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14/12/2010 - 08:59

Epidemias Severas da Ferrugem Polissora do Milho na Região Sul do Brasil na safra 2009/2010

A Ferrugem Polissora, causada pelo fungo Puccinia polysora Underw, é considerada uma das principais doenças da cultura do milho no Brasil. Sob condições ambientais favoráveis, temperatura entre 23 e 28 oC e elevada umidade relativa do ar (Casela e Ferreira, 2002), essa doença é capaz de reduzir em mais de 50% a produtividade da cultura (Von Pinho, 1998). Os danos causados por esse mal incluem redução da área foliar, redução do vigor e do peso dos grãos, senescência precoce e acamamento de plantas. Os teliósporos, que são raros na natureza, e os uredionósporos do patógeno são considerados inóculos primário e secundário da doença. Não existem ou não são conhecidos hospedeiros alternativos de P. polysora (Pataky, 2000). A formação de pústulas circulares a ovais, de coloração marron-clara, distribuídas, predominante, na face superior das folhas, constituem os sintomas típicos da Ferrugem Polissora. As principais medidas recomendadas para o manejo desta doença compreendem o uso de cultivares resistentes, a escolha da época mais adequada para o plantio, de modo a se evitar que os períodos de maior pressão desse mal coincidam com os estádios de desenvolvimento em que a planta é mais suscetível à ocorrência dele, bem como a aplicação de fungicidas, quando em situações de elevada pressão da doença e na presença de cultivares suscetíveis (Costa et al., 2009).

Historicamente, a Ferrugem Polissora tem sido considerada uma doença importante apenas em regiões onde o milho é cultivado em altitudes inferiores a 700 m e com predominância de elevadas temperaturas e umidade relativa do ar. Severas epidemias têm sido detectadas em toda a região Centro-Oeste do Brasil, noroeste de Minas Gerais, São Paulo e parte do Paraná (Casela, 2006). Hamada et al.(2009), através da análise de mapas de favorabilidade climática, concluíram que as áreas mais propícias para a ocorrência de severas epidemias da Ferrugem Polissora, considerando-se apenas as principais regiões produtoras de milho, localizam-se no norte e no centro dos estados do Mato Grosso e Tocantins, no noroeste de Minas Gerais, no sul de Mato Grosso do Sul e em áreas litorâneas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. As principais regiões produtoras de milho dos estados da região Sul não têm sido consideradas como propícias à ocorrência da Ferrugem Polissora e, de fato, historicamente, severas epidemias desta doença não têm sido relatadas nestas regiões.

Entretanto, na safra 2009/2010, a Ferrugem Polissora foi detectada em severas epidemias em diversas regiões produtoras de milho nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, causando prejuízos aos produtores e requerendo, em varias situações, a aplicação de fungicidas para o seu controle.

Os resultados das avaliações do Ensaio Nacional de Cultivares de Milho realizados nestas regiões durante a última safra ilustram bem a importância das epidemias de Ferrugem Polissora nestas localidades (Figuras 1, 2, 3, 4 e 5). Algumas das cultivares tradicionalmente plantados nestas regiões apresentaram elevada suscetibilidade à Ferrugem Polissora. Nas Figuras 6 e 7, são apresentados os resultados das avaliações da doença nos municípios de Londrina – PR e Passo Fundo – RS. As avaliações da doença foram realizadas utilizando-se uma escala de notas variando de 1 a 5, em que a nota 1 representa a ausência da doença e a nota 5 representa mais de 75% de severidade nas folhas. Em Londrina, devido a sua localização ao norte do Estado do Paraná, o Ensaio Nacional foi composto de cultivares recomendadas para a região Centro-Oeste do país, enquanto que em Passo Fundo foram utilizadas cultivares recomendadas para a região Sul. As avaliações de severidade da Ferrugem Polissora (safra 2009/2010) foram realizadas no período de 8 a 11/03/2010.

A nota média de severidade da Ferrugem Polissora em Londrina e em Passo Fundo foi de 3,7 e 3,1, respectivamente. As notas de severidade variaram de 2,0 a 5,0 em Londrina e de 1,5 a 5,0 em Passo Fundo. Quatro cultivares receberam nota máxima de severidade da Ferrugem Polissora (5,0) em Londrina, e duas receberam a mesma nota em Passo Fundo (Figuras 6 e 7). No Ensaio realizado em Londrina, 27% das cultivares receberam notas de severidade inferiores ou iguais a 3,0 e 57% receberam notas superiores a 4,0 (Figura 08). Em Passo Fundo, 47% dos cultivares apresentaram notas inferiores a 3,0 e 17% apresentaram notas superiores a 4,0 (Figura 09). Esses resultados demonstraram a elevada severidade da Ferrugem Polissora nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul durante a última safra, bem como a elevada suscetibilidade das cultivares recomendadas para esta região. Por outro lado, boas fontes de resistência à doença também foram detectadas nas avaliações das cultivares no Ensaio Nacional (Figura 10).

