PIC Novos Formatos debate novos modelos de negócios

Raja Khanna, da GlassBOX, e Benjamin White, consultor em entretenimento, abordaram o novo cenário de mídia

Raja Khanna, co-CEO da GlassBOX Television Inc, inaugurou o terceiro dia de palestras do Programa Internacional de Capacitação (PIC) Novos Formatos, que acontece essa semana em São Paulo. O evento, realizado pelo Brazilian TV Producers, reúne 50 produtores selecionados com sete especialistas internacionais para realização de workshops gratuitos.

Para Raja, por mais que a televisão esteja sendo "atacada" pelas outras mídias, ela continua sendo o formato mais disseminado, tornando essencial trabalhar produções voltadas para ela. "Pesquisas mostram que nos Estados Unidos, os jovens - entre 18 e 35 anos - assistem 100 horas por mês de programas televisivos, e acredito que esse número seja ainda mais alto no Brasil", explica.

Como exemplos de acontecimentos que vêm enfraquecendo a televisão e, consequentemente, sua receita publicitária, o executivo citou a grande fragmentação dos canais - hoje o telespectador norte-americano tem a seu dispor mais de 500 canais -, e as novas formas de assistir filmes, como o Netflix, que permite a visualização online de filmes por mensalidades baixíssimas. "Nós temos que evoluir", afirma.

O especialista foi seguido por Benjamin White, consultor em mídia e entretenimento, que apresentou diferentes modelos de negócios feitos pela MTV, na época em que ele era vice-presidente de mídia digital da companhia. Um dos modelos de grande sucesso foi adotado pelo canal para o reality show "Jersey Shore", onde a mídia tradicional (programa de TV) estendeu-se para formatos digitais. Além de ser transmitida pelo canal em diversos países, ela disponibiliza no site episódios completos e after shows, que entram no site do canal após o programa ser transmitido na TV e faz pequenos talk shows com os personagens, e ainda possui diferentes aplicativos para celulares, vídeos virais e jogos para redes sociais.

Outro modelo apresentado pelo especialista foi o caminho inverso, com a mídia digital estendendo para mídia tradicional. Para ilustrar, Benjamin apresentou o Universal Record Database (URDB). O site começou compilando vídeos caseiros de pessoas comuns quebrando recordes, e acabou sendo patrocinado por diferentes empresas que integram a temática do vídeo com suas marcas. Exemplos são recordes como "pessoas que comem maior quantidade de M&Ms" ou "quantas pessoas cabem em um carro da Ford". O site também possui aplicativos móveis, sempre focados em conteúdo gerado pelo usuário.

A segunda parte do dia ficou reservada para conversas individuais entre os 50 produtores selecionados e os sete especialistas internacionais para consultas e aprimoramentos dos projetos.

Brazilian TV Producers – BTVP - O BTVP foi criado em 2004 com o objetivo de promover o conteúdo audiovisual independente no mercado internacional. O programa viabiliza parcerias entre empresas brasileiras e estrangeiras (por meio de coproduções, vendas e pré-vendas para canais de TV, internet, telefonia celular e novas mídias). O Brasil hoje é considerado um importante mercado e integra o plano de negócios de coprodução de inúmeras TVs e produtoras internacionais. A gestão do BTVP é feita por um Comitê em que a ABPI-TV, SAv/MinC, Apex-Brasil e agora a EBC/TV Brasil são parceiros estratégicos e financeiros e o MRE (Ministério das Relações Exteriores), Ancine (Agência Nacional de Cinema) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) são apoiadores.