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08/12/2010 - 10:41

Religião além da raça


A colonização trouxe para o Brasil uma grande mistura de raças. Característica permanente à população brasileira até os dias de hoje. Toda essa pluriétnica deu origem ao mito de que em terras brasileiras não existe preconceitos raciais, já que fora formada uma máscara ideológica que supõe que exista aqui uma democracia racial. As religiões afro-brasileiras, que segundo pesquisas realizadas pelo IBGE, somam cerca de 430 mil adeptos somente na Umbanda e no Candomblé, suas principais manifestações trazidas pelos negros escravizados. Estas têm sido bastante usadas na comprovação dessa ideologia estabelecida, se tornado parte pertencente à supremacia branca.

O advento da colonização trouxe para o Brasil aproximadamente quatro milhões de negros africanos que foram trazidos para o país como escravos. A utilização da mão-de-obra escrava estabeleceu um amplo leque de novidades em nosso cenário religioso. Isso porque com o objetivo de não perder suas raízes étnicas os negros se agarraram aos seus costumes adaptando seus protetores religiosos aos santos católicos devido à forte repressão que sofriam por parte de seus colonizadores. Oxum, por exemplo, se tornou Nossa senhora da Conceição e o guerreiro Ogum pegou emprestada a identidade com São Jorge.

O choque de culturas e doutrinas sofrido nessa época estabeleceu o Brasil como um país bastante diversificado no que diz respeito as religiões, sendo então caracterizado pelo sincretismo, que é esta fusão de diferentes doutrinas. Dentro deste novo contexto surgem novas religiões que buscam aspectos de várias outras para então se estabelecerem. Este é o caso da Umbanda e do Candomblé, religiões afro-brasileiras com forte penetração no país, principalmente nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. A primeira considera o universo povoado de entidades espirituais, os guias, que entram em contato com os homens por intermédio de iniciados, que os incorpora. Enquanto o Candomblé cultua os orixás, deuses das nações africanas de língua ioruba dotados de sentimentos humanos como ciúme e vaidade.

Com o tempo, passou a haver então uma desafricanização dos discursos religiosos, bem como da Umbanda, processo esse que trouxe consigo certo preconceito contra a população negra brasileira. É fácil perceber este crescimento a partir da observação do fato de que na Umbanda os orixás afro-brasileiros foram marginalizados e tem menos importância que no Candomblé, em que todas as cerimônias estão centradas neles, que são incorporados pelos filhos-de-santo. A explicação para a ação pode estar no ajustamento realizado pela Umbanda aos vários grupos étnicos do Brasil, originando um processo de embranquecimento, que tornou o afro-brasileiro em apenas brasileiro.

O maior desafio enfrentado pelas religiões afro-brasileiras são os diversos sentidos que elas tomaram dentro da sociedade intercultural do Brasil, mais especificamente do sudeste. Justifico meu pensamento com base nas questões de raça marcadas por complexidades desencontradas e as ambiguidades escondidas neste processo de desafricanização. No entanto vale ressaltar que preto e branco são apenas cores e negro ou caucasiano são raças. Sendo assim não importa a religião a ser seguida nem a origem de quem a segue, porque Deus é o bem e é este bem o que verdadeiramente importa. Não importa o nome que ele tenha, ele sempre está olhando por nós.

. Por: Wellington Nunes é consultor espiritual e apresentador do programa “No Templo dos Orixás”, exibido aos sábados, de 15 às 16h, no canal 6 da Net. Informações: [email protected]

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