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12/07/2007 - 07:51

Brasileiro cria esfíncter artificial e se classifica para a final do prêmio de até €1 milhão

Projeto do médico bioengenheiro Josuê de Paula está entre as seis propostas finalistas, que serão apresentadas em Paris, no próximo dia 7 de setembro.

A Altran – empresa líder no mercado europeu de Consultoria em Tecnologia e Inovação, que fatura cerca de US$ 2 bilhões ao ano – acaba de anunciar os seis projetos que participarão da grande final na disputa pelo prêmio de até €1 milhão da Fundação Altran. Agora, permanecem apenas um brasileiro e cinco franceses, criadores das melhores propostas baseadas no tema “Mending the Human Body Through Technological Innovation”.

De acordo com Patrick Dauga, presidente da Altran do Brasil, a escolha dos finalistas não foi nada fácil, pois há projetos extremamente inovadores. “A área da saúde requer inovação contínua e é preciso investir em projetos. Só assim a ciência manterá a evolução necessária para possilitar a reabilitação humana de forma cada vez mais abrangente”, completa Dauga.

Colostomia e reabilitação humana - Há vários anos, Josuê Bruginski de Paula estuda possibilidades que auxiliem a reabilitação humana. Graduado em Medicina, pela Universidade Federal do Paraná, de Paula tem mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica, pela UNICAMP. Atualmente, é professor da PUC do Paraná e mantém uma intensa dedicação às suas pesquisas.

O projeto que de Paula inscreveu na 10ª edição do Prêmio da Fundação Altran está baseado na dificuldade de adaptação de pacientes colostomizados. O bioengenheiro explica que a colostomia é um procedimento cirúrgico utilizado em pacientes que precisam extrair, total ou parcialmente, o intestino e o reto. Com isso, a parte preservada do intestino é conectada a um novo orifício na pele. Ou seja, este pacientes perdem o controle sobre a eliminação das fezes e o intestino é desviado para uma abertura (estoma) no abdômem. Nestes casos, o recolhimento das fezes é feito com o uso de uma bolsa plástica própria, aplicada diretamente no abdômen.

Para colaborar com estes pacientes, de Paula desenvolveu um esfíncter artificial que facilitará o retorno dessas pessoas às atividades sociais. Segundo ele, há bolsas de colostomia com diversos sistemas de fixação, tamanhos e modelos, incluindo alguns até com filtros de odores e material biodegradável. Mas a adaptação do paciente depende de vários fatores e, por melhor que sejam os acessórios disponíveis, sempre há possibilidade de vazamentos e outros acidentes constrangedores.

Em 1997, um levantamento realizado pela Associação Internacional dos Ostomizados (IOA) indicava mais de 2,3 milhões colostomizados no mundo, número que representa apenas pacientes registrados em alguma entidade de apoio. São diversos os fatores que geram a necessidade desta cirurgia, como malformações, acidentes, vítimas de violência, doenças do aparelho digestivo, câncer etc. Mas o número exato de colostomizados é desconhecido. Mesmo porque, em muitos casos, o problema se torna segredo de família, justamente para evitar contrangimentos ao paciente.

Projeto AICO II - O esfíncter artificial: Em 1990, de Paula iniciou um estudo sobre a construção um esfíncter artificial para colostomias. Assim, baseado em pesquisas sobre o mecanismo do esfíncter anal com simulações em laboratório, de Paula desenvolveu seu primeiro protótipo, o AICO I (Active Implantable Colostomy Occluder), que substitui o principal músculo do esfíncter por uma fita fixada ao redor do intestino que é puxada por um minimotor elétrico. Considerando a necessidade de criar um sistema leve, compacto e implantável sob a pele, o AICO I é revestido com silicone, tem formato triangular e pesa 194 gramas. Nos testes, o aparelho foi capaz de fechar suavemente sobre o intestino, como um laço, e reter ar em pressões superiores às do intestino.

Agora, em 2007, o projeto proposto por de Paula à Fundação Altran é a construção de outro protótipo para testes, o AICO II. De acordo com de Paula, é preciso aprimorar o equipamento com algumas modificações na tecnologia e no desenho. Uma significativa redução de tamanho e peso, aliada ao uso de um controle remoto, facilitará a implantação e permitirá que o paciente abra e feche o esfíncter no momento conveniente. Com melhorias e testes com resultados positivos, o AICO II poderá ser industrializado e liberado para uso. A idéia é que o paciente possa permanecer por até oito horas sem a necessidade de eliminar fezes, o que facilitará ainda mais a reintegração social.

Etapa final: No próximo dia 7 de setembro, o presidente do júri, Pierre Tambourin (CEO da Genopole®), reunirá, em Paris, 15 especialistas internacionais e independentes, ligados à pesquisa científica, biologia, medicina e engenharia. No ocasião, os seis finalistas farão a apresentação oral de seus projetos à comissão julgadora. Com base em tais apresentações, os jurados definirão o vencedor. No dia 1° de outubro, o projeto vencedor será anunciado durante uma cerimônia organizada pela Fundação Altran, também em Paris.

Prêmio de até € 1 milhão: Criado em 1997, com o objetivo de incentivar idéias inovadoras em busca de soluções práticas para amenizar os problemas do mundo moderno, o Prêmio Fundação Altran é realizado anualmente e oferece prêmio de até um milhão de euros, destinado integralmente ao projeto vencedor.

De acordo com Dauga, o prêmio é convertido em consultoria, incluindo todas as áreas de competência da Altran em pesquisa e inovação, desde o gerenciamento até o design e a industrialização do projeto vencedor. “A Altran é a incubadora do projeto vencedor”, completa.

Dez anos de Fundação Altran: A Fundação Altran tem premiado inovações tecnológicas que colaboram com o benefício da sociedade. Um novo tema é abordado a cada ano, abrangendo categorias variadas que envolvem as competências da Altran nas mais diversas áreas de pesquisa e inovação científica. Ao longo de dez anos, os vencedores de cada tema distinto tiveram total apoio técnico e especializado da Altran. “Várias empresas nasceram a partir de projetos vencedores que, após um ano de consultoria Altran, decolaram em seus segmentos e mantêm sucesso até hoje”, comemora Dauga.

Fundada em 1982 na França, a Altran é líder no mercado europeu de Consultoria em Tecnologia e Inovação, destacando-se no setor como um dos maiores do mundo. A Altran emprega mais de 17 mil colaboradores e mantém operações em 20 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília), China, Coréia, Espanha, EUA, França, Holanda, Inglaterra, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, México Portugal, Suécia, Suíça e Venezuela. Ao todo, a companhia reúne 180 subsidiárias.

Em 2006, o grupo faturou cerca de US$ 2 bilhões. Entre as empresas que compõem o grupo Altran, destacam-se Arthur D.Little, Cambridge Consultants, Hilson Moran, Control Solutions, Media Aerospace, Pr(i)me, DCE Consultants, Praxis, Synetics, SEGIME.

A empresa está presente no Brasil desde 1999, com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, sob o comando de Patrick Dauga, executivo francês com mais de 20 anos de experiência na América Latina, Ásia, Europa e EUA. A Altran do Brasil atua em quatro áreas: consultoria em Inovação e Engenharia (Altran Technologies e Altran TCBR); Consultoria em TI (Altran CIS), Conselho Estratégico (Arthur D.Little) e Comunicação (TDA Comunicação).

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