No Footeon, Ronaldo critica gramados, calendário e diz estar de saco cheio do futebol

Ídolo nacional, Ronaldo era a figura mais aguardada no segundo e último dia de Footecon, principal evento da indústria do futebol no país, no dia 08 de dezembro (quarta-feira). Convidado a participar, ao lado de Carlos Alberto Parreira, Junior e Carlos Alberto Torres, como palestrante no painel que discutiria as tendências apontadas na Copa do Mundo da África do Sul, o Fenômeno aproveitou para chamar atenção quanto a falta de profissionalismo que encontrou em sua volta ao país.

“Não gosto de falar de futebol, não gosto de ver jogo na TV, mas futebol é minha paixão. Estou falando e respirando isso há 16 anos e estou um pouco de saco cheio, mas logicamente em uma ocasião como essa é importante debater. É minha classe, minha vida e temos que debater para sempre melhorar o futebol”, disse o Fenômeno.

Para Ronaldo, o Brasil precisa mudar com urgência a questão dos gramados. Segundo o atacante, na África do Sul todos os estádios padronizaram o tipo de grama, enquanto aqui cada um adota um tipo. “Lá fora você sabe o que vai acontecer com a bola quando chuta, diferente daqui. No Parque São Jorge, por exemplo, eram oito tipos de grama em um gramado só. Para quem não joga isso parece uma bobagem, mas para o jogador profissional isso é importante”, afirmou.

Mário Kaneshi, diretor de marketing da Itograss, uma das empresas expositoras do Footecon especializadas em gramados, reforçou a posição do atacante. “O que o Ronaldo falou, procede. Os estádios brasileiros têm todas as condições de ter o melhor tipo de gramado do mundo, um padrão europeu. Os clubes é que precisam contratar as empresas corretas”, explicou.

O Fenômeno também destacou o calendário nacional, na sua opinião, muito longo. “São muitos jogos. Em 2010, nós jogamos mais de 70 jogos, seis a mais do que o Barcelona. Em outros países da Europa, os jogos são bem divididos. Os clubes jogam quarta e domingo durante três meses e depois passam a atuar uma vez por semana. O calendário prejudica o rendimento dos atletas. Vejo o Campeonato Paulista como um exagero. São 19 jogos e mais seis para se conhecer o campeão. O Brasileirão eu deixaria do jeito que está. Só tentaria melhorar a escala de jogos”, falou.

Ronaldo garantiu sua presença na disputa da pré-Libertadores. “Claro que vou jogar a Pré-Libertadores, é a nossa final. E também vou começar a pré-temporada normalmente com o restante dos meus companheiros”, garantiu.

Copa do Mundo -No painel que discutiu as tendências da última Copa do Mundo, Ronaldo disse que o que mais o surpreendeu foi a evolução do campeonato. “Foi uma Copa de bom nível, com seleções bem preparadas. Lembro do contra-ataque da Alemanha e é nítida a evolução na preparação física dos atletas e nas distâncias percorridas. Cada jogador deu cerca de 70 piques, isso me chamou a atenção”, afirmou. Para o jogador, não participar de uma Copa do Mundo foi uma novidade um pouco triste. “Mas também não foi ruim porque estava em Ibiza descansando”, brincou.

A realização do Footecon é da Football Sports Venture (FSV), empresa parceira do técnico tetracampeão Carlos Alberto Parreira, e da Fagga Eventos, empresa do grupo GL events Brasil.