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07/07/2007 - 10:00

Classe média: pêndulo do equilíbrio durável

Históricamente, a classe média tem exercido o importante papel de sustentação do equilíbrio saudável da sociedade, talvez por situar-se entre os extremos - ricos/pobres-, recebendo e absorvendo os choques e pressões, bem como contribuindo para os dois pólos. Aos ricos, ajuda a construir seu progresso; aos pobres, participando com a convivência, com ajuda direta e, também, indireta pela criação dos empregos gerados pelos ricos.

Evidentemente, nem só os ricos e as grandes empresas geram empregos. Mas todos, geralmente, têm a participação da classe média, seja para produzir ou para consumir. A prova disso é a confortável situação sócio-econômica daqueles países que têm uma classe média densa e equilibrada.

Não obstante esse importante papel, a classe média vive o constante desafio de ser o "recheio do sanduíche" sem ser esmagada, tarefa difícil quando aos governos falta a visão da compreensão dessas realidades. Por ser eleitoralmente minoritária, com freqüência é desconsiderada e até explorada pelos governos, principalmente através da tributação.

Todavia, ainda não morreu a crença válida de que "a classe média não tem poder de eleger mas pode destruir governos". Isto parece ter sido esquecido no Brasil nas últimas décadas. A inoperância, a corrupção, o desperdício e outras impropriedades no meio governamental - executivo, legislativo e judiciário - como tem sido mostrado e comprovado diuturnamente na imprensa, estão levando as pessoas de bom senso à postura de revolta visto que, não bastasse a indesejável erosão da imagem deste belo país, ainda impõe uma carga tributária geometricamente crescente, onerando as empresas que, com isso, perdem o poder competitivo e os cidadãos, especialmente a classe média, que têm que dar aos governos quase metade de sua renda a cada ano.

Em recente estudo, o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostrou claramente o intolerável peso da carga tributária, especialmente sobre a classe média. Nele ficou evidenciado que a carga tributária sobre o rendimento mensal do brasileiro situa-se entre 38,83% e 42,58%, sendo esta última sobre a classe média. Assim, consideradas as pessoas com renda entre R$3.000,00 e R$10.000,00. Estas pagam aos governos 155 dias/ano de tributos. Isto é, trabalham de 1 de janeiro a 4 de junho apenas para saciar a fome dos governos. É como se a classe passasse sem comer, sem beber, sem morar, sem educar-se quase meio ano. A taxação pelo imposto de renda não só elevou as taxas, chegando a 27,5%, como eliminou ou limitou a dedutibilidade de gastos essenciais, inclusive de educação.

Com esta performance estupidamente destrutiva, apenas um país no mundo - a Suécia - tem taxa mais elevada, equivalendo a 185 dias. Mas são realidades incomparáveis. Geralmente, nos países com carga tributária elevada, serviços de saúde, previdência, assistência, educação e outros disponibilizados são de qualidade superior, poupando recursos do contribuinte. Mas este não é o caso do Brasil, onde, pela indisponibilidade ou má qualidade, o contribuinte tem que sujeitar-se à contratação de serviços complementares onerosos, desgastando ainda mais sua renda.

Situando-se na fronteira social com a classe alta -de hábitos mais onerosos - e com maior acesso às informações, é normal que a classe média receba maior pressão de consumo, com potencial de desequilíbrio econômico-financeiro doméstico, fonte de desentendimentos e desajustes familiares.

Portanto, a realidade sugere que tanto os governos quanto a classe média precisam refletir e a agir conscientemente para preservar a saúde social da instituição família. O caminho é o reforço da consciência da "comunidade cívica". Não só o crescimento, mas, principalmente, o desenvolvimento e a firme decisão de destruir a corrupção, o desperdício e a inoperância, gerando oportunidades de trabalho. Esses são os caminhos para um país saudável. Seria bom que os governos não se esquecessem da crença antes citada: "a classe média não tem poder de eleger, mas pode destruir governos". Ainda há tempo para corrigir e direcionar esse belo País ao futuro que merece, antes que a revolta instaure a insegurança.

. Por: Humberto Delsasso. Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão./Cofecon

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