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24/11/2010 - 11:45

Os impactos e as alternativas para os apagões

Apesar de grandiosas nas dimensões e não passarem despercebidas aos olhos de ninguém, as obras de infraestrutura energética ainda recebem pouca atenção e fiscalização das autoridades quando pensamos que este é um setor essencial para o desenvolvimento de um país.

A falta de investimentos, desperdícios, falhas de planejamento, gestão e má conservação dessas obras tão importantes resultam em prejuízos astronômicos para a agricultura, indústria, comércio e traz consequências desastrosas à rotina dos cidadãos, sem distinção de classe social.

Há um ano um mega apagão deixou no escuro, por até quatro horas, 18 estados brasileiros e afetou quase a metade da energia consumida pelo país. Na época uma tempestade causou um curto circuito na linha de transmissão entre São Paulo e Paraná, desligando três linhas que transportam a energia gerada em Itaipu, ocasionando a interrupção em outras linhas do país.

Já este ano vivemos uma série de transtornos com apagões decorrentes das mais variadas causas, o que só reforça como está velho e frágil o nosso sistema de energia elétrica.

Basta voltarmos a um passado ainda bem recente que podemos perceber com clareza como a falta de energia elétrica pode ser prejudicial. Há poucos meses brasileiros ficaram perplexos com a sequência de estragos, entre eles os apagões, causada pelas tempestades que caíram sobre cidades do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Salvador, Ceará entre outras e principalmente com o despreparo do Estado em lidar com toda aquela situação.

Este, com certeza, não é um problema somente do Brasil. Vemos quase que diariamente no noticiário países que sofrem problemas bem semelhantes aos nossos devido a atuação de fenômenos da natureza. Cidades inteiras são varridas por inundações, vendavais, cobertas por gelo e destruídas por terremotos. A diferença é que o tamanho do estrago decorrente desses fenômenos varia de acordo como os países estão preparados para lidar com eles, desde a organização da sociedade ao desenvolvimento da sua infraestrutura. E nós tanto na organização civil quanto no quesito infraestrutura, aqui me refiro à infraestrutura como um todo, estamos ainda bem despreparados.

Quando assistimos ou vivemos transtornos como aqueles que foram causados aos brasileiros, que tiveram suas regiões atingidas por cataclismos naturais, fica ainda mais evidente quão longe está para termos esse direito garantido e também como estamos vulneráveis a contar com a sorte ou a graça divina para não sairmos tão lesados dessas situações.

As chuvas que castigaram aquelas cidades, e castigam tantas outras recorrentemente, levaram as atividades de cada uma daquelas regiões ficarem totalmente desordenadas. Foram horas sem energia elétrica. E apesar de este ainda ser um fato pouco comentado diante das inundações e desmoronamentos, sem falar em perdas maiores, que são a de vidas humanas, é preciso lembrar que a falta de energia só contribuiu para deixar o cenário caótico ainda mais desolador.

Para se ter uma ideia de como a vida se transforma, para pior, com um apagão, bastam poucas horas sem energia para que os serviços de telecomunicações e sistemas informatizados comecem a se tornar um caos, afetando atividades definitivamente incorporadas no cotidiano de bancos, comércio, hospitais, indústria, bolsa de valores entre outros. Uma forte oscilação de energia ou um blackout pode colocar em risco dados e prejudicar negócios.

E quando o tempo não fecha para os brasileiros com fortes chuvas, fecha com calor intenso e queimadas naturais, como o ar seco que castigou a região do Cerrado do país. Brasília foi alvo de queimadas naturais. O fogo ameaçou atingir uma torre transmissora de energia elétrica, que deixaria a região às escuras.

E o que preocupa é que os apagões não são casos isolados e nem precisam estar vinculados aos cataclismos naturais .

Em São Paulo - fato ainda mais recente - uma falha no sistema subterrâneo que alimenta parte da região central da cidade, segundo a Eletropaulo, deixou diversas áreas no escuro. Um dos principais pólos de comércio popular, a Rua 25 de Março e vias no entorno ficaram mais de oito horas sem luz. A distribuidora Eletropaulo não soube dar maiores explicações sobre a tal falha e ficou por isso mesmo. O apagão desligou semáforos e complicou ainda mais o trânsito já naturalmente caótico sem falar nos prejuízos causados aos comerciantes e desconforto aos clientes que só puderam levar com dinheiro vivo nas mãos.

No outro extremo do Brasil temos uma Manaus abandonada pela energia elétrica. Lá a população se surpreende com a energia interrupta já que a região vive vários picos de apagões que chegam a durar horas e dias, além de sempre saírem do escuro com vários prejuízos com eletrodomésticos queimados ou danificados.

Os casos são inúmeros, impossível de se listar todos num curto espaço. Mas o que me pergunto é o que mais é preciso acontecer para termos uma revisão séria do nosso sistema de transmissão e distribuição de energia? Até quando vamos ser reféns desse sistema?

A população está cansada de explicações infundadas, soluções pontuais e superficiais, punição tardia para os responsáveis pelos problemas ocorridos. E enquanto uma solução definitiva não vem, não podemos nos cansar de relembrar os fatos, os prejuízos, pois essa é uma tentativa de não deixar as autoridades também se esquecerem.

É inegável os avanços que a energia trouxe para a sociedade, mas tão significativo quanto esses avanços são os transtornos quando não se pode contar com ela, mesmo pagando caro para tê-la. A conta de luz é uma das despesas que mais pesa no orçamento do brasileiro – e os impostos são responsáveis por boa parte desse peso. Para se ter uma ideia sobre a energia consumida são pagos 25% em impostos. Um empresário no Brasil, por exemplo, paga a segunda maior tarifa de energia elétrica industrial do mundo. Neste quesito, o país só perde para a Itália o posto de conta de luz mais cara do planeta.

Apesar de já estarmos fazendo a nossa parte contamos com uma infraestrutura energética precária que deixa muito a desejar em transmissão, distribuição e conservação.

Essa é uma crise de longa data e que não se resume a um ou dois fatores . É um conjunto deles, desde o déficit de investimento, passando pela dependência do país com relação às usinas hidrelétricas, responsáveis por 90% da energia consumida no Brasil ao aumento do consumo que é gradativo. Somado a isso temos as transformações ambientais e fenômenos da natureza. Vale ressaltar aqui que o Brasil é campeão em incidência de raios. Mas gerenciar todos esses fatores é de responsabilidade do Governo seja por meio de novos investimentos, parcerias ou privatizações.

Uma parte da lição de casa parece estar sendo feita. Fala-se em três novas hidrelétricas que devem entrar em cena nos próximos anos. Fala-se também em obras de cerca de R$ 20 bilhões como é o caso da Hidrelétrica de Belo Monte, que está em fase de projeto, mas que poderá gerar 11 200 megawatts de potência. Já em construção no Rio Madeira (RO), temos ainda a Hidrelétrica de Santo Antônio e a Hidrelétrica de Jirau cada uma com capacidade de gerar cerca de 3000 megawatts.

Além das obras, existem ainda metas impostas pelo governo para reduzir o consumo de energia, apesar de muitos já consumirem o mínimo e programas como o “Luz para Todos”, que está longe de alcançar a meta de 576 mil domicílios ligados à rede de eletricidade até o fim do ano. Até julho, o programa fez 210 mil ligações.

No entanto, todas essas medidas ainda representam uma ponta do iceberg de necessidades, além de que, vale lembrar que qualquer iniciativa no Brasil precisa enfrentar um mar de burocracias, sem contar com possíveis paralisações para fiscalizar as recorrentes denúncias de corrupção. Portanto, o caminho é longo até que todos possam de fato ver luz no fim do túnel.

Essa perda de confiança no sistema faz os consumidores de energia elétrica buscarem outras alternativas e mudarem seus hábitos. Hoje é cada vez mais comum o uso de geradores, em muitas regiões do país ainda não beneficiadas pela energia elétrica, além do uso de equipamentos de proteção de energia para proteger os aparelhos eletrônicos, em regiões aonde acredita-se que haja energia, mas que por vezes ela insiste em falhar.

E é esse entendimento dos consumidores da importância de assegurar energia adequada e de investimento em segurança que faz o segmento de aparelhos de proteção de energia crescer. Somente este ano o mercado de nobreaks pode avançar cerca de 5% segundo dados da Pierre Audoin Consulting.

Investir em equipamentos com alta tecnologia pode ser uma saída inteligente para evitar que tenhamos maiores prejuízos com os acidentes com a rede elétrica. E no Brasil encontramos uma grande variedade desses produtos como estabilizadores, nobreaks e filtros de linha que atendem as necessidades mais específicas sejam elas domésticas ou corporativas, além de apresentarem uma excelente relação custo-benefício.

Mas essa deve ser uma opção e não uma regra de proteção a possíveis falhas que venham ocorrer na energia elétrica. A regra deve ser outra: um sistema elétrico estável que garanta qualidade de energia a todos os brasileiros.

. Por: Jamil Mouallem, sócio diretor da TS SHARA, uma das líderes no segmento de produtos de proteção de energia do país.

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