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06/07/2007 - 09:58

Volpi –O mestre de sua época

Com 117 pinturas em exibição, a exposição apresenta uma significativa retrospectiva da obra de Alfredo Volpi (1896-1988). Um empreendimento de fôlego que exibe meio século da produção do artista, do final de 1920 ao final de 1970. Esta é a primeira mostra individual de Volpi em Curitiba.

O público poderá visitar a exposição entre 29 de junho e 30 de setembro.

“Tentei selecionar alguns dos mais belos vôlpis de que se tem conhecimento, escolhidos um a um por suas qualidades”, afirma o curador e crítico Olívio Tavares de Araújo, um dos maiores especialistas na obra de Volpi. O curador organizou sua seleção a partir de dois focos centrais: demonstrar a grande atualidade da proposta artística de Volpi, “um artista intuitivo, nunca um intelectual, que se interessou pelos elementos formais como composição, luz e cor”, e demonstrar que Volpi foi “um artista original ao descobrir e inventar seus caminhos a partir e dentro de sua própria trajetória, sem estar balizado por nenhuma determinação exterior”.

Devido a origem social de imigrante italiano, o artista não fez parte do movimento modernista brasileiro. Segundo o curador, do grupo de artistas da Semana de Arte Moderna de 22, Volpi estava separado, em primeiro lugar pela questão social. Imigrante humilde, ele “lutava arduamente pela vida”, em um momento em que os intelectuais e os patronos da Semana a realizavam. Era um simples operário, um pintor-decorador de paredes.

Entre as obras em exibição destacam-se “Manequins e Melancias” (1950), “Costureiras” (1940), “Vista de Santos com o Mar ao Fundo” (início dos anos 50), “Sereia” (1960), “Grande Barco Negro” (1960) e as composições com bandeirinhas. “Bandeirinhas e Mastros”, pintado na metade dos anos 60, é a obra símbolo da exposição.

Mestre - Volpi começou fazendo pinturas de óleo sobre tela e, na virada da década de 40 para a década de 50, passou a realizar sua pintura na técnica de têmpera sobre tela. Utilizava uma tinta à base de água preparada por ele mesmo, assim como suas telas e pincéis. A maior parte das obras em exposição foram produzidas nessa técnica, que o artista não mais abandonou. O curador afirma que os trabalhos selecionados explicam e legitimam a opinião de Mário Pedrosa, um dos mais importantes críticos de arte de meados da década de 50.

“Na minha opinião e na opinião de muita gente isenta e autorizada, para quem a obra volpiana apareceu, nessa mesma retrospectiva, numa dimensão surpreendentemente maior do que se esperava, o antigo e o modesto pintor de paredes do Cambuci é, realmente, o mestre brasileiro de seu tempo (...) Duas coisas mais facilmente verificáveis a sua mostra revelou: a insuperada mestria técnica do pintor e o caráter brasileiro de sua arte”, escreveu Pedrosa no Jornal do Brasil, em 18 de junho de 1957, a respeito da primeira retrospectiva de Volpi no Museu de Arte Moderna do Rio.

“Mestre não só no sentido do saber fazer, mas nessa época Volpi já tinha construído uma identidade, uma individualidade artística, estava maduro, pronto. Portanto, mestre no sentido de plenitude”, complementa o curador. Tavares Araújo explica que o artista ganhou notoriedade quando já tinha atingido a maturidade, com mais de 50 anos. Sua primeira exposição individual foi realizada quando ele tinha 48 anos. “É um artista tardio. O grande Volpi surge a partir da década de 40.”

Bandeirinhas - Na década de 40, através das “Paisagens de Itanhaém”, o artista começou a delinear um novo caminho na pintura. Nos anos 50, Volpi já era um pintor respeitado, principalmente pelos críticos. Neste período passou para o abstracionismo geométrico e iniciou a série de bandeiras e mastros de festas juninas. Em 1954 recebeu o prêmio de Melhor Pintor Nacional na 2ª Bienal de São Paulo e, três anos depois, foi um dos integrantes da 1ª Exposição de Arte Concreta.

Fez parte do prestigiado Grupo Santa Helena, assim chamado porque todos os participantes tinham como local de trabalho o palacete de mesmo nome. Entre os integrantes do grupo estavam Aldo Bonadei, Mário Zanini, Clóvis Graciano, Fúlvio Penacchi e outros que se voltaram para a observação, a pesquisa e o desenvolvimento de técnicas apuradas. A partir da década de 60, as bandeirinhas passaram a ser signos, formas geométricas de ritmos coloridos e iluminados. “Ele não é um artista temático. Grande parte de sua produção é de espírito abstrato.”

Um italiano paulista - Alfredo Volpi nasceu na Itália, em 14 de abril de 1896, no distrito de Lucca, mas foi em São Paulo, no bairro do Cambuci, que passou toda a sua vida. Com apenas dois anos de idade, o artista veio com a família para o Brasil, onde o pai, Ludovico Volpi, abriu um pequeno comércio de queijos e vinhos. Ainda criança, começou a trabalhar como entalhador, encadernador e realizou outras atividades manuais. Sempre valorizou o trabalho artesanal.

Apesar de não ter se naturalizado brasileiro e de ter sido alfabetizado em italiano, mantendo um forte sotaque e ligação com a cultura do país natal, o artista dizia que seu coração era brasileiro. Em toda a vida, Volpi visitou a Itália apenas uma vez, em 1950.

Autodidata, ele começou a pintar em 1911, na execução de murais decorativos. Como afirma o curador Olívio Tavares de Araújo, antes de ser um pintor de cavalete, Volpi era um pintor-decorador. Ele realizou ornamentos nas casas da sociedade paulista das décadas de 20 e 30. Pintava preferencialmente fachadas de casarios e bandeirinhas que geometrizou.

“Se ele entrou alguma vez nessas residências foi de tamanco e carregando baldes de cal, para trabalhar e não para conversas inteligentes e saraus.” Embora não tenha feito parte de um dos momentos artísticos mais marcantes de nossa história, o pintor ítalo-brasileiro é considerado pela crítica um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. Volpi morreu em São Paulo, aos 92 anos, em 1988.

A exposição vai até 30 setembro, de terça a domingo, das 10h às 18h, no Museu Oscar Niemeyer, Rua Marechal Hermes, 999 – Curitiba (PR).Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes. (Crianças de até 12 anos, maiores de 60 anos e grupos agendados de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental não pagam)| Telefone: (41) 3350-4400.Apoios: Governo do Paraná e Ministério da Cultura | Patrocínio: Copel.

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