Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

11/07/2007 - 09:01

Não basta ser empreendedor, é preciso ter tempo para a empresa crescer

Costumo ouvir de várias pessoas que sonham em ter seu próprio negócio, que esse seria o único caminho para ter aquela vida tão sonhada de trabalho, com tempo para família, lazer, esporte e passeios. Aquela cena de filme do empresário bem sucedido à beira da praia, bebendo com os amigos e contabilizando seus lucros.

Com certeza, essa é uma cena que está longe da maior parte dos empreendedores e o mito do tempo livre é apenas mais uma lenda do mundo corporativo.

Trabalho com muitos empreendedores em treinamentos e palestras, e na verdade o que acaba acontecendo é a reclamação generalizada de falta de tempo, de jornadas de trabalho superiores a 12 horas diárias (incluindo finais de semana), de poucos resultados e de stress. Nesse tornado de sentimentos, ainda temos a ansiedade, que é gerada pelos tão esperados resultados, a cobrança da família pelo afastamento e pressões de funcionários, parceiros, sócios para os negócios acelerarem.

Uma causa comum desses problemas é um processo invisível e silencioso que acontece no começo de muitos negócios. Chamo esse fenômeno de “Síndrome da Fusão”: onde a vida pessoal se une com a vida empresarial. Empresa e vida pessoal se transformam em uma única coisa e nesse momento, começam a aparecer muitos problemas. Um sintoma clássico dessa síndrome é quando o pró-labore se mistura ao caixa da empresa. Outro sintoma é marcar reuniões com freqüência aos sábados, domingos ou após o expediente. Existem muitos sintomas da síndrome da fusão. O caso se torna grave quando o empreendedor acha que essas ações estão certas!

Esse é o momento que o empreendedor descobre que ele na verdade é o pior tipo de patrão: o patrão de si próprio. Um patrão exigente, que cobra por resultados, não tem superiores para pedir folga e que tem de trabalhar o máximo possível para a empresa crescer, mantendo todas as pessoas que agora dependem dele. O estresse toma conta, a ansiedade aumenta, os papéis se misturam, os problemas crescem e a empresa começa a quebrar. Muitas vezes o próprio empreendedor não consegue enxergar esse cenário, e só toma consciência da situação quando já é tarde demais. É fundamental que os papéis estejam separados e que apareçam dois papéis essenciais para o negócio: o técnico e o empreendedor.

No Brasil, o empreendedorismo por necessidade é muito freqüente, a pessoa é demitida do seu trabalho e pela falta de oportunidades no mercado, acaba utilizando seu conhecimento técnico acumulado para abrir seu negócio, geralmente no segmento que tem mais experiência. O empreendedor por oportunidade, aquele que abre sua empresa em função de uma excelente oportunidade de negócio que surgiu, também absorve esses papéis, apesar de nesse caso o papel empreendedor ser em geral predominante.

O papel de técnico é o executor, que tem o conhecimento técnico acumulado para criar e desenvolver os produtos e serviços da empresa, seu pensamento é o agora e a visão focada no seu ambiente de operação. O papel empreendedor é aquele que busca oportunidades, planeja o negócio a longo prazo, investe no desenvolvimento de estratégias, tem visão e sonhos para a empresa.

O problema para a maioria dos empreendedores é que o papel de técnico acaba tomando controle da vida e da empresa. Esse é um grande perigo. O técnico como todo executor, gosta de acumular o máximo possível de responsabilidades, pois tem como conceito que devido ao seu conhecimento e experiência é a pessoa ideal para fazer o trabalho bem feito. Essa atitude acaba tomando um tempo precioso do empreendedor que se vê absorvido pelo dia-a-dia operacional do negócio e não consegue ter tempo para que o papel de empreendedor apareça.

A parte mais difícil nessa história é fazer o empreendedor entender esse conceito. Tenho uma empresa de tecnologia há 11 anos, e por amor e formação fui técnico por mais uma década. Quando me dei conta que precisava parar de trabalhar no negócio para começar a empreendê-lo de verdade, as coisas começaram a mudar, a empresa a crescer e comecei a ter mais tempo livre.

O papel do técnico é de grande importância para a empresa, mas ele pode e deve ser delegado. Se o empreendedor tiver de ser técnico na empresa, então ele precisa de um sócio empreendedor ou voltar a ser funcionário. Caso contrário ele será escravo do próprio negócio para sempre.

A solução existe no equilíbrio desses papéis e afastando a Síndrome da Fusão. Hoje fico feliz quando olho no meu software de planejamento e vejo que meu gráfico de papéis da semana traz o papel de empreendedor bem maior que o papel de técnico. Na semana, tenho atividades técnicas, mas a maioria está voltada ao planejamento, estratégia e crescimento da empresa. O meu lado técnico aprendeu que outras pessoas poderiam fazer o trabalho, e ser bom do mesmo jeito.

Quando olhamos a empresa pelo papel empreendedor, ela é vista como uma forma de negócio que deve crescer para atingir os objetivos pessoais e não comprometê-los. A empresa não é sua vida e sua vida não é a empresa. Nesse conceito, o empreendedor se foca para a empresa crescer cada vez mais, dependendo cada vez menos dele.

Um excelente começo para deixar o papel de empreendedor aflorar é dedicar algumas horas por semana para isso. Talvez para o lado técnico, ele diga que é “impossível se afastar 1h da empresa”, mas quanto mais o empreendedor aparecer, menos o técnico ficará dando desculpas, pois ele será domado com planejamento, estratégia e delegação.

Minha sugestão é que você tire um ½ período por semana para se dedicar ao planejamento do seu negócio. Se possível se afaste do escritório para evitar ser interrompido. Você quer ter uma empresa lucrativa e que funcione bem, mas para isso é preciso dar tempo ao seu empreendedor!

. Por: Christian Barbosa - especialista em produtividade pessoal e empresarial. Conferencista, empreendedor, sócio da POPCOM Blue Eagle, agência interativa para Internet da maior holding de comunicação da América Latina. Diretor Executivo da Tríade do Tempo, empresa especializada em gestão de tempo e produtividade. Master Practtioner em Programação Neurolinguística. Facilitador do programa de empreendedores do Sebrae/Onu - Empretec. Facilitador da FranklinCovey Brasil. Autor do livro A Tríade do Tempo - A Evolução da Produtividade Pessoal, pela Editora Campus. Suas metodologias e teorias sobre produtividade ganharam grande destaque e importância nacional e internacional devido inovações e soluções diferenciadas. www.triadedotempo.com.br e www.christianbarbosa.com.br

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira