Conhecimento técnico e oportunidades de negócios

Um dos fatores de competitividade para uma pequena empresa de tecnologia é colocar no mercado um produto ou serviço inovador que consiga agregar valor para o cliente. Além disso, este produto ou serviço para gerar lucratividade precisa ser escalado, isto é, replicado para a maior quantidade de clientes possíveis, considerando uma boa relação entre os seus custos e os benefícios para os clientes. Essa premissa ganha uma proporção maior quando a pequena empresa trabalha com produtos envolvendo software ou Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), devido a seu menor custo de replicação em relação a outros conteúdos tecnológicos.

Um fator dominante para o sucesso de uma pequena empresa de tecnologia é associar a atitude pró-ativa do seu empreendedor com um entendimento de como gerar negócios em um mercado agregador. É fundamental que a ferramenta computacional consiga proporcionar ao cliente uma facilidade na sua gestão de informações e ativos e que permita agregar possíveis serviços de customização e integração de sistemas.

Seguindo estes passos estratégicos, optamos em nossa empresa (Cientistas, de São Carlos/SP) por desenvolver em parceria com a iniciativa privada e do CNPq um sistema baseado em informação geográfica (SIG), envolvendo o Google Maps integrado a um sistema de planejamento de obras para área de energia elétrica. O sistema permite à empresa de energia elétrica importar dados do sistema Anarede utilizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para um ambiente onde se pode realizar ciclos de planejamento de obras com até dez anos de periodicidade.

Isto é, é possível manipular até dez janelas referentes às obras de cada ano simultaneamente e, posteriormente, fazer o cálculo do custo para verificar qual a melhor opção. Além disso, toda a rede de transmissão e os elementos elétricos das obras são exibidos em um mapa georeferenciado, o que facilita a atividade de planejamento. Essa ferramenta é novidade no mercado e irá facilitar o trabalho de todas as empresas de energia do país, que todos os anos precisam reportar à Aneel quais serão seus investimentos em obras para os ciclos da próxima década.

Outro bom exemplo vem da empresa Optimale, de Campo Grande/MS, que utiliza uma tecnologia chamada OpenMonitor para telemetria inteligente com foco no mercado de saneamento e meio ambiente. Eles desenvolveram um sistema para captura de informações advindas de hidrômetros e sensores de vazão que são transmitidas via sinal de celular para uma central e essas informações podem ser analisadas e exibidas em páginas web para tomada de decisão. Esses sistemas podem ser georeferenciados e vários tipos de sensores podem ser conectados ao OpenMonitor. O equipamento também está sendo testado em empresas de gás e de gestão de condomínios para controle e monitoramento de informações e ativos.

São dois belos exemplos de como aliar o conhecimento técnico com as oportunidades de negócios.

.Por: Antonio Valerio Netto é doutor em computação pela USP, com MBA em Marketing pela FUNDACE/FEA-RP/USP. Atualmente é coordenador titular do Núcleo Regional de Inovação do CIESP de São Carlos e região e diretor das empresas Cientistas e XBot.