As severas epidemias de Ferrugem Polissora ocorridas nos estados da região Sul, na safra 2009/2010, principalmente no Rio Grande do Sul, onde a presença da doença era menos frequente, evidenciam o potencial de perdas dessa doença em anos cujas condições climáticas favorecem o desenvolvimento dela, mesmo em regiões de altitudes superiores a 700 m, e também a importância de se estabelecer medidas de manejo para esta doença nestas regiões. Uma análise das condições climáticas predominantes no período de desenvolvimento das plantas na safra 2009/2010 é importante para se conhecer quais fatores foram determinantes para a ocorrência das epidemias e para auxiliar na previsão de epidemias futuras. O desenvolvimento de cultivares resistentes à Ferrugem Polissora, adaptadas à região Sul, é, provavelmente, a mais importante estratégia a ser adotada para o manejo desta doença. Outra alternativa é o uso de fungicidas, recomendado em situações de elevada pressão da doença e na presença de cultivares suscetíveis. Referências Bibliográficas

Casela, C. R. & Ferreira, A. S. Variability in isolates of Puccinia polysora in Brazil. Fitopatologia Brasileira 27: 414-416. 2002. | Casela, C. R.; Ferreira, A. S.; Pinto, N. F. J. A. Doenças na cultura do milho. Sete Lagoas, MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2006. 14 p. (Circular Técnica, 83). On-line. Disponível em: . Acesso em: 11 de Outubro. 2010.

Costa, R.V.; Cota, L.V.; Casela, C.R. Doenças In: Sistema de produção de milho. 5° Ed./Set. 2009. Disponível em: Http://www.cnpms.embrapa.br/publicacoes/milho_5_ed/doencas.htm. Acessado 20/10/2010.

Hamada, E.; Ghini, R.; Lana, J.T.O.; Oliveira, E. Aplicação de sistemas de informações geográficas na análise espacial de doenças do milho no Brasil. In: Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 3883-3889.

Pataky, J.K. Rusts. In: White, D.G. (Editor), Compendium of Corn Diseases (Third Edition). St. Paul.: American Phytopathological Society. Pp. 35 - 38. 2000.

White, D.G. Compendium of Corn Diseases. 3. Ed. St. Paul. The American Phytopathological Society Press. 1999.

Von Pinho, R.G. Metodologia de avaliação, quantificação de danos e controle genético da resistência a Puccinia polysora Underw. e Physopella zeae (Mains) Cummins e Ramachar na cultura do milho. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Lavras. 1998.

Figura 01. Severa epidemia de Ferrugem Polissora em cultivares de milho em Passo fundo – RS, safra 2009/2010.

Figura 02. Seca precoce de plantas devido à Ferrugem Polissora, em Passo Fundo – RS, safra 2009/2010.

Figura 03. Planta apresentando sintomas severos de Ferrugem Polissora nas folhas superiores. Passo Fundo - RS, safra 2009/2010.

Figura 04. Detalhe de uma folha da parte superior da planta apresentando elevada severidade de Ferrugem Polissora, em Passo Fundo - RS, safra 2009/2010.

Figura 05. Detalhe dos sintomas da Ferrugem Polissora na bainha e na casca da espiga de plantas de milho, em Passo Fundo - RS, safra 2009/2010.

Figura 06. Nota de severidade da Ferrugem Polissora em 49 cultivares de milho do Ensaio Nacional de Cultivares conduzido em Londrina – PR. Escala de notas variando de 1 (ausência da doença) a 5 (> 75% de severidade da doença nas folhas).

Figura 07. Nota de severidade da Ferrugem Polissora em 36 cultivares de milho do Ensaio Nacional de Cultivares conduzido em Passo Fundo - RS. Escala de notas variando de 1 (ausência da doença) a 5 (> 75% de severidade da doença nas folhas).

Figura 08. Distribuição percentual das notas de severidade da Ferrugem Polissora em 49 cultivares de milho do Ensaio Nacional de Cultivares conduzido em Londrina – PR. Safra 2009/2010.

Figura 09. Distribuição percentual das notas de severidade da Ferrugem Polissora em 36 cultivares de milho do Ensaio Nacional de Cultivares conduzido em Passo Fundo – RS, safra 2009/2010.

Figura 10. Comparação da resistência de cultivares à Ferrugem Polissora em Passo Fundo – RS, safra 2009/2010. A - Cultivar resistente; B – Cultivar suscetível.

. Por: Rodrigo Véras da Costa, Eng. Agr., Fitopatologia da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG | Luciano Viana Cota, Eng. Agr., Fitopatologia da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG | Dagma Dionisia da Silva, Pós-doutoranda de Fitopatologia, Fapemig/Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG | Douglas Ferreira Parreira, Doutorando em Fitopatologia, Universidade Federal de Viçosa – MG | Leonardo Melo Pereira da Rocha, Eng. Agr., Área de Negócios Tecnológicos. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG | Lauro José Moreira Guimarães, Eng. Agr., Melhoramento Genético. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG | Paulo Evaristo Guimarães, Eng. Agr., Melhoramento Genético. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG | Sidney Netto Parentoni, Eng. Agr., Melhoramento Genético. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas – MG | Jane Rodrigues de Assis Machado, Eng. Agr., Melhoramento Genético. Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas - MG

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