de Estado, que atravesse vários mandatos presidenciais, independentemente de partidos políticos. Trata-se de uma agenda propositiva com visão de crescimento. Fiesp e entidades ligadas à indústria da Construção trabalham para viabilizar um plano de Estado a ser entregue à equipe de transição do governo de Dilma Roussef, com objetivo de apresentar soluções e apontar os principais gargalos dos setores.

O estudo vai mostrar que até 2022, o Brasil -- para estar entre as cinco maiores potências econômicas do Mundo -- deve investir cerca de R$ 2 trilhões em infraestrutura e que haverá uma mudança de 30% no modal hidrorrodoviário, que passa pela adição de sistemas e tecnologias de transportes que sejam mais amigáveis ao meio ambiente.

Importância social e econômica ­- A importância econômica e social da malha viária brasileira ao longo da história é incontestável, pois implica diretamente a segurança dos usuários, a competitividade do setor de transporte e o desenvolvimento nacional. Enquanto o Brasil, com uma área de 8,5 milhões de km2, tem 212 km de rodovias pavimentadas, países com extensões aproximadas como Estados Unidos (9,1 milhões km2) têm 4.200 km de rodovias pavimentadas. O Canadá (9 milhões de km2) tem 416 km de rodovias pavimentadas.

“Tamanha relevância merece tecnologias de pavimentação de qualidade e durabilidade, que garantam a mínima manutenção preventiva e nenhuma corretiva, tanto nas estradas quanto nas demais vias públicas, otimizando recursos públicos e auxiliando na redução do chamado ‘Custo Brasil’, ressalta Renato Giusti, presidente da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). Para Giusti, uma das respostas para o enorme desafio de recuperar e expandir a malha viária nacional é o pavimento de concreto: sistema construtivo durável, indicado para vias de tráfego intenso e pesado, sejam rodovias federais, estaduais ou vias urbanas, além de portos e aeroportos.

O pavimento de concreto, ao contrário do que se pensa, não é novidade nas vias e rodovias. O Brasil foi um dos primeiros países a empregá-lo já no início do século XX, e sua utilização foi intensificada até a década de 1970. A partir dos anos 90, a ABCP passou a atuar na reintrodução do pavimento de concreto e foi buscar no exterior o que havia de mais moderno em tecnologia de pavimentação em concreto, inclusive reciclando seus profissionais, reativando a cultura e o domínio da sua execução, com o emprego dos mais modernos equipamentos.

Estradas mais seguras e duráveis - A pavimentação com concreto oferece diversas vantagens para o usuário, como menor distância de freagem, melhor visibilidade e grande durabilidade. Por isso, hoje é considerada uma alternativa econômica para países como o Brasil. De acordo com o Banco Mundial, cada dólar investido em uma estrada de concreto corresponde a uma economia de três dólares em custo operacional.

Dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) revelam que 76% da malha pavimentada nacional é deficiente, ou seja, há uma enorme possibilidade para o aproveitamento do concreto na recuperação e ampliação das estradas brasileiras, principalmente nas vias de tráfego pesado.

Giusti ressalta que, além ser uma excelente alternativa para vias de tráfego intenso, pesado e repetitivo, o pavimento de concreto traz vantagens também para o Poder Público e a sociedade, pois o dinheiro economizado na manutenção pode ser utilizado na construção de novas rodovias.

Construbusiness - Criado em 1997, com periodicidade bienal, passando a anual em 2008, o Construbusiness ganhou força nos últimos anos para mudar situações difíceis do País. O Seminário funcionou como alavanca para a elaboração de projetos importantes anunciados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), voltado às obras de infraestrutura, e o Programa Minha Casa, Minha Vida, de habitação.

ABCP - A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) – é uma entidade sem fins lucrativos que, há mais de 70 anos, promove estudos sobre o cimento e suas aplicações. Reconhecida nacional e internacionalmente como centro de referência em pesquisas sobre cimento, a ABCP também atua no desenvolvimento de tecnologias sobre concreto e mantém uma equipe de profissionais, como arquitetos, engenheiros, geólogos e químicos, à disposição do mercado para consultoria e suporte a grandes obras da engenharia brasileira.