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08/12/2010 - 09:42

Vice-presidente boliviano vem ao Brasil para lançar o livro A potência plebeia


A conferência será dia 13 de dezembro (segunda-feira), às 18h30, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

A Boitempo Editorial, junto com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e o Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO), promovem, no dia 13 de dezembro (segunda-feira), a partir das 18h30, a conferência de lançamento do livro A potência plebeia - Ação coletiva e identidades indígenas, operárias e populares na Bolívia, de Alvaro García Linera. Coletânea de seis ensaios produzidos em diferentes épocas, o livro reúne, pela primeira vez em português, importantes momentos da produção intelectual do vice-presidente. O evento, que terá apresentação do sociólogo Emir Sader, e acontece no Auditório 11 da UERJ (Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã), Rio de Janeiro (RJ).

Na ocasião, também será lançada a revista Margem Esquerda, edição nº 15, com destaque para as ilustrações de Regina Silveira e a entrevista com José Saramago (morto em junho deste ano) feita por Ivana Jinkings, em 1992. Na época, o escritor lançava o livro O Evangelho segundo Jesus Cristo. Artigos de Michael Löwy, Alvaro García Linera, Nicolas Tertulian, entre outros, completam a edição.

Além de vice-presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, dirigido por Evo Morales, Álvaro García Linera é um dos mais destacados intelectuais de seu país e do continente. Com longa trajetória de militância e elaboração teórica, García Linera sempre primou pela busca de um marxismo adaptado à realidade concreta boliviana e sul-americana, conciliando o pensamento materialista dialético clássico com uma série de influências indígenas e de outras matrizes do pensamento social.

Segundo o jornalista Pablo Stefanoni, organizador e autor do prefácio da obra, a trajetória do agora vice-presidente o coloca no papel de "intérprete do complexo processo político e social iniciado em 22 de janeiro de 2006, após o primeiro indígena chegar à presidência desta nação andino-amazônica, onde 62% dos habitantes se autoidentificam como parte de um povo originário, em sua maioria quéchua e aimará".

Atraído pela questão indígena por conta da guerrilha guatemalteca, García Linera jamais abandonou esse interesse nas diferentes fases de suas concepções políticas, buscando apoio no marxismo para melhor formular a proposição de um "governo-índio". Ainda segundo Stefanoni, "dedicou centenas de páginas a esquadrinhar Marx, Engels e Lenin para encontrar respostas ao problema nacional - ou comunitário-camponês". Esses estudos puderam ser amplamente desenvolvidos no período em que esteve preso, por conta de sua participação em movimentos guerrilheiros.

Diferentemente de outros processos políticos latino-americanos, na Bolívia a chegada ao poder de um setor popular ocorreu escorada em fortes mobilizações sociais, sustentada por um partido político que se apresenta apenas como instrumento desses movimentos sociais. Como expresso no próprio conceito de práxis política, Álvaro García Linera sempre refletiu sobre tais conjunturas ao mesmo tempo que militava dentro delas. Pouco antes de assumir a vice-presidência, declarou: "é muito bonito conseguir essa combinação: um nível de especificidade inacessível para o pesquisador externo e um nível de generalidade e visão global imprescindível para te orientar em termos mais sistêmicos. Para isso se dirige meu esforço".

Trecho da obra - Apenas quando sai em rebelião a comunidade é capaz de invalidar, na prática, a fragmentação por meio da qual vem sendo condenada a se debilitar até hoje, reabilitando assim os parâmetros comunais da vida cotidiana como ponto de partida expansivo de uma nova ordem social autônoma. Isso significa que é nesses momentos que o mundo comunal-indígena deseja a si mesmo como origem e finalidade de todo poder, de toda identidade e todo porvir que lhe compete; seus atos são a enunciação tácita de uma ordem social que não reconhece nenhum tipo de autoridade alheia ou exterior à própria autodeterminação em marcha. Essa maneira protagônica de construir o porvir comum que reivindica, ao mesmo tempo, uma distinta figura social-natural da reprodução social (autodeterminação nacional-indígena) e transita pela refundação da existência em coalizão pactada com a plebe urbana (o nacional-popular) exige que indaguemos sobre as distintas formas da constituição nacional das sociedades. O moderno Estado nacional é, em relação a essas opções, apenas uma particularidade suplantadora e tirânica dessas energias.

O autor - Álvaro García Linera, vice-presidente da Bolívia desde 2006, é matemático, sociólogo, estudioso dos movimentos sociais e da "esquerda indígena" boliviana e professor titular de sociologia e ciências políticas da Universidad Mayor de San Andrés, La Paz. Integra o grupo Comuna, responsável pela teorização do governo de Evo Morales. Recebeu o prêmio Agustín Cueva 2004, da Escuela de Sociología e Ciencias Políticas de La Universidad Central del Ecuador. É autor de vários livros, dentre os quais destacamos Sociología de los movimientos sociales en Bolivia (La Paz, Oxfam/Diakonía, 2004).

Título: A Potência plebeia | Subtítulo: ação coletiva e identidades indígenas, operárias e populares na Bolívia | Autor: Álvaro García Linera | Tradução: Mouzar Benedito e Igor Ojeda | Organização e prefácio: Pablo Stefanoni | Orelha: Emir Sader | 352 Páginas | Preço: R$ 44,00 | ISBN: 978-85-7559-153-6 | Editora: Boitempo Editorial.

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